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Nutrição e o Idoso Bruna Gabriela Siqueira Souza Sudré

Aula 01

Nutrição e o Idoso

Diretor Executivo DAVID LIRA STEPHEN BARROS Diretora Editorial ANDRÉA CÉSAR PEDROSA Projeto Gráfico MANUELA CÉSAR ARRUDA Autor ANALICE OLIVEIRA FRAGOSO Desenvolvedor CAIO BENTO GOMES DOS SANTOS

Autora BRUNA GABRIELA SIQUEIRA SOUZA SUDRÉ Olá. Meu nome é Bruna Gabriela Siqueira Souza Sudré. Sou graduada em nutrição e mestre em ciência e tecnologia de alimentos, com experiência técnico-profissional na área de docência e tutoria EAD. Sou apaixonada pelo que faço e adoro transmitir minha experiência de vida àqueles que estão iniciando em suas profissões. Por isso fui convidada pela Editora Telesapiens a integrar seu elenco de autores independentes. Estou muito feliz em poder ajudar você nesta fase de muito estudo e trabalho. Conte comigo!

Iconográficos Olá. Meu nome é Manuela César de Arruda. Sou a responsável pelo projeto gráfico de seu material. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez que: INTRODUÇÃO: para o início do desenvolvimento de uma nova competência;

DEFINIÇÃO: houver necessidade de se apresentar um novo conceito;

NOTA: quando forem necessários observações ou complementações para o seu conhecimento;

IMPORTANTE: as observações escritas tiveram que ser priorizadas para você;

EXPLICANDO MELHOR: algo precisa ser melhor explicado ou detalhado;

VOCÊ SABIA? curiosidades e indagações lúdicas sobre o tema em estudo, se forem necessárias;

SAIBA MAIS: textos, referências bibliográficas e links para aprofundamento do seu conhecimento;

REFLITA: se houver a necessidade de chamar a atenção sobre algo a ser refletido ou discutido sobre;

ACESSE: se for preciso acessar um ou mais sites para fazer download, assistir vídeos, ler textos, ouvir podcast;

RESUMINDO: quando for preciso se fazer um resumo acumulativo das últimas abordagens;

ATIVIDADES: quando alguma atividade de autoaprendizagem for aplicada;

TESTANDO: quando o desenvolvimento de uma competência for concluído e questões forem explicadas;

SUMÁRIO Teorias do envelhecimento.................................................................. 12 Envelhecimento...............................................................................................................12 Teoria dos radicais livres......................................................................................... 13 Teoria da taxa metabólica...................................................................................... 14 Teoria do erro.................................................................................................................... 15 Teoria de Programa..................................................................................................... 15 Fatores de risco para o estado nutricional do idoso.............. 17 Fatores Socioeconômicos......................................................................................17 Fatores psicossociais.................................................................................................. 19 Alterações fisiológicas............................................................................................. 20 Efeitos secundários a medicamentos..........................................................21 Medicamentos x Alimentos..................................................................................22 Importância da nutrição na velhice...............................................................23 Mudanças fisiológicas durante o envelhecimento.................28 Alterações sensoriais.................................................................................................28 Sabor e Cheiro......................................................................................................28 Audição e Visão...................................................................................................29

Alterações Gastrointestinais................................................................................29 Alterações no sistema cardiovascular....................................................... 30 Alterações no sistema respiratório............................................................... 30 Alterações no sistema renal ............................................................................... 31 Alterações sistema hepatobilear..................................................................... 31 Alterações sistema nervoso central.............................................................32 Alterações sistema imune.....................................................................................32 Alterações sistema hematológico.................................................................32 Alterações na Composição Corporal..........................................................33 Problemas comuns de saúde durante o envelhecimento.... 35 Doença ocular..................................................................................................................35 Depressão........................................................................................................................... 36 Insuficiência Familiar.................................................................................................. 36 Lesão por pressão........................................................................................................37 Fragilidade e “dificuldade em Avançar”.....................................................37 Alzheimer............................................................................................................................ 38 Parkinson............................................................................................................................. 39 Doenças reumáticas.................................................................................................. 39

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01 UNIDADE

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INTRODUÇÃO Você sabia que a área da Nutrição é extremamente importante, e que alimentos podem tratar e prevenir doenças? Isso mesmo.

A

alimentação é o “combustível do corpo”, adotar uma alimentação de qualidade influenciará diretamente no funcionamento do organismo. Mais do que deliciosa, a alimentação precisa ser completa, variada e nutritiva, para que consigamos desempenhar nossas atividades do dia-a-dia, e ainda garantir longa expectativa de vida. Graças ao reconhecimento da importância de uma boa alimentação, surgiu o ramo da Nutrição. Independente do objetivo, seja para adquirir um estilo de vida saudável ou eliminar aqueles quilinhos a mais, a preocupação com a nutrição vem crescendo e se tornando rotina na vida das pessoas. Os alimentos são uma excelente ferramenta para melhorar a qualidade de vida de cada indivíduo em todos os ciclos da vida, principalmente na fase idosa, onde a nutrição pode auxiliar no tratamento e prevenção de patologias. Interessante, não é? Ao longo desta unidade letiva você vai mergulhar neste universo!

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OBJETIVOS Olá, seja muito bem-vindo a nossa Unidade 1, nosso objetivo é auxiliar você no desenvolvimento das seguintes competências profissionais até o término desta etapa de estudos: •• Compreender as principais teorias do envelhecimento; •• Entender quais são os fatores de risco para o estado nutricional do idoso; •• Entender quais são as mudanças fisiológicas que ocorrem durante o envelhecimento; •• Apreender sobre os problemas comuns de saúde durante o envelhecimento.

Vamos, então, rumo ao conhecimento. Bons estudos!

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Teorias do envelhecimento INTRODUÇÃO: Ao término deste capítulo você será capaz de entender quais são as teorias do envelhecimento. Isto será fundamental para o exercício de sua profissão. Todas as pessoas irão passar pelo processo de envelhecimento, porém sem os devidos cuidados nutricionais podem surgir algumas patologias durante a velhice. Vamos estudar um pouco a respeito? E então? Motivado para desenvolver esta competência? Então vamos lá. Avante!

Envelhecimento De acordo com a organização mundial da saúde, idoso é toda pessoa que tenha idade igual ou superior a 60 anos. Quando falamos sobre pessoas idosas é importante definirmos alguns conceitos.

