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Story Transcript

Produção Textual

19 Capítulo



A importância da coesão e da coerência para a redação



Coesão referencial e coesão sequencial

COESÃO

© Dreamstock | Dreamstime.com

A Biologia e a Química nos ensinam algumas características da molécula de água, entre elas a coesão, que é a capacidade que essas moléculas têm de se manterem unidas a partir de ligações de hidrogênio. A coesão, nesse sentido, tem a ver com correlação, conexão entre moléculas, o que as torna uma unidade. Neste capítulo veremos como esse conceito simples também pode ser aplicado à comunicação quando queremos construir e expor ideias em uma redação.

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Objetivos de aprendizagem / Habilidades da BNCC: –

Compreender o valor da coesão para a dissertação argumentativa.



Reconhecer e aplicar as diferentes ferramentas de coesão referencial e da coesão sequencial.



(EM13LP02)



(EM13LP06)

Acesse aqui o vídeo explicativo.

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1. A importância da coesão e da coerência para a redação Na abertura deste capítulo vimos uma analogia simples sobre a coesão, que significa conexão, ligação. Dentro de um texto, as interações entre ideias ocorrem exatamente da mesma forma que as moléculas de água: a relação bem feita entre partes do texto permitem uma construção textual consistente. A partir da coesão leitores e leitoras conseguem perceber o texto como unidade, ainda que os seus parágrafos sejam independentes em suas informações. A coesão e a coerência trabalham juntas: a primeira no campo formal, e a segunda, no ideal. Veja uma definição de ambos os conceitos: A coesão refere-se aos modos como os componentes do texto, isto é, as palavras que ouvimos ou vemos, estão ligadas dentro de uma sequência harmoniosa. A coerência refere-se aos modos como os componentes do texto se unem em uma configuração de maneira reciprocamente acessível e relevante. Assim, a coerência é o resultado de processos cognitivos operantes entre os usuários e não mero traço dos textos. Seria a lógica interna do texto e a transmissão de sua mensagem. FÁVERO, Leonor Lopes. Coesão e coerência textuais. São Paulo: Ática; 2002. Adaptado.

Portanto, coesão e coerência, em um texto, devem ser harmônicos. A falta de coesão (assim como o uso inadequado de elementos conectores) pode tornar um texto confuso, o que, por sua vez, transmitirá a sensação de incoerência. Há, na construção de um texto, duas maneiras de construir coesão: evitando repetições a partir do que chamamos de coesão referencial e estabelecendo ligações mais diretas com a coesão sequencial.

2. A coesão referencial A coesão referencial é aquela em que um componente da superfície do texto faz remissão a outro(s) elemento(s) nela presentes ou inferíveis a partir do universo textual. A noção de elemento de referência é, neste sentido, bastante ampla, podendo ser representado por um nome, um sintagma, um fragmento de oração, uma oração ou todo um enunciado. KOCH, Ingedore G.V. A coesão textual. São Paulo: Contexto, 2010. Adaptado.

Pode-se perceber, então, que a coesão referencial é responsável por criar relações no texto a partir de referenciações – evitando, assim, repetições entre as diferentes partes de uma mesma produção. Observe o exemplo:

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Coesão Joaquim precisava comprar uma camisa. Joaquim foi ao shopping para comprar uma camisa. Não é difícil notar que a segunda frase sobre Joaquim é excessivamente repetitiva. Há, porém, algumas ferramentas que podem melhorá-la: • Seria interessante, em primeiro lugar, trocar o substantivo “Joaquim” pelo pronome “ele” – ou remover o substantivo, uma vez que a informação passada no segundo período já deixa claro, de certa forma, que o sujeito também é Joaquim. • Para evitar a repetição de “comprar uma camisa”, seria viável retirar “camisa” ou “uma camisa” do período. Assim como no caso anterior, usa-se a elipse – ou o zeugma – para evitar a repetição de termos. A construção, então, poderia ser modificada para esta(s) forma(s): Joaquim precisava comprar uma camisa. [Ele] Foi ao shopping para comprar [uma]. Os pronomes do caso reto e as elipses são ferramentas importantes para a construção da coesão referencial. Não são, porém, as únicas: há elementos recorrentes chamados articuladores lógico-textuais que também podem ajudar. Veja: 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10. 11. 12. 13. 14.

