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Magali Ribeiro - ebook
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Magali Maria de Lima Ribeiro e
OUTROS AUTORES
PROJETO POESIA NA ESCOLA • 1
MAGALI MARIA DE LIMA RIBEIRO e outros autores
Poesia na escola ORGANIZAÇÃO Prof. Gilberto Martins e Profa. Anália Maria
6ª Edição Brodowski - SP
2021
2 • EDITORA PALAVRA É ARTE
EDITORA PALAVRA É ARTE RUA MARIA DO CARMO MACIEL POSSOS, Nº 100A, MÁRIO A F II, BRODOWSKI-SP CEP: 14340-000 ________________________________________ Dados para catalogação RIBEIRO, Magali Maria de Lima
e outros autores Editora Palavra é Arte - Poesia na escola Brodowski, SP - Editora Palavra é Arte, 2021 1. Literatura ISBN: 978-65-88795-24-8 ________________________________________ Projeto Gráfico: Lucy Dolácio Diagramação: Lucas Caxico Capa: Jonathas Levy Contato: [email protected] Telefone: FIXO: 16 3664-0020
PROJETO POESIA NA ESCOLA • 3
A ARTE DA POESIA A arte de compor poesias é algo que vai muito além de nossa imaginação. Enquanto os autores comuns lançam mão de um punhado de palavras, cujo objetivo é muitas vezes preencher apenas algumas páginas, os poetas precisam de algo mais para nos dizer o que querem. Precisam dar cadência aos textos, imaginar o inimaginável, fazer-nos compreender o quase incompreensível. Falam-nos com a alma e o coração, entregam-nos suas vidas, seus sonhos e suas verdades. Os poetas são generosos com seus leitores, pois sempre os presenteiam com seus segredos, com seus amores e muitas vezes com suas dores e angústias. Para os grandes poetas basta um verso, uma oração... uma palavra apenas e tudo será dito. Tudo é possível aos olhos e ao coração daqueles que se dedicam à arte da síntese em se tratando de estrutura e da amplitude no campo dos sentimentos e das ideias. Ao lermos os textos de alguns poetas temos a certeza de que recebemos deles um presente inestimável: parte de suas visões de mundo e de suas experiências como notáveis observadores que são do universo à volta de cada um deles.
Gilberto Martins
4 • EDITORA PALAVRA É ARTE
Dedicatória Agradeço primeiro a Deus, depois ao meu esposo Luíz Alberto, meu filho Luíz Alberto Filho e a minha filha Ana Laís, por serem meu porto seguro e razão de toda a minha vida. Agradeço também ao meu cunhado Mário Carlos, por ser meu grande incentivador nesta área e a todos os meus familiares e amigos, que com sua companhia e alegria, se tornam para mim, fonte de beleza e inspiração. Magali Maria de Lima Ribeiro
PROJETO POESIA NA ESCOLA • 5
6 • EDITORA PALAVRA É ARTE
Sumário Magali Maria de Lima Ribeiro Sopra o vento......................................................................... Eu vou fazer poesia............................................................. Eu nem roubei o rio............................................................ O amor................................................................................... Minha alma é verso..............................................................
15 17 18 19 20
Alessandra Gomes Quatro estações.................................................................... Autorretrato.......................................................................... Recomeços............................................................................. Insônia.................................................................................... Não é sobre amor, apenas....................................................
23 24 25 26 27
Claudemir Evangelista Insignificância....................................................................... 31 Levas....................................................................................... 32 Pedaços................................................................................... 33 PROJETO POESIA NA ESCOLA • 7
Graças.................................................................................... 35 Elaine Cristina Bochete Liberdade! Em versos, prosas, poesias na escola germinar.......................................................................................... Boa tarde............................................................................... História, não, estória........................................................... É difícil não enlouquecer! Enlouquecer o corpo! Enlouquecer a alma!................................................................
39 41 42 43
Renato Rodrigues A alma................................................................................... Ainda somos........................................................................ Texturas.................................................................................. Lâmpadas............................................................................... Existe algo............................................................................ A Última Balada...................................................................
47 48 49 50 51 52
Ana Cleide Ribeiro Amarei sim ................................................................... Sonho de amor.............................................................. Tempo de amar ............................................................ Amar por amar ............................................................. “Outra vez aqui” ..........................................................
55 56 57 58 59
8 • EDITORA PALAVRA É ARTE
Alexandre Márcio Nogueira Família.................................................................................... 63 Velho pescador...................................................................... 64 Náufrago................................................................................ 66 Dayane de Oliveira Menezes A lição do beijo..................................................................... À morte de uma donzela..................................................... À morte de um poeta........................................................... Meia garrafa de uísque......................................................... Do amor não correspondido..............................................
71 72 73 74 75
Clayton Alexandre Zocarato Atravesso o desfiladeiro............................................... “Las nhã(nha)”.............................................................. Desconexo...................................................................... Romanesca..................................................................... Deixa...............................................................................
79 80 81 82 84
Leonir Garcia Alguém e eu.................................................................. 87 Tantas coisas que escrevo e penso.............................. 88 Instrospeção.................................................................. 89 O bosque silencioso...........................................................
Que livros tem lido?....................................................
PROJETO POESIA NA ESCOLA • 9
90 91
Maria Antonieta Amarante Canção da chuva............................................................ Cantiga de saudade ..................................................... O retorno....................................................................... Tempo seco................................................................... Vida.......................................................................................
95 96 97 98 99
Leticia Sales O gato preto................................................................. 103 A ópera prometeica..................................................... 105 Aracnofobia e depressão............................................. 107 Dayse Travessa
Lições para aprendizes!....................................................... Vida de professor................................................................. A palavra peão..................................................................... Quando penso em você..................................................... Amor e sexo.........................................................................
111 112 113 114 115
Giovanna Cristine Somos do universo............................................................... Brincar com fogo................................................................ Ainda me lembro................................................................. Espelho.................................................................................. Insônia...................................................................................
119 120 121 122 123
10 • EDITORA PALAVRA É ARTE
Giullian Monteiro Metamorfose....................................................................... Susto!.................................................................................... Chocolates............................................................................ Armas e flores..................................................................... Flor selvagem / Fogo selvagem...........................................
PROJETO POESIA NA ESCOLA • 11
127 128 129 130 131
12 • EDITORA PALAVRA É ARTE
Toda a poesia – e a canção é uma poesia ajudada – reflete o que a alma não tem. Por isso a canção dos povos tristes é alegre e a canção dos povos alegres é triste. Fernando Pessoa PROJETO POESIA NA ESCOLA • 13
14 • EDITORA PALAVRA É ARTE
SOPRA O VENTO Chega agosto e sopra o vento. Sopra... Sopra... E leva a vida em seu soprar. Tudo se vai, até o tempo. O tempo que se vai com o vento, não pode nunca mais voltar. Lá se vai tudo no vento... Vento que não para de soprar! Passa a vida. Lá se vai uma menina apressada, correndo, correndo, pulando pelos telhados dos edifícios dizendo que não vai ficar. Passa uma mãe, Vai uma sobrinha, Um sobrinho, Anjo doce, um menininho que nem pode chegar! O vento sopra e traz uma lágrima, ela se aninha no fundo do meu olhar. Eu a disfarço PROJETO POESIA NA ESCOLA • 15
Com um riso alto. Quase ninguém a percebe, mas ela sempre está lá. Vem agosto e sopra o vento... Se vai um pai. Ah! Esse vento que não para de soprar... Se vão uma irmã, um irmão, tão queridos. Sopra o vento, se vão amigos. Se vai uma prima que nunca cansei de amar. Sopra... se vai o viço da pele se vai a força, a companhia, se vai o sonho, a alegria. E esse vento não para nunca de soprar... Passam plantas, animais, saudades, memórias, lá se vão vidas, histórias... E um dia, Ele vai me levar.