DEFINIÇÃO: Longevidade: capacidade de atingir o ciclo de vida. Ciclo de vida: o máximo tempo de vida em potencial que os serem humanos conseguem viver. Expectativa de vida: tempo médio de vida projetado como restante para uma população de uma determinada idade (portanto muda à medida em que muda a idade do indivíduo). Senescência: alterações fisiológicas que ocorrem naturalmente no envelhecimento. É o envelhecimento bem sucedido Senilidade: alterações provocadas por afecções ou doenças que acometem o idoso.

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Mas o que é o envelhecimento? Por que algumas espécies de tartaruga conseguem viver 170 anos e um camundongo, somente 3? Por que alguns animais não aparentam sinais de envelhecimento enquanto os humanos podem aparentar uma idade muito além do que realmente tem, devido certas circunstâncias? Existem várias teorias que tentam explicar a o processo de envelhecimento, todas com bases fundamentadas. O mais provável é que o envelhecimento seja um processo sistêmico, que possa ser explicado pelo conjunto das teorias e não apenas uma isolada. As teorias do envelhecimento mais conhecidas são: teoria da taxa metabólica, teoria dos radicais livres, teoria de programa e teoria de erro, vamos conhecer um pouco sobre cada uma delas? Figura 1: Pessoa idosa ativa praticando exercício físico

Fonte: Freepik

Teoria dos radicais livres A teoria do envelhecimento via radicais livres foi proposta em 1956, por um médico gerontologista, chamado Denham Harman (é o médico que estuda os fenômenos fisiológicos, psicológicos e sociais relacionados ao envelhecimento do ser humano). Os radicais livres são formados pelo

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nosso corpo decorrente da metabolização do oxigênio pelo organismo. Eles são fundamentais para um bom funcionamento do organismo. Porém, quando em demasia, passam a afetar as células sadias. A teoria propõe que o envelhecimento é provocado pela toxicidade gerada pelos radicais livres. O radical livre atua como agente oxidante, e dessa forma o processo de oxidação danifica a membrana e a estrutura da célula, levando em casos extremos a morte celular. Dessa forma, podemos afirmar que a oxidação celular é um fator causador do envelhecimento. Essa teoria é considerada uma das mais robustas para explicar o processo do envelhecimento. Como estratégia para combater o envelhecimento precoce, está o consumo de alimentos ricos em antioxidantes, além da prática de atividade física regular, pois reduz a produção de radicais livres com a metabolização do oxigênio pelo organismo. As principais fontes de radicais livres externos ao corpo e que devem ser evitadas são: o consumo álcool, exposição a poluição, radiação, tabagismo e dieta rica em gordura.

VOCÊ SABIA? Os principais alimentos antioxidantes são: alimentos ricos em betacaroteno, licopeno, vitamina A, C, E, cobre, selênio e zinco, ou seja, uma gama enorme de alimentos, como amora, nozes, morango, café, uva, cereja, ameixa, repolho, laranja, brócolis, e muito mais!

Teoria da taxa metabólica Esta teoria se baseia que mamíferos de tamanho menor, tendem a possuir maiores taxas metabólicas, e dessa forma morrerem com uma idade inferior a mamíferos de maior porte. A teoria da taxa metabólica possui relação direta com a teoria dos radicais livres, pois acredita que quanto menor o mamífero menor sua expectativa de vida, pois haverá maior produção de radicais livres devido ao aumento do metabolismo.

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Figura 2: Envelhecimento

Fonte: Freepik

Teoria do erro Relaciona o envelhecimento com o dano ambiental ao modelo do DNA, levando a erros no programa genético, mutações e efeitos teratogênicos. A teoria sugere que o envelhecimento celular começa quando, de forma natural acontecem erros na transcrição e transporte de material genético. Esses erros na síntese de uma proteína podem ser utilizados na síntese de outras proteínas, dessa forma acumulando erros e proteínas potencialmente letais. Dessa forma haverá um comprometimento da renovação celular, e a longo prazo sérios problemas como patologias.

Teoria de Programa Esta teoria propõe que as células se reproduzem durante um certo número finito (programado de vezes) e depois morrem, ou seja, explica o envelhecimento através de fatores genéticos.

EXPLICANDO MELHOR: A velocidade com que uma espécie envelhece é predeterminada por seus genes, ou se preferirmos, os genes determinam quanto tempo as células viverão.

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Quem defende esta teoria acredita que as células do nosso organismo estão geneticamente programadas para morrer após um certo número de divisões celulares (mitose). Atingido esse número, seria então desencadeado o processo de morte, cujo momento estaria ligado a idade biológica, variando assim entre as diversas espécies.

SAIBA MAIS: Quer se aprofundar neste tema? Recomendamos o acesso à seguinte fonte de consulta e aprofundamento: Artigo: “Teorias biológicas do envelhecimento: do genético ao estocástico” (FARINATTI), acessível pelo link: https://bit.ly/2Xi8Gbz.

E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos resumir tudo o que vimos.

RESUMINDO: Você deve ter aprendido que a diferença entre o termo senescência que é envelhecer com as alterações fisiológicas da idade e senilidade que é o envelhecer com patologias. Você deve também ter aprendido que existem diversas teorias que buscam explicar o envelhecimento, são elas: teoria da taxa metabólica, teoria dos radicais livres, teoria de programa e teoria de erro, cada teoria busca uma explicação. A teoria dos radicais livres propõe que o envelhecimento é provocado pela toxicidade gerada pelos radicais livres. Já a teoria da taxa metabólica acredita que quanto menor o mamífero menor sua expectativa de vida, pois haverá maior produção de radicais livres devido ao aumento do metabolismo. A teoria do erro relaciona o envelhecimento com o dano ambiental ao modelo do DNA, levando a erros no programa genético, mutações e efeitos teratogênicos (chamamos de agente teratogênico tudo aquilo capaz de produzir dano ao embrião ou feto durante a gravidez). E a teoria do programa propõe que as células se reproduzem durante um certo número finito programado de vezes e depois morram.

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Fatores de risco para o estado nutricional do idoso INTRODUÇÃO: Ao término deste capítulo você será capaz de entender quais são os fatores de risco para o estado nutricional do idoso. Isto será fundamental para o exercício de sua profissão. Vamos estudar um pouco a respeito? E então? Motivado para desenvolver esta competência? Então vamos lá. Avante!

