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História da Educação Glória Freitas

Aula 02

História da Educação

Diretor Executivo DAVID LIRA STEPHEN BARROS Diretora Editorial ANDRÉA CÉSAR PEDROSA Projeto Gráfico MANUELA CÉSAR ARRUDA Autor ANALICE OLIVEIRA FRAGOSO Desenvolvedor CAIO BENTO GOMES DOS SANTOS

Autor GLÓRIA FREITAS Olá. Meu nome é Glória Freitas. Sou formada em Pedagogia, com mestrado e doutorado na área de educação com uma experiência técnico-profissional na área de Educação, na Educação Infantil e no Ensino Fundamental I, em Organizações Não Governamentais (ONG’s e OSCIP’s, e no Ensino Superior de mais de 30 anos. Passei por inúmeras universidades públicas e privadas, em São Paulo, Paraná, Ceará, Rondônia e Maranhão. Sou apaixonada pelo que faço e adoro transmitir minha experiência de vida àqueles que estão iniciando em suas profissões. Por isso fui convidada pela Editora Telesapiens a integrar seu elenco de autores independentes. Estou muito feliz em poder ajudar você nesta fase de muito estudo e trabalho. Conte comigo!

Iconográficos Olá. Meu nome é Manuela César de Arruda. Sou a responsável pelo projeto gráfico de seu material. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez que: INTRODUÇÃO: para o início do desenvolvimento de uma nova competência;

DEFINIÇÃO: houver necessidade de se apresentar um novo conceito;

NOTA: quando forem necessários observações ou complementações para o seu conhecimento;

IMPORTANTE: as observações escritas tiveram que ser priorizadas para você;

EXPLICANDO MELHOR: algo precisa ser melhor explicado ou detalhado;

VOCÊ SABIA? curiosidades e indagações lúdicas sobre o tema em estudo, se forem necessárias;

SAIBA MAIS: textos, referências bibliográficas e links para aprofundamento do seu conhecimento;

REFLITA: se houver a necessidade de chamar a atenção sobre algo a ser refletido ou discutido sobre;

ACESSE: se for preciso acessar um ou mais sites para fazer download, assistir vídeos, ler textos, ouvir podcast;

RESUMINDO: quando for preciso se fazer um resumo acumulativo das últimas abordagens;

ATIVIDADES: quando alguma atividade de autoaprendizagem for aplicada;

TESTANDO: quando o desenvolvimento de uma competência for concluído e questões forem explicadas;

SUMÁRIO Definindo a Educação na Civilização do Oriente Médio: Hebreus, Mesopotâmia, Roma e Grécia ....................................... 12 Definindo a Educação na civilização do Oriente Médio...............12 Definindo a Educação dos Hebreus ........................................................... 19 Definindo a Educação na Mesopotâmia .................................................24 Definindo a Educação entre os romanos ...............................................29 Definindo a Educação entre os gregos.....................................................34 Relembrando a educação na era cristã........................................38 Definindo a educação na idade média: práticas educativas; educação feminina e dos cavaleiros; educação nas corporações de ofícios; a educação cavalheiresca...............47 Definindo a Educação na Idade Média......................................................47 Definindo a educação na Idade Média: Educação feminina e dos cavaleiros...................................................................................................................52 Definindo a educação na Idade Média: Educação nas corporações de ofícios.............................................................................................55 Definindo a educação na Idade Média: Educação Cavalheiresca................................................................................................................... 59 Identificando a patrística e as diretrizes da pedagogia escolástica ...................................................................................................62 Identificando a patrística ....................................................................................... 62 Identificando as diretrizes da pedagogia escolástica.................. 65

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02 UNIDADE

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INTRODUÇÃO Você vai conhecer a Educação na Civilização do Oriente Médio, com o foco nos Hebreus, Povos da Mesopotâmia, Romanos e Gregos, na antiguidade. Depois, vai percorrer a Educação na Era Cristã, visualizando a sua importância, naquele momento histórico medieval. Seguirá na compreensão da educação na Idade Média, percebendo as Práticas educativas, observando que a Educação feminina foi bem modesta, nesta época. Compreenderá a importância da Educação, nas famosas corporações de ofícios medievais, importantes associações de profissionais, na Idade Média. Será possível entender a educação cavalheiresca e suas características, entendendo que a educação estava presente na formação desta categoria tão expressiva, em tempos medievais. Ainda será possível identificar a patrística e as diretrizes da pedagogia escolástica, que revelaram figuras históricas importantes como Santo Agostinho e São Tomás de Aquino, dois dignos Pais da Igreja. Preparado para esta fantástica viagem histórica? Entendeu? Ao longo desta unidade letiva você vai mergulhar neste universo!

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OBJETIVOS Olá. Seja muito bem-vindo a nossa Unidade 2, e o nosso objetivo é auxiliar você no desenvolvimento das seguintes competências profissionais até o término desta etapa de estudos: •• Definir a educação na civilização do oriente médio: Hebreus, Mesopotâmia, Roma e Grécia; •• Relembrar a Educação na era cristã; •• Definir a educação na idade média: práticas educativas; educação feminina e dos cavaleiros; educação nas corporações de ofícios; a educação cavalheiresca; •• Identificar a patrística e as diretrizes da pedagogia escolástica.

Então? Está preparado para uma viagem sem volta rumo ao conhecimento? Ao trabalho!