16 • EDITORA PALAVRA É ARTE
EU VOU FAZER POESIA Em tempos tão sombrios, malvados, de risos tristes e olhos vazios, de corações dilacerados, ouso fazer viver a minha alegria. Pois, enquanto uma criança nascer e a vida se renovar, enquanto o sol surgir e o seu raio brilhar. Eu vou fazer poesia! Enquanto a flor se abrir e o pássaro cantar, enquanto o rio correr e o mar se balançar. Eu vou fazer poesia! Enquanto o pôr do sol puder me encantar, enquanto a lua sair tão linda de detrás do mar. Eu vou fazer poesia Enquanto o ciclo da vida girar em sua perfeição, enquanto chegar outono, inverno, primavera e verão. Eu vou fazer poesia! enquanto a esperança esverdear meu olhar, enquanto os olhos de Deus mirrarem meu caminhar. Eu vou fazer poesia! E quando os Seus braços se abrirem pra me acolher e abraçar e quando me encontrar feliz eternamente. Ai sim, farei poesia para sempre!!
PROJETO POESIA NA ESCOLA • 17
EU NEM ROUBEI O RIO O poeta conta que um homem roubou o rio. Não tenho rio pra roubar! Minha alma não tem amor pra sentir, nem canções para ouvir, ou lágrimas para chorar. Está mergulhada num imenso vazio. Vazio de cheiro, de cor, de alegria e tristeza, vazio até de dor. Vazio de antes, de depois e de agora. Vazio de pôr do sol, vazio de aurora. Diante de tanto vazio, me ponho a perguntar; como posso roubar um rio?
18 • EDITORA PALAVRA É ARTE
O AMOR O amor é como um grito, mesmo lançado do abismo ele toca o infinito, seu eco reverbera nas estrelas que se organizam em constelações para lançar ao vazio original, cores, risos, canções. Reordenando o caos do universo, que conspira poesia e verso, para que o mal nunca vença o bem. E o peito vira primavera, terminar uma longa espera no coração de alguém.
PROJETO POESIA NA ESCOLA • 19
MINHA ALMA É VERSO A minha alma segue em voo livre, na direção do mar. Se assemelha aos golfinhos Pulando alegres no ar. Escorre pela natureza, Se alimenta da beleza e faz o tempo parar Tem o tamanho do infinito, não suporta a injustiça e nem tolera o grito, não sabe se conformar. Assumo, que ela segue encanta, por um resto de ninho, um canto de passarinho, pelo nascer da alvorada. Ela namora a eternidade, solve as cores dos jardins, se move em esperança guarda somente a lembrança dos tempos de querubim. Dança a música do dia, celebra a harmonia que faz mover o universo. Minha alma é alegria, minha alma é poesia. A minha alma é verso! 20 • EDITORA PALAVRA É ARTE
O amor é a poesia dos sentidos. Ou é sublime, ou não existe. Quando existe, existe para sempre e vai crescendo dia a dia. Honoré de Balzac PROJETO POESIA NA ESCOLA • 21
22 • EDITORA PALAVRA É ARTE
QUATRO ESTAÇÕES És o verde nas manhãs de primavera És o sol que adentra à janela no verão És o frescor nas noites de outono És o cobertor nos meses de inverno. Na primavera é a pintura que encanta os olhos No verão é a água do mar que refresca o corpo No outono é a brisa que bate no rosto No inverno é o aconchego dos pés juntos ao deitar. Suas folhas renovam em mim na primavera Sua luz me irradia no verão. Não tens a inconstância do tempo no outono No inverno aqueces meu coração.
PROJETO POESIA NA ESCOLA • 23
AUTORRETRATO Ser ansioso é fazer parte de um velho e atual clichê: ser ou não ser? Ser ansioso é tentar entender a regra dos tantos “porquês” Ser ansioso é inquietar-se ao olhar para papéis de parede estilo 3D Ser ansioso é também não esperar nove meses para nascer. É aquele que transpira em dias gélidos de inverno É aquele que procura por aquilo que sequer perdeu É ser luz e escuridão no seu próprio eu É lembrar-se do que não aconteceu. O coração do ansioso bate mais que o normal Irrita-se na fila do supermercado Na fila do banco, na espera pelo dentista E não dorme se alguma coisa sai do habitual. Sente-se um extraterrestre até numa noite de Natal Não curte o Carnaval Espera sempre pelo temporal. O ansioso toma ansiolíticos para dormir Sente-se sozinho ao tentar se entender Com aquela angústia no peito que o faz enlouquecer. Ansiedade, meu nome é você!
24 • EDITORA PALAVRA É ARTE
RECOMEÇOS Alguns recomeços Trazem desassossego Ansiedade Medo. A incerteza dos dias Amedronta a vida Sorrisos Desafios. Nada será como antes Nem mesmo os instantes. A esperança aflora na vida Por melhores dias.
PROJETO POESIA NA ESCOLA • 25
INSÔNIA A cidade dorme, Não durmo. Sonhos são construídos, Os meus nem vívidos. Mentes repousam, Enquanto a minha, trabalha. O silêncio é ensurdecedor, Para uma mente que batalha. A insônia me consome, Dias vem, dias vão. Meus olhos inertes, Permanecem na contramão Olhos inanimados no ontem, no agora. Insônia traiçoeira, Insônia sorrateira, Seu nome é desassossego, desapego, medo.
26 • EDITORA PALAVRA É ARTE
NÃO É SOBRE AMOR, APENAS É sobre o próprio reflexo no espelho, É sobre lealdade, É sobre amizade. Valorize-se. Embeleze-se. Vista-se da verdade. Seja seu amigo de verdade. Não é sobre amor, apenas. É sobre a vida, É sobre a morte, E tudo aquilo que nos deixa mais fortes. Não é sobre amor, apenas. A amizade, meu amor São sentimentos batidos num liquidificador. Não é sobre amor, apenas, meu amor. Também é sobre coisas que ninguém lhe contou. É também sobre um tempo que já passou...
PROJETO POESIA NA ESCOLA • 27
28 • EDITORA PALAVRA É ARTE
A poesia tem comunicação secreta com os sofrimentos do homem. Pablo Neruda PROJETO POESIA NA ESCOLA • 29
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INSIGNIFICÂNCIA Deveras que tens consciência? Verdade que estás tão calmo? Não vês a balbúrdia lá fora? Como se deita e acomoda? Não trazes consigo um sorriso Não trazes, mas também não chora, Satisfazes-te com o mínimo, E o deleite se vai embora. Capaz que se esquece de um sonho, Será que se corre e se afoba? Será que se foram tuas pernas? Talvez não tenhas mais sua história No meio de um vão com abismos Através de um corriqueiro aperto Vês passar toda a boiada E ao longe ficas com seus medos. Mas talvez em outra hora se acorde Ou até mesmo durma de vez, Jogas fora todos teus cacos Ou esqueça-se de quaisquer clichês.
PROJETO POESIA NA ESCOLA • 31
LEVAS Velhas problemáticas de um universo cinza, Cansado dos dizeres do sempre mesmo ranzinza Passeia por entre os montes E em cada beco se pinga. Não socorre o mendigo que foge de sua própria agonia, Não acorda o bendito que dorme em meio à escuridão vazia. E a sós, continua só, sem nem sua companhia. Ignora sua vida, e sua própria maestria. Se não consegues distinguir, por hora não distingue. Se não intenta em reagir, por hora se faz inepto. Se por hora não quer sorrir, se deixa por ser seu teto. Se vê, ao ser seus próprios pensamentos. Lá ao monte não vê estrada, Nem tampouco estreita trilha. Lá ao monte não vê regato, Nem mesmo pequeno rio. Mas em si enxerga águas Mas em si “re traz” caminho Pois do monte se faz chegada E da chegada conduz destino. E o nada se leva ao tudo, E o impasse se torna leve Quando o olhar da cambalhota E por trás vê seus respingos.