Fatores Socioeconômicos A partir da segunda metade do século XX, o aumento da longevidade constituiu-se um dos maiores êxitos, o envelhecimento da população apesar de representar um grande triunfo, também é um enorme desafio. Devido as mudanças no perfil epidemiológico da população brasileira, atualmente no nosso país coexistem algumas doenças tanto transmissíveis quanto crônico-degenerativas. São necessárias medidas e estratégias para prevenção e tratamento destas doenças e suas possíveis complicações. A população idosa brasileira apresenta um baixo poder aquisitivo, e essa condição financeira desfavorável, acaba impactando diretamente no estado nutricional do idoso, devido a aquisição de gêneros alimentícios de baixo custo, que podem apresentar qualidade inferior. O consumo inadequado de alimentos e nutrientes pode levar principalmente em idosos a um risco nutricional. De acordo com Florentino (2002), quanto menor é a renda, menor é a variedade e o poder de aquisição de alimentos, e o oposto também ocorre.

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Figura 3: Pessoa idosa fazendo compras de alimentos

Fonte: Freepik

O poder aquisitivo influencia diretamente no acesso aos alimentos, podendo dessa forma interferir no agravamento do estado nutricional das pessoas idosas que tem na maioria das vezes somente o seu salário mínimo como a principal fonte de renda fixa para o sustento de toda a família. Aqueles idosos que convivem com familiares ganham vários benefícios, como o apoio familiar, dessa forma reduzindo a solidão do idoso, reduzindo o estresse na saúde mental, porém por outro lado pode ocorrer conflitos intergeracionais o que pode acarretar na diminuição da auto estima, abalando o estado emocional e dessa maneira afetando o processo de alimentação.

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IMPORTANTE: Os idosos que apresentam um elevado poder aquisitivo também podem apresentar inadequação alimentar, e os motivos para tal fato são vários, como o isolamento social, a solidão e o fácil acesso a alimentos industrializados, dessa forma afetando a ingestão e adequação de alimentos levando o idoso ao risco nutriciona.

Fatores psicossociais Os

fatores

psicossociais

também

afetam

diretamente

na

alimentação do idoso esses fatores podem ser: imagem corporal distorcida, ausência de papel social, condições físicas precárias, perdas cognitivas e até a depressão. Ainda de acordo com Florentino (2002), o idoso que apresenta perda de apetite e até mesmo a recusa por se alimentar, pode indicar que há algum problema de saúde, colaborando para a deterioração do estado nutricional. O oposto também pode ocorrer. Fatores como ansiedade podem levar ao consumo excessivo de alimentos ,e consequentemente, ganho de peso. Quando o idoso se aposenta, a sua função na sociedade é reduzida e consequentemente sua valorização, fortalecendo o preconceito em relação a improdutividade, podendo dessa forma levar o idoso a um quadro de depressão que pode levar a falta de apetite, e consequentemente redução da ingestão de alimentos. A capacidade funcional está diretamente relacionada com a má ingestão de nutrientes, aqueles idosos que apresentam alguma limitação devido a enfermidades não conseguem preparar adequadamente suas refeições, e acabam consumindo os alimentos prontos para o consumo, que não apresentam os nutrientes necessários.

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Alterações fisiológicas Com o envelhecimento é comum as perdas sensoriais devida a vários fatores como o próprio envelhecimento, o uso de medicamentos, enfermidades, cirurgias, e até mesmo exposição ambiental. Com o passar dos anos as sensações de odor, paladar, audição, tato e visão diminuem. A hiposmia e a disgeusia iniciam-se cerca dos 60 anos e agravam-se com a idade, principalmente após os 70 anos.

DEFINIÇÃO: Hiposmia: é a diminuição do sentido do olfato. Disgeusia: distorção ou diminuição do senso do paladar.

Com a habilidade de sentir odores e gostos limitada pode ocorrer a redução do prazer associado à alimentação, além da interferência da seleção correta do alimento saudável, levando ao aumento dos riscos de envenenamento alimentar, consumo de alimentos deteriorados por micro-organismos ou até mesmo a exposição a substâncias químicas tóxicas do ambiente. As perdas de sentidos como audição e visão também podem interferir diretamente nas escolhas alimentares, além de limitar fisicamente o indivíduo que prepara as próprias refeições, diminuindo a ingestão adequada de nutrientes. O consumo alimentar e a nutrição do idoso pode ser afetado também pela questão da saúde oral. A redução da saúde oral pode ocorrer devido a: o aumento da cárie dental, uso de próteses mal ajustadas, as infecções periodontais, e a xerostomia.

DEFINIÇÃO: Xerostomia: a baixa produção de saliva pelas glândulas salivares.

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A xerostomia pode levar a redução da ingestão de alimentos, por levar a dificuldades tanto de mastigação quanto de deglutição, levando o idoso a evitar alguns tipos de alimentos, e dessa forma predispondo-o ao risco nutricional. A saliva além de umedecer a boca, também possui ação tamponante, ela neutraliza os ácidos bacterianos presentes na boca, apresentando ação cariostática, dessa forma os idosos que apresentam a xerostomia estão mais propensos a apresentarem cáries, devido à baixa produção de saliva. Com o avanço da idade também pode ocorrer alterações gastrointestinais como gastrite atrófica e a hipocloridria que pode levar à má absorção de nutrientes devido ao elevado crescimento bacteriano no intestino delgado. Entre idosos é frequente o relato de constipação intestinal, que tem entre suas principais causas: a baixa ingestão de líquidos e consumo de fibras, baixa ingestão de alimentos com energia adequada, a falta de atividade física, redução no número de refeições, além da depressão e fatores psicológicos.

Efeitos secundários a medicamentos Com a idade avançada surgem algumas patologias, e assim os idosos normalmente utilizam uma quantidade expressiva de medicamentos. A ingestão de diversos fármacos simultaneamente, pode levar os idosos a uma elevada incidência de interações medicamentosas, além de diversos efeitos colaterais. As mudanças fisiológicas durante o processo de envelhecimento influenciam diretamente nas concentrações de medicamentos e seu metabolismo, sendo que interação entre mais de um medicamento podem influenciar negativamente a capacidade funcional, bem como a habilidade psicomotora e cognitiva dos idosos. Os efeitos adversos de alguns medicamentos podem provocar sintomas como

como xerostomia, sialorreia, alterações do paladar,

diarreia, constipação, entre outros, podendo agravar o estado nutricional do idoso.

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DEFINIÇÃO: Sialorreia: secreção abundante de saliva.