Pronomes do caso oblíquo. Uma parte do nome ou só o sobrenome. Perífrases. Um termo genérico, ou seja, uma palavra que tem sentido mais amplo do que a que ela substitui. Associações. Um termo que engloba todos os anteriores. Sinônimos ou quase sinônimos (ou coesão lexical). Paráfrase. Numerais. Advérbios pronominais (aí, aqui, ali, lá). Nominalizações. Pronomes demonstrativos. Pronomes possessivos. Pronomes relativos (que, cujo, o qual e suas variantes). VIANA, Antônio Carlos. Guia de redação: escreva melhor. São Paulo: Scipione Didáticos, 2011. Adaptado.

Por meio da utilização adequada desses articuladores lógico-textuais, um texto ganha unidade, clareza e harmonia, condições indispensáveis para a compreensão da mensagem. Da lista que acabamos de ler, os pronomes, os sinônimos e os termos genéricos são os mais frequentemente utilizados. Por isso, veremos em detalhes cada uma dessas ferramentas a seguir.

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2.1. Os pronomes na coesão Pronomes pessoais do caso reto e do caso oblíquo, pronomes demonstrativos, pronomes possessivos e pronomes relativos são articuladores lógico-textuais que têm por objetivo representar ou especificar um nome, um substantivo. Assim, é imprescindível que, ao fazer uso de um pronome, esteja bem claro a que nome ou termo ele se relaciona. Um dos problemas de coesão causado pelos pronomes retos e oblíquos é a não identificação clara do nome substituído. Veja o seguinte exemplo: João tem um filho chamado Carlos. Ele trabalha muito para ajudar a família. O pronome “ele” se refere a João ou a Carlos? A primeira ideia que temos é de que se refere ao substantivo masculino imediatamente anterior, ou seja, Carlos. Também a ideia implícita em “ajudar” nos faz pensar no filho, e não no pai, a quem, naturalmente, não caberia “ajudar”, mas “sustentar”. A exigência de tanta reflexão sobre a quem o pronome se refere já é, por si só, uma falha na coesão, que deve passar quase despercebida. Os pronomes possessivos (meu/ minha, teu/ tua, seu/ sua, nosso/ nossa, vosso/ vossa, dele/ dela, seus/ suas etc.) também podem causar ruídos. Isso se dá, na maioria dos casos, quando há referências distintas presentes no mesmo período, o que faz com que o uso de “seu”, “sua”, “seus”, “suas”, “dele”, “deles”, “dela” e “delas” entre outros, gere dúvidas sobre o sujeito a que o pronome se refere. É o que se dá em: Marta e Cláudia discutiram por causa de seu descuido com a bolsa nova. O pronome “seu” não distingue o sujeito a que se refere, ainda que a sugestão de que se refira a Cláudia se dê por uma questão de proximidade. A “ambiguidade” gerada pela colocação do pronome possessivo sem a preocupação de deixar claro a quem ele se refere rompe com a harmonia do texto e gera insegurança em quem lê. Os pronomes demonstrativos (este, esta, estes, estas, esse, essa, esses, essas, aquele, aquela, aqueles, aquelas, aquilo) também devem ser usados de forma clara, para que os termos aos quais se refiram sejam imediatamente reconhecidos. É importante lembrar que “este” (e suas variações) é um pronome demonstrativo de primeira pessoa e seu uso é catafórico, ou seja, ele é empregado para se referir a algo que será apresentado posteriormente. Exemplo: Meu problema é este: terei uma prova difícil hoje e não tive tempo de estudar o conteúdo.