32 • EDITORA PALAVRA É ARTE
PEDAÇOS Se existisse um pedaço de riqueza E se o pedaço findasse real O mais incrédulo se tornaria patrono E faria do pedaço ideal Se a fraude versasse em lucro E se o lucro prestasse ao gatuno Lá se ia correr contra o vento E chegar a primeiro ao seu turno Pois de esperto se faz o peralta E certeiro se tem no conclave Não desconfia do cortês mais chegado E se amarra em seus próprios percalços Compra sua própria sentença E eleva seu ego inflado Se cerca de um poço de nada Afoga-se em seu próprio vazado E de tão incompleto que se torna Lacrimeja em vacilos constantes Pois não vê a beleza da calma E se orgulha por se ver “inflamante” É o pedaço da alma que rasga E o resto da paz que se apaga E a incerteza que toma o complexo É a baixa que leva do nada
PROJETO POESIA NA ESCOLA • 33
Mais um dia seus cosmos se voltam Seus minutos serão só minutos As moedas serão só moedas E o pedaço terá se perdido Um dia o completo se fará de metade E o conclave talvez seja deflagrado Verás então que não há comunhão E que o interesse se faz individualizado Cada um correrá por seu mundo E cada qual terá seu além Cada pedaço terá seu partido E arriscar-se, não irá por ninguém. Neste tempo será apenas esquecido Verá seus golpes tornar-se falhos Suas peças gerarão só tormentos E que os tormentos por fim serão iniciados Que da lembrança que vem da injustiça Viu o respingo e se achou esperto Não pode ser eternizado Pelo pedaço que não será glorificado.
34 • EDITORA PALAVRA É ARTE
GRAÇAS Restam-lhe os casos que ficam na memória E o bocado de bem viver que contigo lhe assevera Como o moinho que não se toca sem o vento Se faz de nada ao se destacar de sua pena Logra em êxito, ainda que inconcluso. Pobre o grande que se vê gigante E do pequeno não observa seu alguém Carregam em si traços de desesperança Nos reflexos de suas desigualdades, se tangenciam: O coitado que não levanta seus anseios E o orgulhoso que se exibe, ao ser rico de vintém. Em seus amontoados, lamentam-se ao lamentados. Enquanto disputam o doleiro e o desabonado pela desgraça de ser ninguém Desce o barranco o indolente debochado; Mostra os dentes sem pedir benção à ninguém Leva vida ao seu jeito e faz se vida. Satisfaz-se com seu jeito de coitado Glorifica sua existência sem ser luz Sendo o mísero prefere ser roubado Que se aproveitar da grandeza de outro alguém.
PROJETO POESIA NA ESCOLA • 35
36 • EDITORA PALAVRA É ARTE
A pintura é poesia sem palavras. Voltaire PROJETO POESIA NA ESCOLA • 37
38 • EDITORA PALAVRA É ARTE
LIBERDADE! EM VERSOS, PROSAS, POESIAS NA ESCOLA A GERMINAR! Eita, que na história. Humanidade, esbraveja pela tal “Liberdade”! Buscas, perdas. Guerras, paz. Direitos, Deveres. Inconstitucionais, Constitucionais. Eita, que chega, até a desumanizar! Paremos de procurar está liberdade, ali ou acolá! Eita que aqui, na cachola, liberdade está! Seja em acróstico, rima, verso, prosa. Em casa, celular, gravador, caminhando pela rua. Registrados mentalmente, tácita ou expressamente. Cordialmente, com profundo respeito e empatia a todos os leitores, ausentes e presentes. Em momento único. Refestelar-se, ao parto de mais uma liberdade. Concebida pelo Homem, adotada pelo mundo! Rompendo o silêncio existente, como se em único dialeto. Cantar, uníssono. Sem preconceitos, racismos, distinções. Restabelecendo como no princípio, seres humanos a eternizar. Libertando-se dos grilhões intelectuais! Esboçando, literaturas na história. Nos realocando no aprendizado, em versos, prosas. Acrósticos a encantar! Caminhando lado a lado. Cúmplices na liberdade alçar, PROJETO POESIA NA ESCOLA • 39
Sem fronteiras a podar. Sublimes poesias na escola a germinar! Ao território Nacional, desbravar. Ao redor do mundo, quem saiba, alcançar!
40 • EDITORA PALAVRA É ARTE
BOA TARDE Bem aventurado, aquele que: Ostenta a fé, ao respeito a cada ser! A celebrar a jornada a cada entardecer! Tarde que se finda! Amparando com humildade. Recebendo a noite, que ao horizonte, surge, inicia! Dogmas! Esperança, inspiração, vida a caneta na mão. Ao poema em sua intenção!
PROJETO POESIA NA ESCOLA • 41
HISTÓRIA, NÃO, ESTÓRIA Sabe aquela história que não é apenas estória! Irene, Merinda, Helena, Elaine, Maria. De A a Z aquele amor de verdade, que de tão forte, Tatua mente, alma, corpo! Eis que a cumplicidade fala! E mesmo sem te ver ou poder tocar. Com você de lá e eu de cá, Sussurra em meus ouvidos, palavras. E tua presença firme, exata, amorosa. Aquece meu coração de tal forma, Que as materializo em lágrimas. A cair em minha face e que transformamos, Em poemas, notas, cifras, melodias! Instrumentos esculpidos de mesma árvore! Tendo como cordas, as da vida. Presenteadas pelos anjos do Pai criador. E com estas agora vou. A propagar aos cantos, caminhos, esperança e amor! Nesta parceria humilde, a elevar esta irmandade, abençoada, por Oxalá, Buda, Nossa Senhora, Nosso Senhor, por estas mulheres de luz!
42 • EDITORA PALAVRA É ARTE
É DIFÍCIL NÃO ENLOUQUECER! ENLOUQUECER O CORPO! ENLOUQUECER A ALMA! Como continuar a ser normal? Como continuar calma, paciente? Sinceramente, não sei mais! Não ser ouvida. Só obedecer sem questionar, ouvir calada, quietinha! É difícil não enlouquecer! Enlouquecer o corpo! Enlouquecer a alma! Agir corretamente, com respeito. E ser desrespeitada constantemente! Ser colocada no balaio de lixo e nunca tendo valor! É antes não era difícil! Mas quem se importa! O que importa é desestressar! É humilhar, para não descer do patamar! É justificar os meios para atingir os fins! É não reconhecer nada de quem só tinha força física ou mental! Pois o dinheiro é que dá valor e reconhecimento! Nada ao contrário disso tem mais valor! Não importa em quantas batalhas você se pós a frente para o socorro ou auxílio aos que você ama! Ninguém lhe pediu, foi sua escolha, você que é intrometida! Não importa quantas vezes você abdicou de coisas para si, para o bem maior. Porque ninguém lhe pediu, foi sua escolha, você que optou! Não importa as chagas causadas a alma, mas sim, o socorro ao egocentrismo doutro! É difícil não enlouquecer! Enlouquecer o corpo! Enlouquecer a alma! E o que importa? Em nada, pois doida não sente, não pensa, não faz nada! PROJETO POESIA NA ESCOLA • 43
Doida, não tem vaidade, não tem orgulho, não se importa com nada! Doida é saco de pancada, capacho e leva os loros de ser a boxeadora! E mesmo doida, ainda auxilia aos outros a á terem eternamente como comparativo e exemplo de mal exemplo e jamais boa em algo! Hoje a doida banha-se com as próprias lágrimas calada e solitária! Mas ainda, com rompantes de lucidez ao sentir Deus se entristecer com ela! Hoje a doida, tem como companhia a ingratidão que enlouquece aos poucos seu corpo, que enlouquece aos poucos sua alma!
44 • EDITORA PALAVRA É ARTE
Quando as aves falam com as pedras e as rãs com as águas – é de poesia que estão falando. Manoel de Barros PROJETO POESIA NA ESCOLA • 45
46 • EDITORA PALAVRA É ARTE
A ALMA Minha alma clama pela existência. Clama por toda minha paciência. Pela única certeza da existência. Foge da incerteza inexistência. Clama por minha subserviência. Se desespera na desobediência. Muito além das minhas carências. No clamor do amor a inexperiência. Minha alma quer a sobrevivência. Desejos torpes tiram a inocência. E a falta do amor é essa sofrência. Tudo foge da minha consciência. Minha alma declama a eminência de tempos bons com insistência. Escrita metódica sem displicência. Sem naufragar na transcendência. Alma que ama que chora com... ... evidência.