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Definindo a Educação na Civilização do Oriente Médio: Hebreus, Mesopotâmia, Roma e Grécia Você verá as contribuições da educação, na civilização do Oriente Médio, e a participação efetiva e significativa dos seguintes povos do Oriente Médio: Hebreus, Povos da Mesopotâmia, Romanos e Gregos, na antiguidade, a educação. Será possível perceber que não foram insignificantes tais aportes para o campo educativo, ficando assim imortalizados pelos seus grandes fatos.

Definindo a Educação na civilização do Oriente Médio A Idade Antiga ou Antiguidade é o extenso tempo compreendido da invenção da escrita (por volta dos 4000 a.C.) até a queda do Império Romano do Ocidente (476 d.C.). Envolve a existência dos proeminentes povos da Europa, do Oriente Próximo (precursores das civilizações mediterrâneas, incluindo Roma), os Pré-colombianos da América (Incas, Maias e Astecas), o período chinês que vai até a chegada da Dinastia Chin (200 a.C.) e no Japão com o fim do período Heian em 1185 d.C. Os inspiradores povos do oriente médio, na antiguidade, existiam com suas distintas formas de organização político-social, tratando a religião como um aspecto essencial nas suas vidas, com culturas diversificadas, e empenhados com a educação (transmitindo conhecimentos e preparando as novas gerações para os desafios que teriam pela frente). “Em sociedades rigidamente divididas em castas, não fazia sentido fornecer ‘cultura inútil’ para membros de um segmento social destinado ao trabalho braçal desde o seu nascimento.” (TERRA, 2014, p. 06). Os Povos da antiguidade, nas suas organizações tribais, foram caracterizados por uma educação difusa, assim acontecia que

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as crianças aprendiam com os adultos, imitando seus gestos e comportamentos, a “educação era para a vida e por meio da vida”. Todo conhecimento deveria ser transmitido, pois ele era uma questão de sobrevivência. Com a sedentarização, o desenvolvimento de técnicas, da escrita, da urbanização e do comércio alteram as relações e surgem diferenças na organização social que se refletem também na educação. Se antes ela era integral e universal, ela se tornava, então, privilégio, saindo do espaço natural de convivência para um lugar específico. Surgem as escolas. (TERRA, 2014, p. 02). Assim, fica claro que a educação acompanhou o deslocamento dos povos antigos, de suas trajetórias nômades, mudando constantemente e procurando melhores espaços para viver, aos tempos em que as pessoas começaram a habitar um específico território, ou seja, deixaram as viagens constantes, tomando um estilo de vida sedentário, fixado em algum lugar escolhido por elas condições boas para viver. O caráter da educação devia estar engajada em modos de viver bem, as crianças aprendiam e os adultos ensinavam formas de viver razoavelmente, diante das condições possíveis, aos povos da antiguidade.

VOCÊ SABIA? Veja o vídeo sobre as primeiras práticas, concepções e teorias filosóficas dos antigos gregos e romanos sobre escola e educação, quais vínculos tais práticas educativas terão com os nossos dias? É com a Profa. Dra. Marisa Bittar, janeiro de 2013 na UFSCar. Disponível no link: http://bit.ly/32gUwWB

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História da Educação Um elemento essencial nas escolhas por um lugar para viver,

na Idade Antiga, superados os tempos e os constantes deslocamentos e nomadismo, é a presença de água suficiente para viver. São as conhecidas civilizações que foram estabelecendo suas vidas, ao lado dos rios. A expressão “civilizações hidráulicas” remete à dependência econômica que as civilizações primitivas localizadas nas terras áridas e desertos do Oriente Próximo tinham dos grandes rios da região, como o Tigre, o Eufrates, O Nilo e o Jordão. No período pré-histórico, numerosas tribos migraram para essa região em busca de melhores condições para a produção de alimentos. Essa dependência das terras férteis da bacia dos rios ocorreu também na índia, com os rios Ganges e Indo, e na China, com os rios Yang-Tsé e Amarelo. (TERRA, 2014, p.12) É interessante lembrar do Egito e seu importante Rio Nilo e também a Mesopotâmia (Região entre dois rios Tigre e Eufrates). “As denominadas civilizações fluviais se tornam sociedades complexas e iniciam o processo educativo, com elementos filosóficos, políticos e religiosos”. (TERRA, 2014, p. 02). Entre as encantadoras civilizações da antiguidade, não se pode esquecer as civilizações grega e romana, que deixaram importante legado cultural para o ocidente. Todas são exuberantes, cada uma com a sua enorme contribuição. “Destacam-se também as civilizações orientais, que valorizavam a filosofia e a religião; esses elementos influenciaram a educação da China, da Índia, do Japão e dos hebreus, cuja cultura era carregada, além de conteúdos religiosos, por um forte sentimento de identidade nacional.” (TERRA, 2014, p. 02) São povos reunidos em reconhecidos impérios. Era possível ter acesso aos saberes e cultura, e vasculhando a história dos grandes impérios, saber mais sobre os privilegiados sacerdotes: Depositários do conhecimento sobre as compe-tências mais altas e complexas, a poderosa casta dos religiosos controlava sua irradiação segundo critérios bem definidos. As ciências esotéricas e sagradas eram restritas à formação de sacerdotes. Os estudos