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Já o “esse” será anafórico, ou seja, retomará algo que já foi dito: Terei uma prova hoje e quase não tive tempo para estudar. Esse é meu problema. Usado sem critério, apenas com o fim de ligar uma frase a outra, esse recurso empobrece a expressão, como no exemplo a seguir: Muitos dos que vencem as eleições acabam por favorecer seus familiares. Estes passam a ocupar cargos para os quais não têm a menor competência. Vê-se claramente que a palavra “estes” foi usada apenas para recuperar de forma rápida a palavra anterior, “familiares”. Mas o uso do pronome relativo em seu lugar ofereceria à frase uma estrutura melhor: Muitos dos que vencem as eleições acabam por favorecer seus familiares, que passam a ocupar cargos para os quais não têm a menor competência. Para evitar a sequência nada agradável ao ouvido de “que” ou “para os quais”, poderíamos reduzir a última oração a um adjunto adverbial: Muitos dos que vencem as eleições acabam por favorecer seus familiares. Estes passam a ocupar sem a devida competência. Agora, sim, a frase ganhou mais concisão e fluiu naturalmente. Isso não quer dizer que você deva excluir os pronomes demonstrativos de sua redação, mas é sempre importante atentar-se para a maneira como são utilizados. O cuidado com os elementos de coesão é necessário para que o texto tenha elegância, não seja repetitivo e não faça uso de uma sequência de termos iguais. O uso do “este” (e suas outras formas) como pronome relativo não é, portanto, recomendável. Prefira o pronome relativo “que”. Essa orientação também vale para o pronome demonstrativo “mesmo”. Observe como o uso do “que” torna o texto bem mais agradável e harmonioso: Os problemas do Brasil foram discutidos por gestores de diversas cidades. Os mesmos insistiram em culpar os grandes empresários pelo crescimento impressionante desses problemas nos últimos tempos.

Os problemas do Brasil foram discutidos por gestores de diversas cidades, que insistiram em culpar os grandes empresários pelo crescimento impressionante desses problemas nos últimos tempos.

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Coesão

2.2. Os sinônimos e os termos genéricos

Veja outro exemplo:

Na produção de uma redação, é muito comum se prender aos sinônimos como única estratégia para evitar repetições. Isso não é necessário. Embora essa ferramenta seja essencial para a construção textual, recorrer a termos mais amplos e mais restritos – os heterônimos e hipônimos, respectivamente – também pode ser interessante. Veja o exemplo: O Aedes aegypti é o transmissor da febre amarela e da dengue. Esse mosquito pica durante o dia e a noite, diferentemente da espécie comum, que pica apenas durante a noite.

Neymar joga muito bem. O problema é que, muitas vezes, o jogador começa brigas em campo que podem atrapalhar a partida. Mais uma vez, apesar de haver diversos jogadores no mundo (e na história dele), é possível ter certeza de que o substantivo “jogador” faz referência a “Neymar” a partir da leitura coerente do texto. Utiliza-se, aqui, então, um hiperônimo (“jogador”), a fim de evitar a repetição de “Neymar”, que é hipônimo nessa relação.

© Pongmoji | Dreamstime.com

3. A coesão sequencial Leia a definição a seguir: A coesão sequencial diz respeito aos procedimentos linguísticos por meio dos quais se estabelecem, entre segmentos do texto (enunciados, partes de enunciados, parágrafos e sequências textuais), diversos tipos de relações semânticas e/ou pragmáticas, à medida que se faz o texto progredir. KOCH, Ingedore G.V. A coesão textual. São Paulo: Contexto, 2010. Adaptado.

Ao buscar um sinônimo para Aedes aegypti qualquer um ficaria horas pesquisando, e certamente não conseguiria encontrar um termo válido. Isso porque, sabemos bem, não há um sinônimo para essa espécie. Entretanto, no exemplo anterior, a fim de evitar a repetição do nome, a frase utiliza o substantivo “mosquito”, que não é um sinônimo: é um termo genérico, mais amplo, que pode fazer referência direta ao Aedes aegypti, uma vez que esse nome já foi utilizado anteriormente. Trata-se, então, de um hiperônimo, um nome mais amplo, genérico, que poderia fazer referência a qualquer espécie de mosquito, mas, neste caso, por relacionar-se especificamente à espécie em questão, gera a coesão desejada e evita a repetição do nome. Da mesma forma, “espécie” poderia fazer referência a qualquer tipo de animal; neste caso, porém, relaciona-se diretamente a “mosquito” a partir da leitura coerente do enunciado. Trata-se, também, de um hiperônimo. Uma vez que “mosquito” é um termo mais específico que “espécie”, pode-se chamá-lo, também, de hipônimo – um nome mais restrito –, assim como “Aedes aegypti” é hipônimo de “mosquito”.