PROJETO POESIA NA ESCOLA • 47
AINDA SOMOS Ainda somos garotos e garotas. Descobrindo o mundo lá fora. Voando como as gaivotas. Entrando na sala de aula pela primeira vez. Um chorinho e o medo. Minha mãe foi embora. Não vai voltar tão cedo? Pura e doce insegurança. Um medinho de criança. Aí vem a linda professora. Senta aqui e fica numa boa. Tá vendo aquela menina? Pode brincar contigo de papel, caneta e tesoura. O primeiro olhar e o sorriso. Um mundo muito mais lindo. Pintado com as cores do arco-íris. Na aquarela desse saber infinito. Somos ainda garotos e garotas. Se balançando naquela praça. Comendo pipoca de graça e nem aí para coisas ruins do mundo.
48 • EDITORA PALAVRA É ARTE
TEXTURAS Campos floridos, tapetes aveludados. Mãos tocam os céus tão estrelados. Pés sob as areias afundam molhados. Sol se põe pintando cores mescladas. Lá se vai o entardecer minha amada. Seus dedos pintam o meu horizonte. Na textura do amor estão elementos. Desfazemos o próprio espaço tempo. A fluidez das nossas palavras de amor. O abraço gostoso e cabelos ao vento. Água espelho da alma e da vida. Terra que caminharei a te amar. Mar que mergulharei pra achar o seu amor e nos céus morar. Cada galáxia poder assim te encontrar e só buscar o seu infinito amor...
PROJETO POESIA NA ESCOLA • 49
LÂMPADAS A luz voltou. Revivendo tudo. O professor é o tempo. O que se apagou? Seu único mundo desolador? A lâmpada iluminou as taças de vinho banhados à luz de velas. Velhas amigas minhas diriam o que nessa hora? A fumaça se esvaindo. E você mentindo pra si mesma indo embora. Roube então lâmpadas de um distante universo. Traga luzes cintilantes pra cada poema confesso. Só pra falar de amor. O contraste da luz com a intensa escuridão. Alimenta o medo de despertar na solidão. Só queremos amar. Esqueça a lâmpada e liga a luz do celular. Antes de contar até dez seu amor vai voltar.
50 • EDITORA PALAVRA É ARTE
EXISTE ALGO Há algo de precioso aqui. Nuances e lembranças que levam a um lugar distante na memória. Fotos e outras histórias que eu não posso apagar. Existe algo que vale bilhões. E não conseguimos enxergar. A simplicidade das emoções estão em nossos corações, mas preferimos ignorar. Existe algo tão verdadeiro. Muito além de bens materiais. Algo que não se compra com ouro, prata ou dinheiro. Sim é mais um devaneio do Poeta buscando algo que não seja passageiro. Vai, confessa. Também sonhou em ir muito além das estrelas e mergulhar no infinito da eternidade? Delírios fantasmagóricos da mocidade? Feche os seus olhos. Diga a si mesmo a verdade. A felicidade vai além dessa realidade. PROJETO POESIA NA ESCOLA • 51
A ÚLTIMA BALADA. Na penumbra do passado Vejo que já havia acabado. A penúltima vez do amor. Eu queria esquecer a dor. Mas folhas secas caíram das árvores da memória. Não esquecerei que ela chora. Esperando aquele amor voltar. Em meu olhar ela queria ficar. Resplandeceu uma flor bela e mostrou o caminho de volta. Mas agora o que isso importa? A dança suave de uma criança que em frações de segundos se transformou em mulher. Sabe que agora em seu mundo se o amor que esperou não vier isso não decretará o seu futuro. A menina não se esqueceu. Apenas não ficou parada. Se debruçou no horizonte. Mesmo que não visse nada dançaria a última balada do seu coração.
52 • EDITORA PALAVRA É ARTE
Ana Cleide
A poesia não se entrega a quem a define. Mario Quintana PROJETO POESIA NA ESCOLA • 53
54 • EDITORA PALAVRA É ARTE
AMAREI SIM Amarei, porque amar é preciso. Viajarei até o limite do tempo, Pra provar que amar, eu necessito. Amarei com todos os requisitos exigidos. Porque no amor eu existo. Abraçarei o desconhecido, que com o amor se torna amigo. No subsídio do amor, amarei sim. Amarei ao todo, em toda parte de mim Há amor demais, que não aceitará o fim Porque o amor é a fonte da vida E está muito além de mim!
PROJETO POESIA NA ESCOLA • 55
SONHO DE AMOR Nos meus sonhos mais singelos. Penso e repenso, no meu profundo flagelo. Como esquecer assim um amor tão sincero! Amando vou acreditando que não existem motivos que me façam desistir de querer você, meu amor! Versos poéticos me levam até as lembranças mais distantes de nós dois. Como deixar o que sinto por você, pra depois! Te quero e te busco, hoje, agora! Porque pra amar, não definimos horas. É aqui hoje e agora, nada pra após. Porque o que podemos fazer hoje, faremos e não deixaremos para depois. Amar é assim, uma emoção sem medida Mais que dar brilho à vida de quem sonha, um sonho de amor eterno.
56 • EDITORA PALAVRA É ARTE
TEMPO DE AMAR Para amar, não há tempo. Todo tempo, é tempo de semear o amor. O amor é o sentimento mais sublime. Por isso AME, mas AME sem egoísmo! Ame, simplesmente por amar Ame, mesmo conhecendo as imperfeições do outro! Ame sem pretensões! Ame por paixões ou mesmo por amizade, isso não importa, o que importa é cultivar o Amor! Pois o tempo de amar, esse é eterno!
PROJETO POESIA NA ESCOLA • 57
AMAR POR AMAR Amar é querer, Na simplicidade Fazer alguém feliz, Acima de quaisquer obstáculos. Amar é vencer o preconceito e aceitar de Bom grato, as diferenças. Amar é mergulhar num mar de emoções, que fazem Vibrar a esperança, Em meio a tantas barreiras. Amar é buscar o sorriso em Meio às lágrimas. Amar é vencer os desafios em sua jornada, Com esperança de alcançar Bonança na chegada! Amar, é amar por amar! E quem ama, ama sem nada cobrar, pra amar!
58 • EDITORA PALAVRA É ARTE
“OUTRA VEZ AQUI” Hoje acordei com saudade de você, Falando pras paredes coisas lindas, sobre você. Não sei onde você deve estar; só sei que a cada dia vou te amar, Mesmo que a distância venha a nos separar, Estarei outra vez aqui a te esperar, Pra outra vez, nos meus braços, te Amar. Então vem a solidão me falar que você não está e a dor vem me atormentar. Então volto a dormir e sonhar com você, No sonho você vem toda sorridente me dizer que me ama e nunca vai me esquecer!
PROJETO POESIA NA ESCOLA • 59
60 • EDITORA PALAVRA É ARTE
Subnutrido de beleza, meu cachorro-poema vai farejando poesia em tudo, pois nunca se sabe quanto tesouro andará desperdiçado por aí... Quanto filhotinho de estrela atirado no lixo! Mário Quintana PROJETO POESIA NA ESCOLA • 61
62 • EDITORA PALAVRA É ARTE
FAMILIA Coqueiro sem vento não dança, Purpurina sem luz não brilha, Sem música não há festança E ninguém vive sem família. Arco apontado pra cima, A nos lançar alto pra frente, Força que a vida ensina, Pura verdade que não mente. É entranha, bem entranhada Que todos têm, ninguém nega, Guia viva da caminhada, Água doce que nos rega. O berço do começo ao fim, Quem assistiu primeiro choro, Nossos querubins e serafins, Da melodia nosso coro. É nossa luz e nosso vento, Motivação do nosso brilhar, Senti-la como sacramento Transforma a vida num bailar.