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“intelectuais”, como a matemática, geometria e astronomia, além de noções sobre valores morais e filosóficos, eram exclusivos para as classes dominantes. O domínio da leitura e da escrita elevou os escribas a um status intermediário de trabalhador qualificado. Para os segmentos ou classes considerados inferiores “artesãos, camponeses, artistas e guerreiros” eram reservadas as técnicas elementares de produção, transmitidas de pai para filho ou na prática nas oficinas de ofício. Na base piramidal social, aos escravos era ensinado um único conceito fundamental – a obediência.” (TERRA, 2014, p. 06). Era uma educação hierarquizada, ou seja, era diferenciada para as diferentes camadas sócias, na antiguidade. Assim, os governantes conseguiam dominar a grande de massa, agindo como os guardiões das “técnicas de produção e a classe dominada tinha acesso apenas as técnicas primárias de trabalho. Com isso, era assegurada a perpetuação da nobreza e das elites no poder.” (TERRA, 2014, p. 06). Não menos importante que os gregos e os romanos, a educação das civilizações milenares do Oriente, não estará focada nesta unidade, eles são igualmente importantes os Impérios chineses e os tempos feudais no Japão e da Índia. O ponto de concentração será, no oriente médio, com o interesse do sistema de educação dos hebreus. Os gregos influenciaram bastante, a conhecida cultura ocidental, e vai ser observada os detalhes deste legado. Sendo verdadeiro afirmar que os gregos e a cultura helênica influenciaram os romanos, que os subjugaram e foram aculturados pelo legado cultura dos gregos. (TERRA, 2014).

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Ao examinar as ideias pedagógicas, cronologicamente, será possível entender “o quanto a evolução da educação está ligada à evolução da própria sociedade.” (GADOTTI, 2003, p. 19). Tomando os fatos históricos, no Oriente Médio, na antiguidade, é possível, um engajamento envolvendo atos de “ordenar e sistematizar a história das ideias pedagógicas, da antiguidade a nossos dias, e mostrar as perspectivas para o futuro.” (Gadotti, 2003, p.21). Oriente Médio, estava localizada nos territórios localizados na Eurásia, na África, especificamente entre o Mar Mediterrâneo e do Oceano Índico. Nesta região de distintos povos, surgiram algumas das religiões com maior número de adeptos no mundo: cristianismo, islamismo e judaísmo, com suas práticas educativas específicas e que influenciaram muitos outros povos. O Oriente Médio representou um amplo centro de negócios mundial. Com considerável papel na economia, na política, em distintas culturas e religiões. O Oriente Médio viveu distintas unificações, inicialmente pelo império Aquemênida, posteriormente pelo Império Macedônio e, ainda pelos impérios iranianos (os Impérios Arsácida e Sassânida). Figura 1: Mapa Oriente Médio

Fonte: wikimedia commons

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A dedicação à educação, por parte dos Povos antigos, do oriente médio, foi efetiva. Evidentemente, que de uma forma distinta aos tempos seguintes, carregando as suas peculiaridades. Mas já é possível defender que haviam educandos, educadores e educação consistentes. “A prática da educação é muito anterior ao pensamento pedagógico. O pensamento pedagógico surge com a reflexão sobre a prática de educação, como necessidade de sistematiza-la e organizá-la em função de determinados fins e objetivos.” (Gadotti, 2003, p. 24). E o que caracterizava os povos do oriente eram mestres na arte de bem viver, cultivando os valores da tradição, da não violência, da meditação. Ligouse sobretudo à religião entre as quais se destacam: o taoísmo, o budismo, o hinduísmo e o judaísmo. Esse pensamento não desapareceu inteiramente. Evoluiu, transformou-se, mas guarda ainda grande atualidade e mantém muitos seguidores. (Gadotti, 2003, p. 24). A Educação antiga, chamada também de primitiva era bastante prática e com muitos rituais de iniciação, que colocavam as novas gerações como cuidadoras dos legados ancestrais Além disso, fundamentava-se pela visão animista: acreditavase que todas as coisas – pedras, árvores, animais – possuíam uma alma semelhante à do homem. Espontânea, natural, não intencional, a educação baseava-se na imitação e na oralidade, limitada ao presente imediato. Outra visão característica dessa visão é o totemismo religioso, concepção de mundo que toma qualquer ser – homem, animal, planta ou fenômeno natural – como sobrenatural e criador do grupo. O agrupamento social que adora o mesmo totem recebe o nome de clã. (Gadotti, 2003, p. 24).

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História da Educação Bemvenuti (2012) comenta que as mais variadas formas de

organizações das sociedades nas civilizações antigas apontam a presença do lúdico no cotidiano das famílias (para adultos também). E ter contato com este tema revela as diferentes formas de pensar ludicidade, jogo e brincadeira ou ainda, exercício, divertimento e treinamento, conjuntamente. Dentro de um universo extenso é possível até perceber o surgimento na Grécia e Roma antigas da produção de doces no formato de letras propostos a aprendizagem das letras. (Rau, 2012). É notável as famosas e deliciosas técnicas de Quintiliano (Professor romano falecido em 100 d.C.) para a aprendizagem ser divertida, com doces em forma de letras. Marco Fábio Quintiliano “põe peso principal no conteúdo do discurso. O estudo devia dar-se num espaço de alegria (schola). O ensino da leitura e da escrita era oferecido pelo ludi-magister (mestre do brinquedo).” (Gadotti, 2003, p. 46) Os brinquedos existiam na Grécia e Roma antigas, incluindo o domínio galo-romano (a cultura romanizada da Gália sob o controle do Império Romano) e a expansão cristã do Egito, os Povos Coptas. Eram feitos por corporações “como as de ceramistas para brinquedos gregos de terracota ou os artesãos coptas foram profissionais dedicados parcialmente ao serviço dessa produção”. (Manson, 2014, p.04). Figura 2: Professor com dois alunos, na Roma Antiga