Outro fato muito relevante é que alguns fármacos podem afetar a absorção de nutrientes ingeridos na dieta, agravando a má nutrição. Se deve ter grande atenção quando ocorrer múltipla prescrição medicamentosa, principalmente em relação as interações entre estes medicamentos e nutrientes.

Medicamentos x Alimentos Figura 4: frutas e verdura x medicamentos

Fonte: Freepik

Além de verificarmos a data de validade dos medicamentos antes de ingerirmos, também é importante conhecermos os efeitos de nutrientes, presentes em alimentos sobre a ação dos medicamentos.

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Diversos fatores podem interferir no funcionamento dos medicamentos são eles: idade do paciente, sexo, peso, condições clínicas, dose administrada, associação de mais de um medicamento, vitaminas, ervas, suplementos e alimentos. Alimentos fonte de cálcio, magnésio, zinco e ferro interferem na ação de alguns antibióticos, como tetraciclinas e quinolonas. Alimentos ricos em vitamina K, como as folhas verdes escuras, podem interferir na ação dos anticoagulantes como a varfarina, diminuindo sua eficácia e, consequentemente, favorecendo a formação de trombos. Aqueles pacientes que estão tomando medicamentos para o mal de Parkinson, tuberculose, infecções na pele, o ideal é evitar queijos tanto processados quanto maturados, e alimentos como vinhos, chocolate, fígado, passas, bananas em compota pois, estes alimentos apresentam em sua composição, a tiramina.

Importância da nutrição na velhice Os alimentos são extremamente importantes no tratamento e prevenção de doenças. A alimentação do idoso deve ser diferenciada, pois com o envelhecimento várias funções fisiológicas são alteradas. Além de alterações na dentição, que dificultam a mastigação, e até mesmo de locomoção; além das funções digestiva, absortiva, gástrica e intestinal que estão reduzidas. Os idosos ou seus cuidadores devem ter cuidado quanto ao consumo de carboidratos, como pães e massas; e às formas líquida ou pastosa, como as sopas. As proteínas são encontradas especialmente nas carnes, porém caso encontre alguma dificuldade em sua ingestão, temos algumas alternativas como leite, ovos e peixes. Em relação aos legumes, para facilitar a mastigação, devem estar bem cozidos e macios. Quanto às frutas e vegetais, podem ser ingeridos sob a forma de sucos. Na velhice é extremamente importante o acompanhamento e orientações de profissionais especializados. Ao elaborarmos um plano alimentar, devemos levar em consideração todas as patologias do paciente.

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Familiares e cuidadores devem estar sempre atentos aos hábitos alimentares dos idosos, sempre verificando tanto quantidades quanto variedades ingeridas a cada refeição, bem como sua frequência. Em caso de observar perda ou ganho de peso, se faz necessário avaliação médica para que assim as causas possam ser investigadas. 10 passos para alimentação saudável do idoso (Segundo BRASIL, 2015, a Caderneta de Saúde da Pessoa Idosa) 1) Faça três refeições ao dia (café da manhã, almoço e jantar) e, caso necessite, outras refeições nos intervalos; procure fazer as refeições principais (café da manhã, almoço e jantar) em horários semelhantes todos os dias. Nos intervalos entre essas refeições, prefira realizar pequenas refeições saudáveis, com alimentos frescos. Coma sempre devagar e desfrute o que está comendo, procurando comer em locais limpos e onde você se sinta confortável, evitando ambientes ruidosos ou estressantes. 2) Dê preferência aos grãos integrais e aos alimentos na sua forma mais natural. Inclua nas principais refeições alimentos como arroz, milho, batata, mandioca / macaxeira / aipim; Esses alimentos são as mais importantes fontes de energia e, por isso, devem ser o componente essencial das principais refeições, sendo consumidos preferencialmente em sua forma integral. As atividades de planejar as compras de alimentos, organizar a despensa doméstica e definir com antecedência o cardápio da semana podem contribuir para a satisfação com a alimentação. Em supermercados e outros estabelecimentos, utilize uma lista de compras para não comprar mais do que você precisa. 3) Inclua frutas, legumes e verduras em todas as refeições ao longo do dia; Frutas, legumes e verduras são ricos em vitaminas, minerais e fibras. Por essa razão, eles devem estar presentes diariamente na sua alimentação. O consumo desses alimentos contribui para diminuir o risco de várias doenças e ajuda a evitar a constipação (prisão de ventre). Feiras livres, “sacolões” ou

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“varejões” são uma boa opção para comprar alimentos frescos que estão na safra (época) e com menor custo. 4) Coma feijão com arroz, de preferência no almoço e jantar; Esse prato brasileiro é uma combinação completa e nutritiva e é a base de uma alimentação saudável. Varie os tipos de feijões usados (preto, manteiga, carioquinha, verde, de corda, branco e outros) e use também outros tipos de leguminosas (como soja, grão-de-bico, ervilha, lentilha ou fava). Se você tem habilidades culinárias, procure desenvolvê-las e partilhálas com familiares e amigos. Se você não tem habilidades culinárias, converse com as pessoas que sabem cozinhar, peça receitas a familiares, amigos e colegas, leia livros, consulte a internet e descubra o prazer de preparar seu próprio alimento. Para evitar o desperdício, cozinhe pequenas porções e congele sempre que possível para utilização em dias posteriores. 5) Lembre-se de incluir carnes, aves, peixes ou ovos e leites e derivados, em pelo menos uma refeição durante ao dia. Retirar a gordura aparente das carnes e a pele das aves antes da preparação torna esses alimentos mais saudáveis. Leite e seus derivados são ricos em cálcio, que ajuda no fortalecimento dos ossos. Já carnes, aves, peixes e ovos são ricos em proteínas e minerais. Quanto mais variada e colorida for a sua alimentação, mais equilibrada e saborosa ela será. 6) Use pouca quantidade de óleo, gorduras, açúcar e sal no preparo dos alimentos; Esses ingredientes culinários devem ser usados com moderação para temperar alimentos e para criar preparações culinárias. Procure evitar o açúcar e o sal em excesso, substituindo-os por temperos naturais (como cheiro-verde, alho, cebola, manjericão, orégano, coentro, alecrim, entre outros) e optando por receitas que não levam açúcar na preparação. 7) Beba água mesmo sem sentir sede, de preferência nos intervalos das refeições;