PROJETO POESIA NA ESCOLA • 63
VELHO PESCADOR Havia uma caiçara, Pequenina, destinhorada, Em praia erma, destacada; Dentro só havia um tronco Onde pescadores sentavam E histórias de mar contavam. Desuso trouxe abandono E o que ao tempo resistiu, Só ao velho pescador serviu; Sentava-se fitando o mar, Hipnotizado sem se mexer, Pés em terra, pensamentos lá. Dificuldade para andar, Pouco interesse de comer, Quase ninguém com quem conversar, Faziam-no até pernoitar; Estático, olhar distante, Enxergava mar como altar. Com vestes brancas encardidas, Chapéu de palha esgaçada, No horizonte, toda vida; Mesmo com a maré bem cheia, Na mesma posição ficava, A tela estava pintada. Achado sentado sem vida, 64 • EDITORA PALAVRA É ARTE
Fim de tarde, sem despedida; Não se sabe bem para onde, Seguiu sua alma sofrida, Se foi direto para o céu Ou se no mar está perdida. Marcas dos seus pés na areia, Ainda estão preservadas, Nem grandes marés nem rajadas, Nem cinzas de fogo de palhas, Nem as ramas de mato no chão Escondem as suas pegadas.
PROJETO POESIA NA ESCOLA • 65
NÁUFRAGO Ilha pequena, deserta, Catando garrafas E procurando papel; Pensando sobre tudo, Só enxergando mar e céu. Na mão, pequeno lápis E vontade de escrever, O salvem-me, não preciso! Não quero que saibam Onde optei viver. Vão versos pelo mar, Alguém há de encontrar, Mesmo num oceano, Em garrafas navegando Querendo o mundo mudar. Catadores sei que há, Sentimentos não pesam E o belo sabe esperar; Segue rumo da deriva Sem saber onde chegar. Lançada a poesia, Dormirá engarrafada Como gênio da lâmpada; Sairá se encontrada, Num magnífico clarão. 66 • EDITORA PALAVRA É ARTE
O poeta náufrago Imaginou esta visão, Esmerou-se com carinho, Tentando mostrar sozinho: Verso tange solidão.
PROJETO POESIA NA ESCOLA • 67
68 • EDITORA PALAVRA É ARTE
Defino a poesia das palavras como Criação rítmica da Beleza. O seu único juiz é o Gosto. Edgar Allan Poe PROJETO POESIA NA ESCOLA • 69
70 • EDITORA PALAVRA É ARTE
A LIÇÃO DO BEIJO O encontro foi repentino Não estava programado Oh, Compromisso libertino Às escondidas no meu carro Do nada você me convida E em minutos consigo me arrumar Tua conversa era tentativa De me fazer tua boca beijar Foi um beijo genuíno Tímido, receoso e desajeitado Porém, amigo, eu confirmo Teu beijo não ficou marcado Mas eu tinha expectativa Que aquilo iria me animar No fim eu fui a iludida E aprendi algo a ensinar... Nunca beije quem você não deseja Nunca beije apenas por beijar Guarde tua boca para quem mais anseia Uma boca que mereça amar
PROJETO POESIA NA ESCOLA • 71
À MORTE DE UMA DONZELA A morte de Maria Bonita Oh, desastre! Maldito dia. Foi sorte a ter em vida Quem amaste no grito dizia. Divina e formosa mulher Só tua singela presença ilumina o bem querer numa espera de crença. Afogas as magoas, o viver em beijos de nunca esquecer Desperta o desejo forte, carnal Em homens e inclusive moças que anseiam de forma irracional loucos amores às forças.
72 • EDITORA PALAVRA É ARTE
À MORTE DE UM POETA Busco veredas fortes nestes dias Bases e fundamentos para uma estrutura Ofusco grandes poemas, poesias Fases de pensamento besta criatura. Passam-se dias, horas, todos os momentos Construindo gigantescos veraneios Ganham filas, hordas, tais sentimentos Fraco resistindo a loucos devaneios. A dita noite em que o poeta morreu Corri, fugi, tropecei, cai pelo chão Tanto desespero que foi e se perdeu Não havia mais fé em minha mão Restando-me ainda, agora o eu Compondo em dias tristes de solidão.
PROJETO POESIA NA ESCOLA • 73
MEIA GARRAFA DE UÍSQUE Oh, dita noite triste e incomum Escutando na rádio belas músicas Quem diria que eu seria mais um Que no álcool faria minhas buscas. Coitada de mamãe que me viu Louca e fora do meu estado Tão bêbada que do chão não saiu Por ela eu teria evitado. Tudo culpa do amor que some Não correspondido é mesmo que nada Ah, se ele chama meu nome... Por ele eu sou ignorada Passei frio, choro e fome Naquela noite embriagada.
74 • EDITORA PALAVRA É ARTE
DO AMOR NÃO CORRESPONDIDO É algo que não se espera que aconteça Pois ninguém em vontade quer sofrer Lhe tira o tato e a certeza E faz duvidar sobre o crer. Cai em depressão e tristeza Chorando (louca) grita e quer morrer Não há nada que a fortaleça Até que ela queira renascer. Superado o que a dor esqueceu Com risos o desespero engoliu A iludida criatura se perdeu Ainda com esperança não desistiu Depois destes anos aqui estou eu Esperando o trem que nunca partiu.
PROJETO POESIA NA ESCOLA • 75
76 • EDITORA PALAVRA É ARTE
A solidão mostra o original, a beleza ousada e surpreendente, a poesia. Mas a solidão também mostra o avesso, o desproporcionado, o absurdo e o ilícito. Thomas Mann PROJETO POESIA NA ESCOLA • 77
78 • EDITORA PALAVRA É ARTE
ATRAVESSO O DESFILADEIRO... Atravesso o desfiladeiro... A cada novo desafio... Não vejo nenhum fio... De filho... Passou pelo calabouço... No fundo do poço... Um, engordo.... De amor... Fraterno... Mas que não acende... E tão pouco... Se, arrepende... Atravesso o desfiladeiro... Derradeiro e rotineiro... Verdadeiro... Desafio a política... Que intriga e briga... E cada novo desfiladeiro... Um canhoneiro... De paixões... Que não foram azarações...
PROJETO POESIA NA ESCOLA • 79
“LAS NHÃ(NHA)” Na montanha... Não me embrenha... Nem me acompanha... Na campanha... Não teve manha... Na próxima manhã... Não surgirá nenhum amanhã... Na próxima sanha... Não ocorrerá artimanha...
80 • EDITORA PALAVRA É ARTE
DESCONEXO... Desconexo... Assim vou pela infinidade... Que um dia foi minha mocidade... Convexo... Mas não tem reflexo... Para além dos meus limites... Procuro na noite... Algum... Sorriso que atenda... Meus pesadelos diários... Ordinário... Em meu diário de ciúme... Deixo queixumes... Os vaga-lumes... Dançam em minha janela... É um cio de aprender... E corresponder... Não sei bem o que... A coisa... Caminha... Nas vinhas de minha vigília... Faz trilhas... Algumas alegrias... Sem crias... Fazendo maestrias... Desconexas... E convexas...
PROJETO POESIA NA ESCOLA • 81
ROMANESCA... Proust, fez-me, aventurar pelo tempo sempre descoberto... Balzac, destruiu, o total, para chegar ao mínimo dos costumes... Dickens, procrastinou a saudade entre duas cidades... Stoker, sugou todo o fluído de capital sem digital... Cervantes, moinhos de gastar gente, misturaram minha imaginação... Roa-Bastos, supremo amor à liberdade, com subjetividade... García Márquez, solidão em anos, diminuída por um naufrágio em suas letras... Orwell, um irmão, sem exclusão ou coesão... Carpentier, 1, 2, 3, ... 3, 2, 1... dançamos, a melodia, sem método claro... Azevedo, estou no cortiço da insatisfação, e no natural de um subúrbio interpretativo... Flaubert, um coração simples para a ciência e religião... Malraux, condição humana ideal para revolucionários baderneiros... Autran Dourado, vida em segredo com degredo e tempero... Dostoievsky, inquisidor idiota, sem castigo, realizando crimes metafísicos... Eco, um pêndulo de chama na biblioteca que ilumina a rosa... Levi, isto não é um homem, e tampouco um ser humano... Moravia, politicamente sexual, na cidade eterna... Camus, um absurdo falar de queda peste, sendo que a reveste... Queiroz, serras perdidas em cidades lascivas, valorizando o incesto perfeito... 82 • EDITORA PALAVRA É ARTE
Saramago, em sua cegueira, fez monções a conventos, em memoriais nada espirituais... Garcia Roza, sua chuva fez silêncio, em ruas com cônscios ao prazer, sem lazer... Amado, misturou cravo e canela, e fez uma morena esplêndida... Gogol, ressuscitou almas mortas, e matou sovietes inertes... Caminha, crioulo bom, é que resolve os problemas na navalhada, afogada na sirigaita... Pompéia, um ateneu de promiscuidades, e divindades... Formação de minha opinião... poesia em minha alegria... Romances para que eu descanse... Leitura para deleites... Sem enfeites... Fazendo transes...