Fonte: wikimedia commons

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Definindo a Educação dos Hebreus A educação hebraica foi caracterizada por seu idealismo religioso. Os estudos escolares eram baseados na bíblia. “Os hebreus preservaram a cultura e a religião, tendo a educação como importante aliado.” (TERRA, 2018, p. 18). A

educação

hebraica

sofreu

mutações

motivadas

por

transformações de ordem social e política. “Antes da escravização no Egito, a educação estava centralizada na família, na qual o pai era o mestre principal, nessa época não havia escolas. O patriarca era a fonte e o símbolo da educação.” (Piletti, 2012, p. 24 e 25). Havia uma preocupação intensa com disciplina, seguindo os ensinamentos bíblicos, contidos no Livro dos Provérbios, para não poupar os filhos de correções, à vara, vistas como fonte de sabedoria e como forma dos filhos nunca envergonharem os pais, no futuro. O Livro do Eclesiástico caminhava no mesmo sentido, vendo como viável o condicionamento dos filhos aos seus desejos, como forma de educação, por parte dos pais. Os tempos de exílio e escravidão no Egito, na África, mudaram o cenário e despertou grande sentimento de nacionalidade, bastante difundido através da educação: A escravidão dos hebreus no Egito teve efeitos em sua educação. Após a escravidão, surge a forma colegiada de instrução: sacerdotes e profetas se reuniam para conhecer a sagrada escritura, principalmente o livro chamado levítico. E as chamadas escolas dos profetas instruíam sobre serviços religiosos, muito importantes num estado teocrático. A música e a poesia também eram importantes. Estudavam-se, ainda, Legislação e Medicina. (PILETTI, 2012, p. 35) E era possível aprender história, aritmética, ciências naturais e geografia, relacionados aos textos bíblicos e ao aprendizado de preceitos morais. Aprendiam com a Tora ou Pentateuco, os cinco livros escritos por Moisés, aquele que guiou os hebreus, na fuga do Egito. O ensino era sobretudo oral. A repetição e a revisão constituíam-se os processos pedagógicos básicos na memorização. (Gadotti, 2003).

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História da Educação Foram os hebreus que mais conservaram as informações sobre sua história. Por isso, legaram ao mundo um conjunto de doutrinas, tradições, cerimônias religiosas e preceitos que ainda hoje são seguidos. A educação hebraica era rígida, minuciosa, desde a infância; pregava o temor a Deus e a obediência aos pais. O método que utilizava era a repetição e a revisão: o catecismo. Foi principalmente através do cristianismo que os métodos educacionais dos hebreus influenciaram a cultura ocidental.” (Gadotti, 2003, p.25) O talmude (datado do século II d.C.), um livro sagrado dos judeus,

era muito importante e trazia os princípios básicos da educação judaica, apresentando importantes tradições, doutrinas e cerimônias. Era um código de leis e tradições judaicas, contendo a Mishná (texto fundamental judaico) e a Gemara (comentários). “O Talmude aconselha os mestres a repetirem até quatrocentas vezes as noções mal compreendidas pelos alunos. A disciplina escolar recomendada era mais amena do que a da bíblia. Para o Talmude, a criança deve ser punida com uma mão e acariciada com a outra.” (Gadotti, 2003, p. 29). No Talmude é recomendado levar a criança para a escola aos seis anos. Este livro está repleto de saberes para viver bem, reconhecendo que o conhecimento não é a coisa mais importante da vida, mas o relevante é o uso que pode ser feito dos conhecimentos. O sábio é aquele que sabe que nada sabe. Os velhos sábios são mais sábios que quando eram jovens. Os jovens são como folhas brancas para inserir sabedorias. Defende que os jovens devem aprender com os velhos. E os sábios deviam ter cuidado com o que falam, para evitar que suas palavras sejam entendidas de forma equivocadas. Ressaltava que o mestre deveria primar por um ensino conciso e sem muitas divagações, com bondade e paciência. Ressaltava que os jovens podem aprender com seus colegas, não só com os mestres. E que os sábios precisavam ensinar aos outros, para não serem pé de mirra no deserto. (Gadotti, 2003)

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Era intensa a relevância da religião, na vida dos povos da antiguidade. Os hebreus atribuíam às práticas religiosas intensas importâncias à educação. Isso é mantido nas práticas atuais dos judeus, que dedicam longo tempo ao aprendizado das escrituras sagradas, a tal ponto que foram conhecidos como o povo do livro, ao longo dos tempos. Antes da escravização no Egito, a educação do povo judeu baseava-se na família, centralizada na figura do pai, fonte e símbolo da sabedoria. Após o período da escravidão, as chamadas escolas dos profetas instruíam sobre serviços religiosos e estudavam as sagradas escrituras contidas no Levítico. Além da religião, os estudos abrangiam também a legislação e a medicina, além de artes como a música e a poesia. (TERRA, 2014, p. 18) Por volta de 1056 a.C, aproximadamente, os hebreus viram as suas escolas chegarem ao ápice. Era a época da realeza hebraica, momento em que as escolas hebraicas tiveram o seu apogeu no decorrer dos reinados de rei Davi e rei Salomão. O sistema educacional foi progressivamente aperfeiçoado Mas foi a escravidão e o Êxodo em direção à Terra Prometida na Palestina que despertaram nos judeus um forte sentimento de identidade nacional, que procuravam conservar e transmitir de uma geração para outra por meio da educação. Nesse sentido, tornaram-se comuns as profissões de escriba e doutor de lei, importantes em um Estado teocrático, no qual as leis eram inseparáveis da religião, cabia ao escriba conservar as narrativas, enquanto o doutor da lei estudava as parábolas e investigava o sentido dos provérbios nos textos sagrados”. (TERRA, 2014, p.19)