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Nutrição e o Idoso A quantidade de água que precisamos ingerir por dia é muito variável e depende de vários fatores, incluindo a idade e o peso da pessoa, a atividade física que ela realiza e o clima e a temperatura do ambiente onde vive. É importante estar atento(a) ao consumo diário de água para evitar casos de desidratação, principalmente em dias muito quentes. Vale lembrar que bebidas açucaradas, como refrigerantes e sucos industrializados, não devem substituir a água. Uma dica é aromatizar a água com hortelã ou frutas, como rodelas e cascas de laranja ou limão. 8) Evite bebidas açucaradas (refrigerantes, sucos industrializados e chás gelados), bolos e biscoitos recheados, doces, sobremesas doces e outras guloseimas como regra de alimentação; Produtos ultraprocessados (como biscoitos recheados, guloseimas, “salgadinhos”, refrigerantes, sucos industrializados, sopa e macarrão “‘instantâneos”, “tempero pronto”, embutidos, produtos prontos para aquecer) devem ser evitados ou consumidos apenas ocasionalmente. Embora convenientes e de sabor pronunciado, esses produtos ultraprocessados tendem a ser nutricionalmente desequilibrados e, em sua maioria, contêm quantidades elevadas de açúcar, gordura e sal 9) Fique atento às informações nutricionais dos rótulos dos alimentos para favorecer a escolha de produtos alimentícios mais saudáveis; Os rótulos dos produtos processados e ultraprocessados (como biscoitos, pães de forma, iogurtes, barras de cereais, entre outros) são uma forma de comunicação entre esses produtos e os consumidores e contêm informações importantes sobre sua composição. Outras formas de esclarecimento podem surgir no diálogo com outras pessoas no local de compra, por meio do serviço de atendimento ao consumidor (SAC) ou até mesmo em uma consulta com um profissional de saúde. Mas fique atento: as informações, orientações e mensagens sobre alimentação veiculadas em propagandas comerciais geralmente visam aumentar a venda de produtos e não informar.

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10) Sempre que possível, coma em companhia. A companhia de familiares, amigos ou vizinhos na hora da refeição colabora para comer com regularidade e atenção, proporciona mais prazer com a alimentação e favorece o apetite. Escolha uma ou mais refeições na semana para desfrutar da alimentação em companhia, mantendo o convívio social com as pessoas próximas.

SAIBA MAIS: Quer se aprofundar neste tema? Recomendamos o acesso à seguinte fonte de consulta e aprofundamento: Artigo: “Fatores associados ao estado nutricional no envelhecimento” (PEREIRA,2006), acessível pelo link https://bit.ly/38rnMgf.

E então? Gostou do que foi apresentado? Entendeu mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos resumir tudo o que vimos.

RESUMINDO: Você deve ter aprendido quais são os fatores de risco que afetam o estado nutricional do idoso, eles são vários: 1) Fatores socioeconômicos que vão interferir diretamente na escolha dos alimentos, aqueles que possuem baixa renda podem se encontrar em um idoso com risco nutricional;2) Fatores psicossociais afetam diretamente a alimentação do idoso esses fatores podem ser: imagem corporal distorcida, ausência de papel social, condições físicas precárias, perdas cognitivas e até a depressão; 3) Alterações fisiológicas também influenciam diretamente na alimentação, elas são várias, olfativas, visuais, auditiva e gástricas; 4) Efeitos secundários a medicamentos afetam na alimentação pois devido aos sintomas adversos os idosos podem ter seu estado nutricional agravado!

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Mudanças fisiológicas durante o envelhecimento INTRODUÇÃO: Ao término deste capítulo você será capaz de entender quais são as mudanças fisiológicas que ocorrem no organismo durante o envelhecimento. Isto será fundamental para o exercício de sua profissão. Vamos estudar um pouco a respeito? E então? Motivado para desenvolver esta competência? Então vamos lá. Avante!

Alterações sensoriais Com o envelhecimento cada idoso possui alterações do paladar, visão, odor, audição e tato em proporções individualizadas. Com a visão prejudicada e perda da audição e até mesmo coordenação fazem com que o idoso reduza a ingestão de alimentos, podendo se encontrar em situação de risco alimentar.

Sabor e Cheiro O grau de perda da capacidade sensorial está relacionado com vários fatores, como a genética, o meio ambiente e o estilo de vida do idoso. As alterações de paladar, olfato e toque podem acarretar a redução do apetite, e as escolhas alimentares não apropriadas além da ingestão inadequada de nutrientes.

DEFINIÇÃO: Disgeusia: paladar alterado. Hiposmia: diminuição do olfato.

Disgeusia e hiposmia são atribuídos ao processo natural de envelhecimento, porém pode ocorrer devido a outros fatores como o uso de medicamentos.

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Com os limiares do paladar e olfato elevados, os idosos tendem temperar em demasia os alimentos, principalmente adicionando o sal em o que pode gerar um efeito negativo.

Audição e Visão Cerca de um entre quatro idosos precisa usar aparelho auditivo. A exposição cumulativa aos barulhos diários como os do tráfego, construção, música alta, barulhos do escritório e máquinas, causam alterações no interior do complexo auditivo. Esta mudança não acontece de uma hora para outra, mas sim vagarosamente, e com o passar dos anos, sendo que as pessoas podem não perceber que esta perda está acontecendo. As deficiências de algumas vitaminas estão correlacionadas com a participação na perda da audição, como a vitamina B12 presente em alimentos de origem animal, a sua deficiência está relacionada a ruídos nos ouvidos. Com o passar dos anos, a visão das pessoas vai mudando, mas não é normal a sua perda, para a maioria das pessoas basta somente utilizar óculos para correção.

Alterações Gastrointestinais Com o aumento da idade, ocorre a atrofia da língua ou perda de papilas gustativas, dessa forma reduzindo o paladar, ocasionando redução no prazer de se alimentar. Dentes podem apresentar mais frágeis com possível perda e consequente uso de próteses que podem interferir na mastigação e consequentemente na escolha de alimentos menos nutritivos. No estômago ocorre a diminuição na produção de ácido clorídrico, dificultando a digestão; e aumentando o tempo de esvaziamento gástrico. No pâncreas, os níveis de insulina no sangue aumentam e a sensibilidade ao hormônio diminui, podendo levar a diabetes tipo 2 e a intolerância à glicose.

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Nutrição e o Idoso Ocorre redução das vilosidades do intestino e possível redução

na absorção de algumas vitaminas, ferro, cálcio e vitamina D. Devido a isto pode acarretar uma maior predisposição a diarreia e osteopenia .