PROJETO POESIA NA ESCOLA • 83
DEIXA... Deixa... de papo-furado... E vamos direto para o meu quarto... Nada é barato... Mas vai ser o maior barato... Ser chato para conseguir algum... Quadrado... Trancado... Dilacerado...
84 • EDITORA PALAVRA É ARTE
Se a poesia não surgir tão naturalmente como as folhas de uma árvore, é melhor que não surja mesmo. John Keats PROJETO POESIA NA ESCOLA • 85
86 • EDITORA PALAVRA É ARTE
ALGUÉM E EU “Um dia quis desfalecer Por acreditar melhor ser pó E de só, simplesmente Nada ser.” Tudo isto tu queria! Nesta quietude que se gera Vais deixando partes de si, Que era esquecida pelo caminho E eu, como um jardineiro sem flores, Recolho os pedaços teus de vida Que hoje ainda floresciam. Tudo isto eu faria! Para que quando passasse o tempo, Uma brevidade do tempo, Jamais se esqueça: Que ainda existe.
PROJETO POESIA NA ESCOLA • 87
TANTAS COISAS QUE ESCREVO E PENSO Escrevo em linhas retas Certas palavras sinuosas e tortas Coisas que penso algum dia: Alguém leia e música seriam As coisas que escrevi Ou talvez em outro momento Lendo, poetize também, alguém. É muito que levo guardado dentro, Tantas coisas que escrevo e penso Instantes que em mim vivi!
88 • EDITORA PALAVRA É ARTE
INSTROSPEÇÃO Sempre quando Estando sós, olhávamos nós, Contemplando o Sol. Sem dizer uma palavra só Sabia que eu podia perceber O que havia em teu Ser.
PROJETO POESIA NA ESCOLA • 89
O BOSQUE SILENCIOSO “Um dia serei Eu Outro dia será Você, A estar zelando por este Amor. Para que quando for – Eternidade – Nós dois seremos um! Os dias serão únicos E não apenas meu ou teu. Serão eternos! Um ‘Agora’! Por que passamos a viver este Amor – incondicionalmente – Sem ser preciso ir embora.” Mas, hoje Parece que nada aconteceu. Nem encontros, nem palavras, Nem sonhos! Nem a lembrança que existiu De você e eu. Mas em algum lugar Ainda perdurará Aqueles instantes secretos, Que ninguém mais, senão nós,viveu! Será sempre um segredo Teu e meu. 90 • EDITORA PALAVRA É ARTE
QUE LIVROS TEM LIDO? Que livros tem lido? Eu? Tenho lido almas, Dos transeuntes vagantes, Das ruas nada calmas Da cidade grande E por onde quer Que se ande Tudo é tortuoso e confuso, Como sóis eclipsados Em um sono profundo. Cada dia é uma página Que não se volta a escrever. O sonho tem voz mais alta E torna vaga a vida, Por quê? Pôs o teu corpo na sombra Pensando encontrar algum refúgio. Mas os ombros que lhe deram, Geraram outros sonhos Fugazes e obscuros. Recolhe a noite impiedosa O que lhe resta de tuas memórias Para criar novos enredos Para que siga assim a existência Triste e ingloriosa. Que livros tem lido? PROJETO POESIA NA ESCOLA • 91
Eu?! Eu tenho lido almas Que se escondem em corpos Destes tempos tenebrosos de agora.
92 • EDITORA PALAVRA É ARTE
A poesia é tudo o que há de íntimo em tudo. Victor Hugo PROJETO POESIA NA ESCOLA • 93
94 • EDITORA PALAVRA É ARTE
CANÇÃO DA CHUVA Cai a chuva de mansinho cai e molha meus cabelos que outrora foram de ébano e agora são de luar. Grandes planos, esperanças vai levando para o mar cai a chuva mansamente para os sonhos apagar. Cai a chuva de mansinho pelo meu rosto desliza será chuva ou será pranto turvando o meu olhar?
PROJETO POESIA NA ESCOLA • 95
CANTIGA DE SAUDADE Doce reminiscência de passadas auroras. Orvalho a grama cobria à luz do amanhecer. Fumaça de chaminé lenha seca a crepitar. Forte aroma de café pinhão na chapa a assar. Esguia, a roseira florida pela cerca de ripas subia. Periquitos em revoada ensaiando cantoria... E hoje, na minha saudade, ficou aquela alegria da infância, da mocidade, quando a vida tudo prometia...
96 • EDITORA PALAVRA É ARTE
O RETORNO Peguei o bonde da vida livre e solta, sem bagagem e nessa insólita viagem, fui voltando ao passado. Desci na Estação Saudade e pelas calçadas de pedra de minha mocidade, fui revendo casas caiadas, de madeira de pinho, floreiras nas varandas, de ripas cruzadas. Senti o cheiro de fumaça das chaminés dos fogões a lenha. Sentei-me perto do coreto da praça, onde a banda tocava com graça. Revi hortas e jardins, pinheiros, frutíferas e afins. E como doeu lembrar daqueles que não pude encontrar. Lá não estavam mais, pessoas queridas, meus pais... Mas é tão bonita essa história, que vou guardar com carinho, bem aqui, no cantinho, de minha saudosa memória.
PROJETO POESIA NA ESCOLA • 97
TEMPO SECO Resseca ao sol escaldante a grama do jardim. Gemem árvores nuas. Queima o ar aquecido. Mas na sombra da varanda a moringa de água gelada, trepadeiras de alamanda, vasos de malva encarnada, e a rede em suave balanço, me dão refresco e descanso.
98 • EDITORA PALAVRA É ARTE
VIDA Vida, esse evento fugaz, passa veloz, tão ligeira... Sofremos por coisas pequenas e fazemos tanta besteira. Um dia ela termina, como poeira, se desfaz. Importante é ser capaz de levar uma vida feliz, pois quando olharmos para trás, veremos que já passou a vida inteira.
PROJETO POESIA NA ESCOLA • 99
100 • EDITORA PALAVRA É ARTE
A pintura é poesia muda; a poesia, pintura cega. Leonardo da Vinci PROJETO POESIA NA ESCOLA • 101
102 • EDITORA PALAVRA É ARTE
O GATO PRETO Há um gato preto em minha janela; teu miado é a sinfonia que ecoa da solidão de cada um de nós. Na boca ele traz o suspiro agonizante de uma ratazana, que outrora roeu meus pensamentos nos becos perdidos da vida. O felino molda-se pelo olhar, pois teu corpo mistura-se e se perde junto ao negrume da noite. Já a tua silhueta funde-se ao âmago do meu pranto, e juntos escurecemos, argutos e distantes. Teu ronronar é o rouco chamado que nos convida a olhar para dentro. És a voz dos incompreendidos; suprimida dentro dos mistérios, tal como um ruído mentalizado. Ele mostra-me que fomos deixados no escuro de nós mesmos, e que se caso atravessássemos a janela, seríamos apedrejados por ser quem somos. Tua pelugem integra as formas mais puras de ser, e elas luzem ocultas dos olhos alheios. Somos nós oh solidão, trancadas no infinito de um quarto, pois só tu me abraças em plenitude. O gato que espreita-me, carrega todas as sombras do mundo; nele a humanidade projetou os males que ela mesmo criou. E por mais que tentem matá-lo, ele renasce com o dia, PROJETO POESIA NA ESCOLA • 103
tal como os suicidas que renascem de seus erros mais belos e sublimes. Este é o gato que habita as entranhas dos que abraçam a solidão; somente nós entendemos teu retraimento e mistério. Somente nós escutamos o silêncio. Ó, predador das sombras, tu podes se espreguiçar em meio aos mistérios, espraiando-se pelo espaço-tempo; e sob a noite mostrar o que todos tentam sufragar em ti. Mostre-nos a matéria escura do universo, já que a maior parte dele, nos é desconhecida. Ó, gato, vejo-me em ti, e tal como tu, meu único dono é o tempo.