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O grande rei Salomão (1016-976 a.C) aprimorou o sistema educativo. “Seus provérbios dão prova do cuidado que havia com a educação do povo: ‘Escuta, meu filho, a disciplina do teu pai, não desprezes a instrução da tua mãe’ (Provérbios, 1.8)”. (PILETTI, 2012, p.25). Da passagem pelo Egito trouxeram a profissão de escriba (que lia e interpretava as leis). E ainda, pela necessidade jurídica de uma organização teocrática, instituíram a profissão de doutor da lei, juiz erudito, responsável por examinar saberes antigos e dos profetas. Tinha um papel fundamental na conservação das narrativas, tornando inteligível as parábolas para todos. E tinham as suas escolas para o estudo dos textos sagrados. Quando surgiu a escola elementar dos hebreus, presente em todas as cidades, as crianças iniciavam aos seis anos os seus processos educativos, como previa o Talmude. Entre os judeus, a escola elementar só surgiu mais tarde. Tanto que a bíblia nem fala dela. Só o Talmude, que é a coleção de tradições rabínicas que interpretam a lei de Moisés, fala da escola. O Talmude, palavra que significa disciplina, no segundo século, depois de Cristo, estabelecia em relação ao filho: ‘Depois dos 6 anos, leva-o à escola e carrega-o como um boi’. Ou seja, estudo e trabalho. (PILETTI, 2012, p. 26) O recomendado é que cada cidade tivesse pelo menos uma escola. E se determinada cidade fosse dividida por algum rio, era recomendado que tivesse duas escolas. Assim, nenhuma criança ficaria sem acesso à educação por dificuldade de atravessar o rio. “A sala de aula, que devia primar pela higiene, era exteriormente simples e, no seu interior, tinha todas as comodidades e mestres em número suficientes. Diz o Talmude: “Se o número de alunos não passa de 25, haverá um professor; de 25 a 40, haverá dois.” (PILETTI, 2012, p.26) Esta disciplina rigorosa, ao longo do tempo foi suavizada. E haviam três classes. A Mingrah, espaço dedicado ao aprendizado da leitura e da linguagem hebraica, para ser concluída até os 10 anos. Já a Mishnath era dedicada apara as crianças de 10 aos 15 anos. Os estudos focavam em

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leis penais, comerciais e civis. Por último, a Guemara estava relacionada aos aprendizados de ciências naturais e o direito comum. (PILETTI,2012 e TERRA, 2014). “O método de ensino era baseado na repetição e na revisão de conceitos, sendo empregada a forma de diálogos. Paralelamente ao aprendizado teórico, os alunos eram adestrados para um ofício de trabalhos manuais, como carpintaria ou construção de tendas.” (TERRA, 2014, p. 19) Repetição e revisão eram usados na metodologia de ensino da escola elementar dos hebreus, baseada no Talmude. Era um formato de diálogo, catequético. E havia uma preocupação séria com os trabalhos manuais e a educação manual, isso baseado no Talmude que recomendava aos pais ensinar ofícios aos filhos, para evitar que tornassem ladrões ou dependentes da piedade humana, e comparando a importância de ensinar ofícios à instrução em leis. É interessante lembrar que Jesus e seu pai estavam envolvidos com o ofício de carpinteiro. Os judeus procuraram não valorizar mais o trabalho intelectual, em detrimento da desvalorização do trabalho Manual. Esta é um importante legado judaico!

VOCÊ SABIA? Conheça algumas FRASES DO TALMUDE Feliz o aluno a quem o mestre agradece Aprendi muito com meus mestres, mais com meus companheiros, mas ainda com meus alunos. A coisa principal da vida não é o conhecimento, mas uso que dele se faz. Não vemos as coisas como elas são e sim como nos parecem. A palavra dita é como uma abelha: tem mel e tem ferrão. Quem vive estudando, mas nunca repete o que aprendeu, se parece com quem vive semeando, mas nunca ceifa. Fonte: PILETTI, 2012.

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História da Educação Figura 3: Hebreus deixando o Egito

Fonte: wikimedia commons

Definindo a Educação na Mesopotâmia A Mesopotâmia era uma região entre dois rios Tigre e Eufrates. Localizados nos atuais Iraque e Kuwait, nas partes orientais da Síria, como também nas fronteiras entre a Turquia e Síria, e Irã e Iraque. Foi nomeada como berço da civilização ocidental. Na Idade antiga, os povos sumérios e acádios (assírios e babilônios também) domaram a região desde o início da história escrita (por volta de 3 100 a.C.) até a queda de Babilônia (539 a.C.), momento em que foi invadida pelo Império Aquemênida. Posteriormente Alexandre, o Grande, incorporou ao seu vasto domínio de territórios em 332 a.C. O que aconteceu foi que depois da morte dele, tornou-se parte do Império Selêucida, ligado a cultura grega. A palavra Mesopotâmia é de “origem grega, significando “entre rios” (meso-potamos). Contido entre os rios Tigre e Eufrates, seu território corresponde ao atual Iraque. Sua ocupação por povos de diferentes costumes, religiões e formas de organização social intensificou-se a partir de 6500 a.C. (TERRA, 2014, p.13)

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Neste período, a mesopotâmia estava ocupada por um povo de origem semita, os sumérios. Considerados como os prováveis primeiros habitantes da região sul mesopotâmica, por volta de 5.000 a.C. Construíram as consideradas primeiras cidades, conhecidas pela humanidade. Eram três cidades Ur, Uruque e Lagash, localizadas entre colinas, fortemente protegidas da invasão dos outros povos. Organizada em cidades-Estado, governadas pelo Patesi, misto de chefe religioso e militar. Figura 4: Venerador mesopotâmico de 2 750-2 600 a.C.