DEFINIÇÃO: Osteopenia: é uma condição fisiológica característica pela diminuição da densidade mineral, principalmente de cálcio e fósforo dos ossos, precursora da osteoporose.

Em relação à função orgânica, ocorre alterações como o aumento da gordura corporal e redução da massa muscular magra. Com a elevada idade ocorre a redução do gasto de energia diária. Com a redução da água corporal os órgãos encolhem, e também ocorre redução da estatura e do peso.

Alterações no sistema cardiovascular Com o envelhecimento, o coração tende a aumentar um pouco seu tamanho a desenvolver paredes mais espessas. Quando em repouso, o coração de uma pessoa idosa funciona quase da mesma maneira que um coração de um jovem, porém ocorre uma diminuição na frequência cardíaca (número de vezes que o coração bate em um minuto). Com o envelhecimento, as artérias e as arteríolas se tornam menos elásticas e não conseguem relaxar tão rapidamente durante o bombeamento rítmico do coração. Dessa forma quando o coração se contrai a pressão arterial se eleva.

Alterações no sistema respiratório Com o passar dos anos, o aumento na rigidez da caixa torácica, perda de retração elástica dos pulmões, e diminuição significativa da força dos músculos respiratórios, levam há uma redução gradual da função pulmonar em indivíduos idosos. Diversos fatores podem prejudicar a função pulmonar, sendo, agravantes do processo de envelhecimento: o tabaco, a poluição

Nutrição e o Idoso do ambiente, doenças pulmonares diferenças socioeconômicas.

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pré-existentes e até mesmo as

Entre as principais alterações fisiológicas do aparelho respiratório destacam-se: •• Perda das propriedades de retração elástica do pulmão; •• Enrijecimento da parede torácica; •• Diminuição da potência motora e muscular. A maior alteração encontrada no pulmão do idoso é a redução do tamanho da via aérea.

Alterações no sistema renal Com o envelhecimento ocorre uma redução lenta porém constante do peso dos rins. Apesar das alterações que ocorrem relacionadas com a idade, a função renal está em condições suficiente para satisfazer as necessidades do organismo. As alterações que se manifestam com a idade não causam nenhuma patologia.

VOCÊ SABIA? O sistema renal tem a função de redução do potencial de armazenar Na+ e excretar H+, além de diminuir a capacidade de regular fluido e balanço ácido básico.

Na velhice, incontinência urinária é comum, ela pode ser definida como a perda involuntária de qualquer quantidade de urina. Muitas vezes a incontinência urinária é omitida pelos pacientes, por apresentarem vergonha sobre a situação. A incontinência pode interferir muito na qualidade de vida, levando ao isolamento social, ansiedade e depressão, com aumento de risco de quedas e fraturas.

Alterações sistema hepatobilear Com o envelhecimento a capacidade do fígado para metabolizar várias substâncias diminui. Como consequência, medicamentos não são inativados com tanta rapidez em pessoas idosas como o são nos mais jovens. Dessa forma como consequência, uma dose de medicamento

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que não teria efeitos colaterais nos jovens, pode provocar efeitos colaterais relacionados à dose em pessoas idosas. Com o avançar da idade algumas alterações ocorrem no sistema hepatobilear sendo as principais alterações: •• •• •• ••

Proliferação do ducto biliar; Redução do número total e peso de hepatócitos; Redução do fluxo sanguíneo hepático; A síntese proteica permanece preservada;

Alterações sistema nervoso central A partir dos 80 anos se observa um declínio sobre a função intelectual. A velocidade de redução do funcionamento do cérebro pode ser influenciada pelas pessoas. [[Exemplo]]: A atividade física reduz a perda de células nervosas em áreas do cérebro envolvidas na memória, já a bebida alcóolica pode acelerar o declínio do funcionamento do cérebro. O funcionamento do cérebro varia normalmente com o envelhecimento. Na infância, a capacidade de pensar e raciocinar é maior, porém na velhice o funcionamento do cérebro diminui.

Alterações sistema imune Com o avanço da idade, ocorre o declínio da competência imune. Ocorrendo um aumento da suscetibilidade a infecções. O sistema imunológico aos poucos começa a perder a sua capacidade de distinguir o que é próprio do que não é próprio do seu organismo e por consequência tornam-se mais frequentes os distúrbios autoimunes. O idoso apresenta uma frequência aumentada de doenças infecciosas, crônicas, neoplásicas, processos inflamatórios exacerbados e alterações de autoimunidade. Todas essas doenças são muito influenciadas pelas alterações no sistema imunológico.

Alterações sistema hematológico As doenças hematológicas são aquelas que afetam o sangue e os elementos presentes no sangue: hemácias (glóbulos vermelhos), leucócitos (glóbulos brancos) e plaquetas, e também a medula óssea, gânglios linfáticos e baço. Que são os órgãos onde o sangue é produzido.

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A anemia é a alteração hematológica comum em toda população brasileira e mais frequente na população idosa, ela é definida como uma redução na concentração de hemoglobina (Hb), e pode ser causada por múltiplos fatores. Diferente da anemia dos adultos, a anemia em idosos não é muitas vezes diagnosticada, nem atribuída a um único fator, pois pode estar associada a uma série de causas como: inflamação, insuficiência renal, deficiência de e deficiências nutricionais.

Alterações na Composição Corporal Com o passar do tempo a composição corporal muda. A massa de gordura e a gordura visceral podem se elevar, enquanto a massa muscular cai.

DEFINIÇÃO: Sarcopenia: é o processo natural e progressivo de perda de massa muscular (músculos), característico do envelhecimento.

A sarcopenia ocorre nos idosos que apresentam perda de massa muscular, força e da funcionalidade, podendo ser prejudicial a qualidade de vida do idoso, por reduzir sua mobilidade. A redução da prática de atividade física pode acelerar a sarcopenia, porém a musculação pode diminui-la.

DEFINIÇÃO: Obesidade sarcopênica: é a perda de massa muscular em idosos obesos.

Juntos, o excesso de massa corporal e a perda de massa muscular, sem a prática de atividade física, consequentemente, aceleram a sarcopenia. Um número pequeno de idosos fazem o mínimo recomendado de 30 ou mais minutos de atividades físicas por 5 ou mais dias por

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semana. De acordo com Centers for Disease Control and Prevention (2006), apenas 22% dos adultos com mais de 65 anos de idade relatam praticarem atividade física regular.