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A ÓPERA PROMETEICA Meu crânio outrora fatigava ao léu vespertino, Bem me lembro, minhas ideias escoavam pelo céu, na rutilância obscena de uma hemorragia. Nas funduras do meu ser, algo rompia, o pôr do sol era a minha sangria, que de tanto congestionar, manchou a atmosfera em mais um apocalipse diurno. Cá estou eu, produto do esvaziamento existencial; Do meu sangue jorrado, os esmeros coágulos da insatisfação operam na distância atmosférica. Oh, sim, nada é mais pesado que o céu ensanguentado, É pra lá que os meus pensamentos vazam quando não cabem mais em mim. Numa ode anuviada, sinto o hálito castiçal na epigênese de certos pulmões soterrados, O cheiro matutino, agora putresce no barro molhado da tarde; Essa é a madureza da vida. Pois algo ainda respira nas entranhas da terra, mesmo após o sol decompor e entardecer todas as sementes plantadas durante a aurora; A tarde é a força decrépita da manhã regada a sangue. Já não posso sustentar o peso dos ossos que se formam da argila craniana; PROJETO POESIA NA ESCOLA • 105
Epimeteu é a minha força criacionista, Vive por dar formas aos meus acúmulos mentais, mas já não posso suportar tais formas expostas, pois elas respiram em mim, Desatinam a crescer e vazam das pupilas de deus; Do epicentro lírico, algo rompe a carne da vida, Talhando um céu de visão inflamada. Doravante, das forças magnatas que me habitam, Meros moldes, não suprem minhas criações Essas vidas anseiam pela teogonia do fogo; Pela fagulha do sopro que arde a alma; A mera sobrevivência nunca serviu. – Ó noite prematura, tu és a fumaça do crepúsculo prometeico; Em tua sangria, o fogo escapa dos deuses e espalha-se em um panteísmo infame, agora tudo arde em minhas mãos vis. Tudo respira em combustões asmais, diluindo os pássaros de carvão, Tu és o produto dos combustíveis da liberdade. – Ó criatura, respire na fogueira que lhe concedi, arda enquanto o visgo escorre em seu crescimento. Sou a hospedeira dessa tua composição anêmica por serotonina. Sou a artesã das tuas extremidades derretidas.
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ARACNOFOBIA E DEPRESSÃO No fulgor noturno sinto-a andar sob o meu arcabouço com tuas inúmeras patas. A aranha grotesca de pelos eriçados, faz-me tua presa revestindo-me por dentro para que eu não fuja. Enrolo-me sob a delicadeza exposta dos lençóis que guardam a minha solidão. E anseio nunca mais fitar a luz do dia. O aracnídeo embala-me sob tuas toxinas, de modo a afastar qualquer ser que me ame ou um dia o fez. Teus múltiplos olhos censuram qualquer fagulha metafísica que poderia me acalentar em noites como esta. Vou me liquefazendo nos cativos da criatura que definha-me para por fim se alimentar da minha alma. Observo-me através de seus olhos monstruosos, e fito o traço fantasmagórico do que um dia foi um rosto. Tento me mover, mas a criatura já teceu tua substância em minha medula. PROJETO POESIA NA ESCOLA • 107
A aranha envenena-me com um pérfido descontentamento infundado; e procria em minhas feridas. Sinto a depressão encarnada neste pequeno animal sorrateiro. Dizem que ela só ataca por defesa. – Ora, seria a minha sede por vida, uma espécie de ameaça ao meu lado fúnebre? O paradoxo habita-me e ameaça dilacerar minha natureza. Então deve ser por isso que sinto o formigamento em meus membros. Oh céus, são pequenas aranhas correndo em minhas entranhas. O aracnídeo botou teus ovos em meu ninho de angústias.
108 • EDITORA PALAVRA É ARTE
Todo o homem saudável consegue ficar dois dias sem comer - sem a poesia, jamais. Charles Baudelaire PROJETO POESIA NA ESCOLA • 109
110 • EDITORA PALAVRA É ARTE
LIÇÕES PARA APRENDIZES! Sou de família humilde do interior e, como muitos Saímos do nosso ambiente de origem para outro lugar em busca de melhores Condições de vida, e minha mãe incansavelmente, bradava todas as manhãs... – Só existe um caminho: estudar. Ele vai alargar o seu mundo na construção de seus sonhos é uma Herança que qualquer um pode buscar, o estudo me deu felicidade. O que é felicidade? É a satisfação de promover a si próprio o seu êxito. Sabendo que na caminhada há choro e risos, medo e esperança... Há deveres, direitos, regras... É desse modo que você constrói Uma sociedade melhor onde se deseja viver, Interferindo, participando, fazendo boas escolhas...
PROJETO POESIA NA ESCOLA • 111
VIDA DE PROFESSOR Vida de professor É igual à da formiga Elas armazenam alimento para a sua sobrevivência. Os professores armazenam conhecimento e sabedoria Na vida dos seus alunos. Vida de professor É igual à vida dos passaredos O docente incute na mente dos alunos para refletirem o mundo A passarada deposita alimento na boca dos pequeninos filhotes. Vida de professor É igual à vida Do reino animal e vegetal Em constante transformação... Como o mundo! (ou no mundo) Ora os homens mexem, ora a natureza dá resposta...
112 • EDITORA PALAVRA É ARTE
A PALAVRA PEÃO Peão é substantivo masculino e com muitas denominações e significados. Amansador e domador de cavalos, trabalhador rural. Ainda pode ser peça de jogo de xadrez e soldado de infantaria. O peão é mandado: O B E D E C E. Significado da palavra. Com a palavra podemos inventar, insinuar, descrever, modificar... Ela é sinônima de transgressão, rebeldia... E ainda com ela viajamos para Via Láctea, para as Estrelas, para o Paraíso ou Para o Inferno... Vemos Deus, Anjo, Miséria.... A palavra construiu a natureza e tudo que existe. O peão destrói a N A T U R E Z A. Por ordem D E S M A T A... M A T A ... Não desobedece, senão é castigado, é subserviente. O peão é o povão, massa de manobra, vive como gado. Não pensa, mas vota. A palavra “PEÃO” são dois Brasis!
PROJETO POESIA NA ESCOLA • 113
QUANDO PENSO EM VOCÊ... Somos eternos! Eu sou teu éter Cativo do seu amor magnífico Por querer. Você é mulher e anjo Divina e profetisa! Somos indivisíveis e individuais Como o pôr-do-sol.
114 • EDITORA PALAVRA É ARTE
AMOR E SEXO Que ironia... Amor e Sexo são masculinos Mas na poesia... Amor é Eva. Sexo é Adão. Amor é romântica, é congruência a que se destina... Sexo é o cateto, reto e quadrado... Ela é espiritual e sensual... Ele é físico e másculo... Prefere seu Amor côncavo e recatado. Amor é bissetriz É sedução, é sensualidade... Sexo é quadrado perfeito Não aceita inovação de Amor. Amor com seu olhar oblíquo... Exige retratação. Sexo é obtuso, fechado. Não compreende o olhar enigmático e obliquo de amor. Sexo sendo de natureza rude Termina com Amor Por achar uma incógnita... Segue seu caminho perpendicular. Amor por ser uma grandeza De sentimento grandioso Segue perpendicular Interceptando-o... PROJETO POESIA NA ESCOLA • 115
O olhar indecifrável de Sexo Não intimida Amor – Sou oblíqua e não uma paralela... Amor e Sexo se encaram São enigmas... Ele é quadradão Promete ser trapezoedro. Amor por ser Amor Plana, desigual... Sorrir como Gioconda! Expondo sua hipotenusa... Sexo orgulhoso e feliz Mostra sua reta... Como nas histórias reais conviver é difícil. D I Á L O G O...