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A coesão sequencial é, então, responsável por criar ligações entre as diferentes partes do texto a partir de recursos linguísticos bem definidos – ou, como o próprio nome diz, estabelecer sequências entre os diferentes momentos do texto. Os recursos mais comuns aqui são as conjunções. Entretanto, os advérbios e até os numerais também podem ser ferramentas interessantes. Quando falamos de ligações, há três níveis que precisam ser considerados: o intrafrasal (que estabelece a ligação entre os elementos dentro de um mesmo período), o interfrasal (em que pelo menos dois períodos se conectam) e o interparagrafal (pelo qual a conexão ocorre entre parágrafos diferentes). É muito importante conhecer esses três níveis, já que é essencial garantir a coesão entre eles – seja evitando repetições, como já vimos, ou conectando as partes, como veremos.

3.1. As conjunções Lembre-se de que as conjunções são empregadas para unir orações em um mesmo enunciado. Essas orações podem ter uma relação de coordenação (que pressupõe independência ou autonomia de seus sentidos) ou de subordinação (que pressupõe dependência de uma em relação à outra). Logo, temos dois tipos de conjunções, as coordenativas e as subordinativas. Vamos lembrar cada uma delas.

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117 • Conjunções coordenativas Classificação

Sentido

Principais conjunções

Aditivas

adição, soma

e, nem, mas também

Adversativas

oposição, contraste

contudo, entretanto, mas, porém, todavia

Alternativas

alternância, exclusão

ou, ou... ou, ora... ora, já... já, quer...

Conclusivas

conclusão, explicação

quer logo, pois (proposto ao verbo), portanto

Explicativas

justificativa

pois (anteposto do verbo), porque, que

• Conjunções subordinativas Classificação

Sentido

Principais conjunções

Integrantes

sem valor semântico específico, apenas ligam orações

que, se

Causais

causa, motivo

porque, como, já que, visto que

Condicionais

condição

se, caso, desde que, contanto que

Consecutivas

consequência

que (precedido de “tão”, “tal”, “tanto”), de modo que

Comparativas

comparação

como, que (precedido de “mais” ou “menos”), assim como

Conformativas

conformidade

como, conforme, segundo

Concessivas

concessão

embora, se bem que, mesmo que, ainda que

Temporais

tempo

quando, assim que, antes que, depois que

Finais

finalidade

para que, a fim de que, que

Proporcionais

proporção

à medida que, à proporção de

O uso das conjunções coordenativas e subordinativas dependerá exclusivamente de seu conhecimento acerca do valor semântico de cada uma delas. Usar o “mas” ou o “entretanto” indica que uma oposição é feita. Já o uso de “quando” sugere tempo. É importante, por isso, que você não só conheça os vários casos introduzidos pelas conjunções como também saiba quais são os articuladores lógico-textuais que assumem o mesmo valor dentro de um período.

Você sabia? A coesão textual no Enem No vestibular do Enem há algumas regras específicas com relação ao uso dos recursos sequenciais que precisam ser lembradas: •

É importante investir em conectivos interparagrafais (ou seja, entre parágrafos) do tipo operador argumentativo – que evidenciem uma relação entre os argumentos do texto – em pelo menos dois momentos da redação.



É importante que exista pelo menos um recurso coesivo, de qualquer tipo, dentro de todos os parágrafos.



É importante que os conectores sejam utilizados de maneira expressiva e diversificada.

Isso significa que, se na prova do Enem a coesão textual é predominantemente evidenciada a partir do uso dos conectivos, conhecer seu valor semântico e praticar a diversificação do uso são cuidados essenciais na construção do texto.