SAIBA MAIS: Quer se aprofundar neste tema? Recomendamos o acesso à seguinte fonte de consulta e aprofundamento: Artigo: “O PROCESSO DE ENVELHECIMENTO: AS PRINCIPAIS ALTERAÇÕES QUE ACONTECEM COM O IDOSO COM O PASSAR DOS ANOS” (FECHINE,2012), acessível pelo link: https://bit.ly/2t7cv1r.

E então? Gostou do que foi apresentado? Entendeu mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos resumir tudo o que vimos.

RESUMINDO: Você deve ter aprendido sobre as mudanças fisiológicas durante o envelhecimento, essas mudanças envolvem alterações sensoriais como diminuição ou perda do olfato, paladar, audição e visão, alterações gastrointestinais influenciam diretamente no estado nutricional do idoso. Com o envelhecimento, no sistema cardiovascular as artérias e as arteríolas se tornam menos elásticas e não conseguem relaxar tão rapidamente durante o bombeamento rítmico do coração, elevando a pressão arterial. Também ocorrem alterações no sistema respiratório com perda da retração dos pulmões e diminuição da força dos músculos respiratórios, durante o envelhecimento também ocorrem alterações no sistema renal, hepatobilear, sistema nervoso central, sistema imune, sistema hematológico e composição corporal, todas estas alterações influenciam no estado nutricional do idoso.

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Problemas comuns de saúde durante o envelhecimento INTRODUÇÃO: Ao término deste capítulo você será capaz de entender os problemas comuns de saúde durante o envelhecimento. Isto será fundamental para o exercício de sua profissão. Vamos estudar um pouco a respeito? E então? Motivado para desenvolver esta competência? Então vamos lá. Avante!

Doença ocular Com o envelhecimento surgem diversas doenças oculares, algumas ligadas a patologias como a retinopatia diabética, e outras ligadas a idade como a catarata e o glaucoma. Uma das principais causas de cegueira em pessoas com mais de 65 anos é a degeneração macular relacionada com a idade (DMRI), e o resultado é a perda da visão central, porém uma alimentação diversificada em frutas e vegetais pode ajudar a retardar ou prevenir o desenvolvimento da DMRI. Já o glaucoma, é outra doença ocular que se dá devido a uma lesão no nervo óptico em razão da pressão alta ocular. Hipertensão arterial sistêmica e diabetes melito aumentam o risco de desenvolvimento de glaucoma. Catarata é uma das doenças oculares na idade avançada, ela ocorre devido a opacificação da lente natural do olho. Uma alimentação variada, rica em antioxidantes como betacaroteno, selênio, resveratrol e vitaminas C e E (laranja, abobora, cenoura, beterraba, castanhas, amendoim, uva, etc) pode retardar o desenvolvimento da catarata. A retinopatia diabética é outro tipo de doença ocular que afeta os idosos, e está associada a complicação do diabetes mellitus (é uma doença caracterizada pela elevação da glicose no sangue). A perda de visão pode afetar negativamente o estado nutritivo, pois os idosos com perda de visão podem apresentar dificuldades desde as compras quanto no preparo dos alimentos e na auto alimentação.

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Nutrição e o Idoso Figura 5: Pessoa idosa usando óculos de grau.

Fonte: Freepik

Depressão A depressão em idosos muitas vezes não é diagnosticada ou é mal diagnosticada, porque os sintomas são confundidos com outras doenças como Alzheimer e demências. Entre as pessoas idosas, a depressão pode ser resultado de outras patologias, como doenças cardíacas, acidente vascular encefálico, diabetes melito, câncer, tristeza e estresse. Quando não cuidada, a depressão pode causar sérios efeitos colaterais, como a diminuição dos prazeres da vida, como a alimentação. A depressão pode estar associada à falta de apetite, perda de massa corporal e fadiga. É necessário um cuidado nutricional frequente, oferecer alimentos ricos em nutrientes e calorias, líquidos adicionais, alimentos com textura modificada se necessário e alimentos favoritos nos melhores horários, nos quais as pessoas estão mais predispostas a ingerir maiores quantidades. É importante considerar que, para muitos idosos, o início de um processo demencial do tipo Alzheimer pode se iniciar com sintomas depressivos.

Insuficiência Familiar A insuficiência familiar é caracterizada como a perda da capacidade da família para prover os cuidados e dar todo apoio e suporte que o idoso necessita. É na família que o indivíduo busca amparo e refúgio. A

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família é o local onde as pessoas aprendem sobre saúde e doença e onde a maior parte do cuidado é dada ou recebida no decorrer da vida. Consequentemente, a família tem grande potencial como aliada tanto na manutenção quanto na recuperação da saúde.

Lesão por pressão Lesão por pressão são lesões causadas pela pressão contínua em um determinado local, que afeta o fluxo sanguíneo capilar para a pele e os tecidos. O idoso que apresenta quadros de desnutrição e subnutrição, pode apresentar demora na cicatrização das lesões. As lesões por pressão surgem principalmente sobre as proeminências ósseas e onde há diminuição de tecido adiposo, diversos fatores contribuem para a formação de lesões de pressão, porém o principal é a falta de mobilidade, incontinência urinária ou fecal, déficit cognitivo e alterações de sensibilidade. Figura 6: Pessoa idosa acamada

Fonte: Freepik

Fragilidade e “dificuldade em Avançar” A “dificuldade geriátrica em avançar” incluem diversos sintomas, como: deficiência nas funções físicas, desnutrição, depressão e prejuízos cognitivos, que podem levar a redução de massa magra, diminuição de apetite, nutrição deficiente, desidratação, inatividade e deficiência nas funções imunológicas.

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Alzheimer A doença de Alzheimer é uma doença que acontece no cérebro, está relacionada a morte das células cerebrais e a atrofia do cérebro. No início da doença começa a atingir a memória e, progressivamente, as demais funções mentais. Os

doentes

de Alzheimer quase

sempre

evoluem

para

incapacidade de realizar tarefas simples, até mesmo o reconhecimento dos rostos familiares, e quase sempre ficam acamados. Alzheimer é uma doença que está relacionada com a idade, afetando as pessoas com mais de 50 anos, que tem como estimativa de vida entre os 2 e 15 anos. A causa da doença de Alzheimer ainda não é bem definida.