Fonte: wikimedia commons

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Um dos primeiros povos a chegar nesta região foram os Sumérios, fabulosos, sábios e imortalizados ao desenvolver a escrita e veículos de roda. Naquela época, controlavam as enchentes sazonais dos grandes rios com diques e canais, e utilizavam complexas obras de irrigação para tronar as terras próprias para a agricultura. Esse desenvolvimento contribuiu para a formação de Estados centralizados, capazes de submeter a maioria do povo à servidão no trabalho na lavoura. Isso favoreceu a ascensão ao poder de uma elite proprietária das terras. Surge, então, o Estado, para administrar as questões sociais e políticas. As técnicas de irrigação e tratos culturais foram sendo aperfeiçoadas pelos povos que ali habitavam, como os sumérios, os caldeus e os acádios. (TERRA, 2014, p. 13) Foram os Sumérios que desenvolveram a escrita cuneiforme, expressa em placas de argila, com estilete, feito de cana que esculpia traços verticais, horizontais e oblíquos. A existência de uma forma de registro traz inferências importantes ao campo educativo: Tornou-se um instrumento tão importante no processo de ensino-aprendizagem que os escribas adquiriram o status de profissionais qualificados. Para exercer o ofício de grafar as informações na nova linguagem, os candidatos a escriba precisavam passar por uma longa educação e treinamento em um local conhecido como edubba. Sob a rígida disciplina e a orientação de um dubsar (mestre), eles usavam silabários para aprender a escrever sobre placas de argila. Essa formação especializada ocupava desde o início da juventude até a idade adulta. (TERRA, 2014, p. 14/ p.15) A literatura era das disciplinas mais importantes no ensino mesopotâmico, com poemas e muitas obras, com destaque para temas religiosos, e os códigos de direito que ditavam padrões de comportamento social. Outros objetos de estudo eram os provérbios populares, além da interpretação dos augúrios. Esta última atividade consistia em adivinhar o futuro e o desejo dos deuses, a partir da observação dos fenômenos da natureza. (TERRA, 2014, p. 15) A antiga escrita cuneiforme era usada primeiramente para “registros comerciais e a contabilidade de bens. As cidades sumerianas

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eram independentes entre si, com autonomia política e sistemas de leis próprios. A divisão e a rivalidade entre esses centros permitiu que a região fosse conquistada por um povo oriundo da Síria “os Amoritas” (TERRA. 2014. P. 13) Nos seus primeiros tempos, tal escrita era representativa das formas visualizadas no mundo (pictogramas), e com o passar do tempo foi evoluindo para as formas mais simples. Mais adiante, a escrita cuneiforme tomou o curso horizontal, superando os formatos pictográficos, inseridos na vertical. A escrita evoluiu para uma possibilidade de ser usada na tabuleta de barro com estilete, sendo possível fazer grande números de signos. Depois as tabuletas podiam ser secas em fornos, tomando um registro definitivo, em uma metodologia que em nada lembra a nossa era digital, na concretude de seus objetos usados para produzir a escrita. Seguiu sendo utilizada por 3 mil anos e era de natureza silábica. E, o surgimento de tal escrita, foi pela necessidade de administrar os palácios, templos, cobrar impostos, registrar as criações de gado e mensurar as quantidades de cereais produzidos ou na comercialização. Isso leva a uma reflexão sobre a objetividade da escrita e seus usos na vida social. Esta escrita já existia no século XIV a.C. E, por volta do ano 75 d.C. foi usada, na sociedade mesopotâmica, para registrar um almanaque astronômico, sobre o movimento dos astros mensalmente. O Império Babilônico chegou na mesopotâmia por volta de 2500 a.C, no momento em que o domínio dos Amoritas já passava dos 600 anos. E foi na Babilônia que este império babilônico estabeleceu a sua sede. E seus habitantes passaram a ser chamados de babilônios. Um monarca notabilizou-se, no século XVIII a.C, era Hamurabi. Ele uniu “as cidades sumerianas e incrementou a navegação pelos rios, fomentando o comércio entre a Alta e a Baixa mesopotâmia. Apesar dessas realizações ficou mais conhecido por um rigoroso código de leis, em que a célebre Lei de Talião pregava ‘olho por olho; dente por dente’.” (TERRA, 2014, p. 13) Já o Império Assírio, após a morte de Hamurabi e o declínio babilônico, veio do norte da região mesopotâmica. O rei Assurbanipal expandiu o território, anexando o Egito. No campo mais relativo a educação e cultura criou a fantástica “Biblioteca de Nínive, com seu grande acervo de plaquetas de argila.” (TERRA, 2014, p. 14). Já os caldeus insurgiram contra os opressores assírios, conquistando o poder e retornando a Babilônia a sede do Império,