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Coesão

Atividades iniciais

Vídeos

01 Resolva o problema de ambiguidade encontrado em cada um dos períodos a seguir, atendendo ao que se registra entre parênteses. a. Quando finalmente encontrou Mônica, Lauro pôde conversar pessoalmente sobre seu problema no casamento. (O problema é de Mônica.) b. Quando finalmente encontrou Mônica, Lauro pôde conversar pessoalmente sobre seu problema no casamento. (O problema é de Lauro.) c. Quando finalmente encontrou Mônica, Lauro pôde conversar pessoalmente sobre seu problema no casamento. (O problema é de ambos.) 02 Resolva o problema de ambiguidade encontrado em cada um dos períodos a seguir, atendendo ao que se registra entre parênteses. a. Quando finalmente encontrou Mônica, esta disse a Lauro que poderiam conversar pessoalmente sobre seu problema no casamento. (Modifique a oração para tirar o “esta”.) b. Apesar da recomendação da mãe, Laura não descansou antes da prova. Aquela lhe havia dito que dormisse um pouco pela manhã. (Modifique o texto para tirar o “aquela”.) 03 Rescreva trechos dos textos a seguir, substituindo cada conjunção em destaque por outra, sem mudar o sentido do que foi dito: a. O trabalho de abolicionistas anônimos foi registrado na História muito antes da Lei Áurea, mas envelheceu desconhecido em arquivos públicos do país. Com a lupa na mão e o desejo de encontrar casos que remontem ao período da abolição no país, pesquisadores do Laboratório de História Oral e Imagem (Labhoi) da UFF têm resgatado esse passado que não entrou para os livros. São trajetórias silenciosas de padeiros, juristas, jornalistas e negros forros que lutaram pelo fim da escravatura. Somente no século XIX, quando o tráfico negreiro foi proibido, desembarcaram no Brasil 2,06 milhões de africanos, a maior parte ilegalmente. Os carregamentos eram formados por homens jovens, pois as mulheres não eram rentáveis na lavoura e tinham baixo valor de venda. História de heróis anônimos. O Globo [On-line]. Adaptado.

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b. O herói, após reconhecido e homenageado pelo aplauso e pelas honrarias oficiais, públicas ou particulares, deixa sinais do seu exemplo que pode estimular outros mais tímidos a assumirem os valores que lhes exornam o Espírito, a serviço dos ideais dignificantes que um dia constituirão fenômeno natural no comportamento geral. Por enquanto, ainda se faz necessária a presença do herói, do mártir, do santo, do apóstolo, de alguém que tenha a coragem de enfrentar os preconceitos e as comodidades, a fim de lecionar amor e compaixão, entregando-se ao mister do auxílio a todos indiscriminadamente. Experimentando incompreensões a soldo da inveja e da malquerença, os desafios e a sordidez dos descrentes nos valores morais do ser humano, eles avançam intimoratos e intemeratos, dedicando-se ao ministério de elevação, sem preocupar-se com o epticismo de uns nem a zombaria de outros. Destacando-se entre os adormecidos em relação à promoção da sociedade, são perseguidos e cobra- dos pelo atrevimento de demonstrarem a excelência das virtudes, consideradas de pouca monta nestes dias utilitaristas. Fascinados, porém, pelos ideais de realização espiritual, distendem braços e sentimentos generosos ao próximo, sem perderem o contato com a razão nem com o conhecimento, que também os estimulam ao prosseguimento da empresa de renovação social da Terra. ÂNGELIS, Joanna de. Heróis anônimos. A casa do espiritismo [On-line]. Adaptado.

04 (ENEM) Cultivar um estilo de vida saudável é extremamente importante para diminuir o risco de infarto, mas também de problemas como morte súbita e derrame. Significa que manter uma alimentação saudável e praticar atividade física regularmente já reduz, por si só, as chances de desenvolver vários problemas. Além disso, é importante para o controle da pressão arterial, dos níveis de colesterol e de glicose no sangue. Também ajuda a diminuir o estresse e aumentar a capacidade física, fatores que, somados, reduzem as chances de infarto. Exercitar-se, nesses casos, com acompanhamento médico e moderação, é altamente recomendável. ATALIA, M. Nossa vida. Época. 23 mar. 2009. Adaptado.

As ideias veiculadas no texto se organizam estabelecendo relações que atuam na construção do sentido. A esse respeito, identifica-se, no fragmento, que a. a expressão “Além disso” marca uma sequenciação de ideias. b. o conectivo “mas também” inicia oração que exprime ideia de contraste.

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119 c. o termo “como”, em “como morte súbita e derrame”, introduz uma generalização. d. o termo “Também” exprime uma justificativa. e. o termo “fatores” retoma coesivamente “níveis de colesterol e de glicose no sangue”.

Atividades Contextualizadas

Em uma de suas ocorrências, no poema “Pneumotórax”, a conjunção “e” poderia ser substituída por “mas”, sem prejuízo semântico. Essa possibilidade verifica-se em a. dispneia, e suores noturnos. b. trinta e três... trinta e três. c. Diga trinta e três. d. pulmão esquerdo e o pulmão direito... e. ter sido e que não foi. 03 (CONSULPLAN)

01 (ENEM) Essas moças tinham o vezo de afirmar o contrário do que desejavam. Notei a singularidade quando principiaram a elogiar o meu paletó cor de macaco. Examinavam-no sérias, achavam o pano e os aviamentos de qualidade superior , o feitio admirável. Envaideci-me: nunca havia reparado em tais vantagens. Mas os gabas se prolongaram, trouxeram-me desconfiança. Percebi afinal que elas zombavam e não me susceptibilizei. Longe disso: achei curiosa aquela maneira de falar pelo avesso, diferente das grosserias a que me habituara. Em geral me diziam com franqueza que a roupa não me assentava no corpo, sobrava nos sovacos. RAMOS, Graciliano. Infância. Rio de Janeiro: Record, 1994. Fragmento.