116 • EDITORA PALAVRA É ARTE
Todas as coisas têm o seu mistério, e a poesia é o mistério de todas as coisas. Federico García Lorca PROJETO POESIA NA ESCOLA • 117
118 • EDITORA PALAVRA É ARTE
SOMOS DO UNIVERSO Não sou sua Tampouco você é meu Somos do universo, das estrelas e dos céus Sou amargo, você é doce A única coisa que une nossas vidas são nossos corações. Mas preciso ser do mundo, preciso liberá-lo das mãos que não podem garantir-lhe nada agora. Mas veja, Somos do universo, pedaços de estrela e poeira galática, somos da cor dos céus e no fim seremos de nós dois. – Se assim desejarmos.
PROJETO POESIA NA ESCOLA • 119
BRINCAR COM FOGO Cada vez que cedemos a um desejo por conta desse amor, que nos trai o tempo todo, fazemos uma renúncia. Cada vez que nosso amor fica à mercê da corda bamba, recuamos. Brincamos o tempo todo com fogo, sabemos que vamos nos queimar e brincamos sorrindo. Corremos muito riscos, mas ainda acredito que somos fortes pra brincar com pólvora sem terminar numa alegria violenta. Vamos nos consumir em beijos e carícias ao longo do tempo, até que chegue nossa vez definitiva, e rezo para que venha a existir esta. Dizem que ama-se com o coração, outros com a mente. Mas comigo, como dizia Vladmir Maiakovsk, “a anatomia ficou louca e te sinto em tudo, sou toda coração.” Todo meu corpo ama você. Cada átomo meu pode perceber o timbre da sua voz e entra em combustão, enrola e palpita as batidas de meu coração, pira minha cabeça e me deixa suspirando com tanta emoção! Como não ceder à essa revolução chamada pelos mundamos de “amor”? Nosso amor é pólvora que precisa queimar.
120 • EDITORA PALAVRA É ARTE
AINDA ME LEMBRO DE VOCÊ Com todo amor que cabe em meu ser Seu sorriso está gravado em meu coração E em cada canto da cidade vejo seu rosto Meu doce garoto, lembro-me que você costumava ser triste Engraçado, isso passou. Eu não te disse? Uma vez, me lembro de ter te contado um sonho Omiti partes dele, não poderíamos interferir Hoje o sonho está aí Mas eu não posso ser parte dele Ainda me lembro de você. Em cada sorriso, Desejo te encontrar Mas sei que possibilidade, não há Não foi por mal Nós dois sabemos mas que machucou E ainda dói muito nós dois sabemos E ninguém teve culpa Deste infeliz fim A que nós nos submetemos.
PROJETO POESIA NA ESCOLA • 121
ESPELHO A percepção é algo inevitavelmente mutável ao longo dos dias; de perto acha-se tudo mais belo ou mais horrendo. De perto você pode apaixonar-se enquanto também pode desencantar-se. Tudo visto de perto é pouco mais tenebroso, mas real. A distância nos traz a mágica da imaginação, do que pode ser ou poderia ter sido. Estar perto exige discernimento; enxergar exige cautela e maturidade. E devo dizer que no fim precisa-se de coragem para também não se tornar covarde. É preciso ter coragem pra ir, para vir. Para lutar, e para desistir. Pra ficar, ou então partir. Todos os dias, a todo instante precisa-se encontrar e lidar com faltas e nossos excessos. Afirmo então, como se fosse um convite a si, você busca perceber o quanto de coragem lhe falta ou lhe existe?
122 • EDITORA PALAVRA É ARTE
INSÔNIA É como uma festa não programada. É um caos. Euforia seguida de pânico. Uma montanha russa. É minha mente que roda entre ambições e desistências. É não conseguir de forma alguma fechar meus olhos e relaxar. Corpo formigando, cabeça trabalhando. E sigo cansando; dói e dá vontade de chorar, desenhar, escrever e chorar mais. É ter uma ideia incrível, mas também vê-la como perda de tempo e deixá-la morrer instantaneamente. É sonhar acordado e transformar o próprio sonho num pesadelo cruel. Seu nome é insônia. Toma conta de minhas madrugadas, me judia e me desgraça. Há dias deixa-me em paz, há dias que acaba comigo. Hoje faz doer até meus ossos, faz minhas pálpebras caírem e subirem instantaneamente. Faz meu corpo doer, me dá febre. Hoje me faz chorar em desespero, com preocupações triviais que transforma em tsunamis imensos. Sigo cansada. Sigo lutando. Irei lutar, pois acredito que você uma hora ceda e me permita descansar.
PROJETO POESIA NA ESCOLA • 123
124 • EDITORA PALAVRA É ARTE
A poesia não é um modo de libertar a emoção, mas uma fuga da emoção; não é uma expressão da própria personalidade, mas uma fuga da personalidade. T. S. Eliot PROJETO POESIA NA ESCOLA • 125
126 • EDITORA PALAVRA É ARTE
METAMORFOSE Sou uma metamorfose; Não ascendi de lagarta à borboleta Ao invés, perdi minhas asas e cores Não consigo mais voar, só rastejar Não espalho flores, nem tenho amores. Minha metamorfose foi deixar de amar; Quem me via, não vê mais E se nem eu consigo me reconhecer Por que alguém iria me entender? Sim, eu me transformei quando deixei de amar; Porém não sei quando, nem como Não acho que alguém saiba precisamente O momento em que deixou de amar Mas acho que tal qual a natureza da lagarta A natureza humana é de metamorfose. A diferença é que: Para a lagarta, é uma bênção. Para o homem, uma maldição.
PROJETO POESIA NA ESCOLA • 127
SUSTO! Tive um susto hoje! Olhei as nuvens e vi... nuvens! Olhei as árvores e vi... árvores! Onde estão os patos, as galinhas, os bebês, os jacarés e os pokémons? No céu, não! Onde está a mágica da imaginação? Pulverizada pela agitação! Onde estão as belezas da criação? Pelo homem viram a destruição! Onde está o pateta crianção? Perdido no mundo da produção. Melhor: onde está eu? Na destruição e Na regeneração! Na Perdição e Na Salvação!
128 • EDITORA PALAVRA É ARTE
CHOCOLATES Garoto, não abandone os seus Garotos Agarre o preto e doce Agarre-o como se fosse Branco e amargo Morda o redondo, o comprido Engula-os como comprimidos No fim, eles serão melhores Não seja reprimido O mundo acaba E você se delicia com os Garotos Os piores dos melhores. É Páscoa e você está oco É Páscoa e você não tem ovo Você não é ovo É o fim, seja maroto É o fim e você está sem Garotos. Aleluia! Shalom! Oxalá!
PROJETO POESIA NA ESCOLA • 129
ARMAS E FLORES Era jovem e imprudente Com vocação para machucar muita gente Era inocente, Mas os outros como dementes Jogaram-no às larvas Pediram-no para ficar nu. Agora, pode comer qualquer coração cru Agora, marcha em ruas de ouro Veste o melhor couro Longe daquele garoto Que chamavam de maroto E proibiam o choro. Agora, guerreia com armas e flores Munido de rancores, disparando terrores. Contra os que são os horrores. É o alívio dos tormentos E dos crimes horrendos Perecerá, é inevitável Perecerá como flores E perecerá como armas.
130 • EDITORA PALAVRA É ARTE
FLOR SELVAGEM FOGO SELVAGEM eu faísco queimo flamejo incendeio destruo sou uma chama de vela sou uma labareda uma fogueira sou uma floresta em combustão um fogo selvagem irmão da destruição Eu me controlo, me diminuo, me extingo De floresta em combustão, à procura de redenção À labareda, à fogueira de São João À chama de vela velha, aconchegante, queimo só o bastante Para te iluminar, sem te machucar. penso cresço arrombo minha cápsula cruelmente floresço sem convite porcamente perfumo sem glamour iluminando queimando destruindo como uma flor selvagem em combustão selvagem
PROJETO POESIA NA ESCOLA • 131
132 • EDITORA PALAVRA É ARTE