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considerado como o Segundo Império Babilônico (612 a 539 a.C). O imperador célebre Nabucodonosor transformou a Babilônia em um dos mais respeitáveis centros comerciais da Antiguidade. “No plano militar conquistou o povo hebreu, que foi conduzido do Vale do Jordão para a Babilônia, em um episódio bíblico. Além disso, construiu suntuosos templos e palácios, um deles com os famosos ‘jardins suspensos’. ” (TERRA, 2014, p.14). Após a morte de Nabucodonosor, os persas expandiram seus territórios e acabaram com a independência da mesopotâmia. A Educação, de modo similar era influenciada pela oralidade, nas experiências educativas de muitos territórios da Antiguidade, um exemplo disso é que a “transmissão do conhecimento na Mesopotâmia era a tradição oral. O desenvolvimento da escrita cuneiforme em suas cidades foi um passo importante para a civilização daquela época.” (TERRA,2014, p. 14) Foram nos templos religiosos que a invenção e aperfeiçoamento de tal escrita prosperou. Eram considerados centros sociais. Educação e religião caminhavam juntos. Os sacerdotes constituíam uma casta privilegiada na hierarquia social, acima de camponeses, guerreiros, artesãos e artistas. Eles eram os depositários da palavra escrita e disciplinavam as competências técnicas mais complexas, como escrever, contar e medir. Com base nessas operações eram desenvolvidas a literatura, a matemática, a geometria e astronomia. (TERRA, 2014, p. 14) Figura 5 : Vista parcial das ruínas da antiga cidade de Babilónia

Fonte: wikimedia commons

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Definindo a Educação entre os romanos Os estudos romanos eram, por essência, humanistas. A humanitas (como foi traduzido a Paideia, dos gregos, pelos Romanos) era a “cultura geral que transcende os interesses locais e nacionais, os romanos queriam universalizar a sua humanitas, o que acabaram por conseguir com o cristianismo”. (Gadotti, 2003, p. 45) Educadores romanos agiam para exercer suas práticas de forma utilitarista e militarista, amparados na disciplina e justiça. Era a “educação para a pátria, paz só com vitórias e escravidão aos vencidos.” (Gadotti, 2003, p. 47). O pai, exercia seu poder, atribuindo obrigações do clã aos seus filhos. A educação romana, na antiguidade, era inicialmente doméstica. Já a escola era um espaço de castigos rigorosos, com uso de varas. E as rotinas escolares eram levadas aos territórios conquistados pelo poderoso Império Romano. Romanos foram vitoriosos no seu projeto de romanização, apoiados no cristianismo para concluir tal intento. (Gadotti, 2003). No entanto, ao estender seu império e dominar vastas regiões, essa educação recebeu muitas influências da educação grega na cultura e na filosofia, sendo esta a que exerceu maior influência sobre seus dominadores. Esse intercâmbio cultural deu-se em todas as frentes, desde a religião, as artes e letras e a educação. (TERRA, 2014, p. 24) Gadotti afirma que os romanos tiveram muitos teóricos da educação. Entre eles, foram notabilizados Catão (234-149 a.C), que era preocupado com a formação do caráter. Já Varrão (117 - 27 a.C.) era favorável da cultura romano-helênica (influências gregas), defendendo a virtude romana, a piedade, honestidade e austeridade. E o Senador Marco Túlio Cícero (106-43 a.C) foi considerado o pai da pátria. Ele considerava o ideal da educação formar um orador que reunisse as qualidades do dialético, do filósofo, do poeta, do jurista e do ator. O orador encontrava sua base de sustentação na humanitas. Essa, por sua vez, vinculava-se ao projeto político de Roma: reunir os diversos povos num grande Império. Cícero foi o idealizador do Direito. (Gadotti, 2003, p. 46)

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História da Educação Cícero (103 a.C - 43 a.C), filosofo, orador e político romano, chamava de humanitas, a cultura do espírito (chamada Paideia pelos gregos), e aliava “a educação do ser humano de acordo com a sua natureza. Com base nas deias de Aristóteles e Platão das vocações humanas, Cícero enfatiza as peculiaridades pessoais que devem levar o indivíduo a escolher sua profissão”. (TERRA, 2014, p. 24)

Cícero defendia que a educação precisava privilegiar a eloquência, a boa expressão de ideia. “O bom orador seria uma raridade, pois deveria reunir as qualidades de dialético, filósofo, poeta, jurista e ator, além de comportamento moral exemplar. (TERRA 2014, p. 24) As escolas romanas foram muito valorizadas. Na Roma antiga, a retórica era muito valorizada, com o passar do tempo. Foi com o grande Júlio César que tal estudo deixou de ser rechaçada pelos governantes. Com o passar do tempo, foi se tornando um estudo vazio, os pensadores passaram a criticá-lo. Assim, surgiu algo para completar este esvaziamento, as escolas de Direito, com isso os estudos de Filosofia e Direito foram promovidos a alta consideração. E dentro das escolas de Direitos foram sendo instaladas as escolas de filósofos e institutos helenísticos. Não passaria pela cabeça de ninguém que escolas que ajudavam a pensar eram obsoletas, em Roma, na antiguidade. Sendo que as melhores escolas de Direito eram as de Roma e Constantinopla. Imperador Adriano fundou o Ateneu, como um centro de cultura superior, encarregando os retóricos e poetas de formar os jovens. (PILETTI,2012 e TERRA. 2014) As escolas de Retórica desfrutaram de muito prestigio em Roma. Com o tempo. A educação retórica foi caindo num formalismo vazio, e foi progressivamente substituída pelo direito e pela filosofia. Junto com as escolas de direito, multiplicavam-se as escolas de filósofos e os institutos helenísticos. O Ateneu, fundado pelo imperador Adriano, foi um centro de ensino superior que serviu de modelo para a criação das universidades romanas. Protegidas e incentivadas por decretos imperiais, essas universidades eram verdadeiros centros de pesquisa e educação onde mestres e discípulos se reuniam em torno das diversas disciplinas. (TERRA, 2014, p. 25)