Por meio de recursos linguísticos, os textos mobilizam estratégias para introduzir e retomar ideias, promovendo a progressão do tema. No fragmento transcrito, um novo aspecto do tema é introduzido pela expressão d. “Longe disso”. a. “a singularidade”. e. “Em geral”. b. “tais vantagens”. c. “os gabos”. 02 (UNIFESP) A questão baseia-se no poema “Pneumotórax”, do modernista Manuel Bandeira (1886-1968).

Pneumotórax Febre, hemoptise, dispneia e suores noturnos. A vida inteira que podia ter sido e que não foi. Tosse, tosse, tosse. Mandou chamar o médico: – Diga trinta e três. – Trinta e três... trinta e três... trinta e três... – Respire. *** – O senhor tem uma escavação no pulmão esquerdo e o pulmão direito infiltrado. – Então, doutor, não é possível tentar o pneumotórax? – Não. A única coisa a fazer é tocar um tango argentino. BANDEIRA, Manuel. Libertinagem.

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“Conforme envelhecemos, o cérebro se reorganiza e passa a agir e pensar de maneira diferente. Essa reestruturação nos torna mais inteligentes, calmos e felizes”, diz a americana Barbara Strauch, autora de O melhor cérebro da sua vida. O livro, recém-lançado no Brasil pela editora Zahar, reúne argumentos que fazem a ideia de envelhecer – sobretudo do ponto de vista intelectual – bem menos assustadora do costuma ser. A nova ciência do envelhecimento, retratada por Barbara, conseguiu decifrar o caráter das mudanças por trás de percepções aparentemente contraditórias. Os pesquisadores aproveitaram a popularização das técnicas de ressonância magnética – nos últimos 15 anos, o número de estudos aumentou dez vezes – para flagrar o cérebro em pleno funcionamento. Eles descobriram que, sim, há um desgaste natural das células nervosas como se pensava. Mas ele é localizado e circunscrito, assim como seus prejuízos à mente. Um estudo feito pela equipe do neurocientista americano John Morrison, da Escola de Medicina Monte Sinai, em Nova York, analisou o que acontece com alguns pequenos botões localizados no corpo dos neurônios. Eles ajudam a captar as informações. Os cientistas descobriram que apenas um tipo desses botões sofre com o envelhecimento. São os menores, envolvidos no processamento de novas informações – onde parei o carro, onde estão as chaves ou como chama a nova namorada do meu amigo? Quase 50% desses receptores perdem a atividade. Mas outro tipo, encarregado de lembrar de grandes acontecimentos e de informações enraizadas em nossa mente, como habilidades profissionais, não sofre dano algum. Se alguns neurônios podem ser danificados pelo tempo, há outros – até mesmo regiões inteiras do cérebro – que passam a funcionar melhor. “O raciocínio complexo, usado para analisar uma situação e encontrar  soluções, é aprimorado”, diz o psiquiatria Gary Small, diretor do Centro de Envelhecimento da Universidade da Califórnia em Los Angeles. Como a idade faz nosso cérebro florescer. Veja, 04 jul. 2011. Adaptado.

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Coesão

Assinale a alternativa incorreta a respeito das relações de coesão do texto. a. Em “São os menores” (3º par.) e em “há outros” (4º par.) estão subentendidos os termos “botões” e “neurônios”, respectivamente. b. Em “Eles ajudam” (3º par.), o termo destacado retoma o antecedente “alguns pequenos botões”. c. Em “Mas ele é localizado e circunscrito” (2º par.), o termo “ele” retoma o antecedente “o cérebro”. d. A expressão “Essa reestruturação” (1º par.) retoma a ideia expressa no primeiro período do mesmo parágrafo. e. Em “Eles descobriram” (2º par.), o termo destacado retoma o antecedente “Os pesquisadores”.