IMPORTANTE: Como deve ser a alimentação de uma pessoa com Alzheimer? Sente o doente com o tronco bem ereto e a cabeça firme; Não converse com o idoso durante a refeição; Dê-lhe tempo para comer tranquilamente e não o contrarie se ele quiser comer com a mão; Ofereça pequenas porções de alimentos sólidos, ou se necessário modifique a consistência para alimentos amassados ou batidos; Faça-o mastigar bem e assegure-se de que a boca permanece fechada durante a mastigação e a deglutição. Verifique se há restos de alimentos na boca; Higienize a boca depois de cada refeição para evitar que restos de alimentos passem para os pulmões. Deixe o idoso sentado durante 20 minutos após a refeição.

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Parkinson A doença de Parkinson é um dos distúrbios do movimento que mais acomete os idosos. É caracterizada por quatro sinais típicos, como: tremor, rigidez, instabilidade postural e bradicinesia (lentificação de reflexos e movimentos do corpo). A doença de Parkinson é um desequilíbrio do sistema nervoso central afetando centenas de pessoas. A doença de Parkinson não é comum em pessoas com idade inferior a 30 anos, porém ela pode aparecer em qualquer idade, com o avanço da idade os riscos aumentam, todas as pessoas podem ser afetadas, mas a doença está mais propensa a acometer pessoas do sexo masculino. Como deve ser alimentação de uma pessoa com Parkinson?? Devido aos sintomas da doença, pode ocorrer perda de peso involuntário, dificuldades de mastigação, podendo levar até mesmo a desnutrição. São necessários cuidados nutricionais específicos,

para que

ocorra a manutenção do peso, ingestão de Kcal, proteínas e vitaminas adequadas, prevenção do controle de constipação e adaptação do paciente que pode possuir problemas motores. Estudos presentes na literatura demonstram que a exclusão da carne vermelha e a suplementação de vitamina B12 na dieta de idosos com Parkinson tem efeito positivo.

Doenças reumáticas São doenças e alterações funcionais que acometem o sistema musculoesquelético de causa não traumática. Há diversos tipos de doenças reumáticas como:

as doenças

inflamatórias do sistema musculoesquelético, as doenças degenerativas das articulações periféricas e da coluna vertebral, do tecido conjuntivo e as doenças metabólicas ósseas e articulares. As mulheres a partir dos 65 anos, são quem mais sofre com as doenças reumáticas. As principais doenças reumáticas são: •• Osteoartrose; •• Artrites idiopáticas (com causa desconhecida) juvenis;

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Nutrição e o Idoso •• Raquialgias (dores na coluna vertebral); •• Espondilartropatias (doenças inflamatórias da articulação da

coluna vertebra); •• Artrite reumatoide (doença inflamatória crônica, autoimune, que afeta as articulações); •• Osteoporose (condição na qual os ossos se tornam frágeis e quebradiços); •• Fibromialgia (Dor e fraqueza muscular generalizada).

IMPORTANTE: Como deve ser alimentação de uma pessoa com Doenças reumáticas? Alimentar-se de forma saudável e reduzir ou manter peso adequado com a finalidade de não sobrecarregar as articulações; É necessário a redução do consumo de gorduras saturadas, trans, açúcar e farinha refinadas, pois estes alimentos pioram o estado inflamatório; O sódio aumenta o edema, então é interessante reduzir do consumo do sódio, muito presente em: sal, temperos e condimentos artificiais, embutidos, alimentos em conserva, preparações industrializadas e snacks; Alguns medicamentos reduzem a absorção de cálcio pelo organismo, gerando fragilidade óssea, então dessa forma, se deve aumentar a ingestão de alimentos ricos em cálcio. É necessário elevar o consumo de alimentos com ações imunomodulatória e antioxidante, como: as vitaminas A e C (frutas cítricas e hortaliças vermelhas, alaranjadas e verde escuras), Zinco/Selênio (grãos integrais, carnes, lácteos e castanhas em geral), vitamina E( óleos de girassol, de amendoim e de soja; ovos, abacate, folhosos verde escuros, nozes, sementes e gérmen de trigo); Os alimentos fonte ômegas 3 e 9 têm importante ação anti-inflamatória; (sardinha, atum, salmão, arenque, azeite extravirgem, abacate, aveia, linhaça, castanha do Brasil, nozes e avelãs).

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SAIBA MAIS: Quer se aprofundar neste tema? Recomendamos o acesso à seguinte fonte de consulta e aprofundamento: Artigo: “Aspectos fisiopatológicos do envelhecimento humano e quedas em idosos” (ESQUENAZI,2013), acessível pelo link https://bit.ly/2UPH376.

E então? Gostou do que foi apresentado? Entendeu mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter aprendido sobre os problemas comuns de saúde durante o envelhecimento. Os principais problemas de saúde são: doenças oculares, depressões, úlcera por pressão, fragilidade e dificuldade em avançar, Alzheimer, Parkinson e doenças reumáticas, todas elas podem interferir diretamente no estado nutricional do idoso.

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BIBLIOGRAFIA BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Caderneta da pessoa idosa. 4ª edição. Brasília: Ministério da Saúde, 61p, 2017. CENTER FOR DISEASE CONTROL AND PREVENTION (CDC). Promoting better health for young people through the physical activity and sports: a report to the president from the secretary of heal than human services and the secretary of education. Disponível em :http://www.cdc. gov/nccdphp/dash/healt htopics/phyical_activity/promoting_health/ pdfs/ppa r.pdf, 2004.Acesso em 17 de junho de 2019. ESQUENAZI. D. Aspectos fisiopatológicos do envelhecimento humano e quedas em idosos. Revista Hospital Universitário Pedro Ernesto. v.13. pp.11-20, 2014. FARINATTI.P.T.V. Teorias biológicas do envelhecimento: do genético ao estocástico. Ver. Bras. Med. Esporte, Niterói , v. 8, n. 4, p. 129138, 2002 Disponível em: . acesso em 17 Junho 2019. FECHINE B.R.A,. O processo de envelhecimento: as principais alterações que acontecem com o idoso com o passar dos anos. Rev Cient Int.v.20, n.1. pp.106-32, 2012. FLORENTINO A. M. Influência dos fatores econômicos, sociais e psicológicos no estado nutricional do idoso. In: Frank AA, Soares EA. Nutrição no envelhecer. São Paulo: Atheneu. p.3-11, 2002. PEREIRA.

Fatores

associados

ao

estado

nutricional

no

envelhecimento. Rev. Médica de Minas Gerais. v. 16, n. 3, p. 160, 2006. Disponível em : http://rmmg.org/artigo/detalhes/277. Acesso em 17 de Junho de 2019.