Proposta de produção textual (UNESP) Texto I O mundo enriqueceu-se com uma nova beleza: a beleza da velocidade. Um automóvel de corrida com seu cofre enfeitado de grossos tubos, semelhantes a serpentes de hálito explosivo... um automóvel rugindo é mais belo do que a Vitória da Samotrácia.

Texto IV Jaime Lerner, arquiteto e ex-prefeito de Curitiba que priorizou o transporte coletivo na capital paranaense, chamou o carro de “cigarro do futuro”: “Você poderá continuar a usar, mas as pessoas se irritarão por isso.” Depois de décadas em que o modelo curitibano, que privilegia corredores de ônibus, vem sendo copiado no exterior, é ainda lentamente que ganha adeptos no Brasil, com a adoção de corredores e ciclovias e a discussão de limitar, no Plano Diretor de São Paulo, a oferta de vagas de garagem. O escritor e empresário australiano Ross Dawson tem opinião parecida à de Lerner: “Um dia as pessoas vão olhar para trás e se perguntar como era aceitável poluir tanto, da mesma forma como hoje pensamos sobre o tempo em que cigarro era aceito em restaurantes, aviões e lugares fechados.” Nos EUA, o carro perde espaço não apenas como meio de locomoção, mas também como objeto de desejo e expressão de um certo modo de vida. Demografia e economia, além da questão ambiental, fazem com que menos jovens tirem carteira de motorista e cidades invistam em sustentabilidade para atrair moradores. 20% dos jovens americanos entre 20 e 24 anos de idade não têm hoje habilitação – e o mesmo vale para 40% dos americanos de 18 anos. Em ambos os casos, o número de jovens que não dirigem dobrou entre 1983 e 2013, segundo estudo da Universidade de Michigan. LORES, Raul Juste. O declínio de uma paixão. Folha de S. Paulo, 29 jun. 2014. Adaptado.

MARINETTI, Filippo Tommaso.“Manifesto do Futurismo. Le Figaro, 20 fev. 1909. Adaptado.

Vocabulário Vitória da Samotrácia: famosa escultura grega, considerada uma obra-prima do período helenístico e datada, aproximadamente, do ano de 190 a.C. Integra o acervo do Museu do Louvre.

Texto II

Cota Zero

Stop. A vida parou ou foi o automóvel?

Com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva um texto dissertativoargumentativo, em 25 a 30 linhas, empregando a normapadrão da língua portuguesa, sobre o tema: “O carro será o novo cigarro?”.

Oficina de reescrita

ANDRADE, Carlos Drummond de. Alguma poesia, 1930.

Texto III

Nos capítulos anteriores, você produziu redações e recebeu orientações a respeito dos erros e acertos em cada uma delas. Agora, com base nas correções analisadas e nos ajustes indicados, seu papel será o de produzir um novo texto a partir da primeira versão. A proposta de reescrita levará em consideração a dissertação produzida a partir da seguinte temática: “A beleza como ditadura”. Lembre-se de atender às mesmas instruções do capítulo e, é claro, de tentar resolver os problemas apontados com a ajuda de seu professor(a) para aprimorar a sua produção textual.

DAHMER, André. Quadrinhos dos anos 10, 2016.

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Explorando um pouco mais Para assistir • How to get away with murder (Peter Nowalk, 2014) A série conta a história de Annalise Keating, advogada da área criminal e professora de Direito, e de seus cinco alunos. O grupo se envolve em uma trama de assassinatos e precisa aliar conhecimento jurídico e argumentação convincente a fim de apagar vestígios de crimes. • Coesão e coerência (Prof. Noslen) Entenda um pouco mais sobre os mecanismos que regem o bom uso da coesão e da coerência dentro de uma redação.

Principais ideias Coesão referencial

Evita repetições no texto

Estabelece ligações entre as partes

Coesão sequencial

Pronomes Sinônimos, hipônimos e hiperônimos Advérbios Numerais Epítetos Nominalizações

Advérbios Numerais Conjunções

Agora eu sei... A importância da coesão e da coerência para a construção do texto. Empregar diferentes ferramentas de coesão referencial. Aplicar ferramentas de coesão sequencial para melhorar um texto.

Anotações

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MAPA

DE APRENDIZAGEM

Confira as 7. páginas 6 e

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