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Já o sistema de ensino existente no Império Romano comportava três níveis; •• as escolas dos ludi magister, correspondendo a educação elementar. •• as escolas de gramático, comparáveis ao ensino secundário ou ensino médio, eram oferecidas aos homens livres. Os escravos viviam sem nenhuma instrução. As escolas de gramático eram “estabelecimentos de ensino de educação terciária, que iniciavam com a escola de retórico e que, após acolher o ensino de Direito e de Filosofia, se transformaram numa espécie de universidades.” (PILETTI, 2012, p. 39) a. humanitas era oferecida na denominada escola do gramático. Seguindo as fases de: b. Ditado de partes de um texto, com intenção de exercitar a ortografia. c. Memorização de tais trechos. d. traduzir verso para prosa e prosa para verso. e. expressar uma mesma ideia com construções diferentes. f. analisar palavras e frases g. Composição literária Ensino Superior, evoluindo das escolas de retórica, associando os ensinos de direito e filosofia, e virando universidades. As universidades romanas surgiram com o objetivo de reunir, além das diversas disciplinas, os mestres e discípulos que a eles se dedicavam. Logo se percebeu as vantagens que essa reunião representava. Tanto que elas serviram de modelo para o que mais tarde se chamou de universitas litterarum (universidade do saber). Assim que foram organizadas, os imperadores as protegeram através de decretos que asseguravam sua estabilidade e a formação de professores e pesquisadores. E, ao mesmo tempo, multiplicaram-se as bibliotecas, tão importantes para o ensino superior. (PILLETI, 2012, p. 39) Os imperadores romanos não estavam preocupados somente com as universidades. Eles estavam atentos ao ensino elementar, no que aconteciam nas escolas elementares e eram oferecidos aos meninos

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desamparados. “O imperador Nero forneceu, inclusive, alimento aos meninos e meninas de pais pobres em diversas cidades. O imperador Trajano fez a mesma coisa. O imperador Juliano organizou um sistema rudimentar de inspeção escolar por parte do Estado.” (PILETTI, 2012, p. 39) Figura 6: Antiga tabuleta de cera romana com estiletes

Fonte: wikimedia commons

Havia uma preocupação dos imperadores romanos em difundir a educação, nas mais diversas províncias, e em levar a educação para além de Roma e de Constantinopla, pela África do Norte, Gália Meridional e Espanha. (TERRA, 2014). A Espanha, por exemplo, teve numerosas escolas e produziu grandes nome do conhecimento, tais como Sêneca, Quintiliano, Marcial, Trajano e outros. Na África do Norte, Utica, Madaura e Cartago tiveram escolas famosas. Marcaino e Santo Agostinho são provas disso. Mas foi na Gália Meridional que floresceram as melhores escolas provinciais. Lá surgiram grandes mestres que, inclusive, rivalizavam com os sábios romanos. (PILETTI, 2012, p. 39 e 40) Sêneca (viveu entre os anos 2 e 66 d.C.). Nascido em Córdoba. Viveu em Roma, atuando lá como o preceptor do célebre Imperador Nero. Suas ideias pedagógicas partiam da individualidade do educando. “Ele, como Cícero, aconselha que o mestre considere a psique frágil e complexa do aluno. Caso contrário, a educação não alcançará o objetivo que, na sua proposta, seguindo os estoicos, é a libertação das paixões e a harmonia com a natureza” (Piletti, 40). Nesta perspectiva, a educação deveria ser prática, educando para a vida. Não deveria ser dissipada a preocupação com a formação moral e o respeito pelos outros. Educar moralmente os jovens é dar bons exemplos, mais potentes que preceitos. Sêneca valorizava a cultura do corpo, cuidar do corpo com a finalidade da boa saúde, praticando uma ginástica inspirada nos gregos.

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Bemvenuti (2012) comenta que ao dominar a Grécia, os romanos viram a fusão de sua cultura com a cultura grega. O grego se torna a língua do comércio e diplomacia romana e surgem escolas dirigidas por educadores gregos para complementar a educação doméstica. Ocorreu uma difusão da cultura da Grécia Antiga em Roma (helenização), incorporando a ciência, filosofia, arte e educação gregas, e, posterior ao comando dos mestres gregos nas escolas romanas. Tal assimilação da cultura romana aos gregos, não abalou o utilitarismo e praticidade romana, levando a uma educação pragmática, utilizando métodos empíricos dos romanos, e com demasiado uso da disciplina. Já Plutarco, outro notável educador romano, defendia que a educação doméstica deveria acontecer na formação elementar. E as escolas superiores nunca deveriam despreocupar com a formação do caráter de seus alunos. (Piletti, 2012)

VOCÊ SABIA? Conheça mais sobre a educação na Roma Antiga, com este vídeo, feito a partir da leitura de Aníbal Ponce - Educação e Luta de Classe. O vídeo foi feito por alunos que leram este texto, dublaram e editaram em um vídeo empolgante e esclarecedor. No seguinte link: http://bit.ly/2OOK0SC

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Definindo a Educação entre os gregos Os gregos, na antiguidade, viviam em uma sociedade estratificada, com fácil circulação comercial entre o ocidente e o oriente. Habitavam o denominado e importante berço civilizatório, cultural e educacional do ocidente. Gadotti esclarece o papel de Esparta e Atenas: Começaram por perguntar o que é o homem. Duas cidades rivalizaram em suas respostas: Esparta e Atenas. Para a primeira o homem devia ser antes de mais nada o resultado de seu culto ao corpo - deva ser forte, desenvolvido em todos os sentidos, eficaz em todas as suas ações. Para os atenienses, a virtude principal de um homem devia ser a luta pela liberdade. Além disso, precisava ser racional, falar bem, defender seus direitos, argumentar. Em Atenas, o ideal do homem educado era o orador. (Gadotti, 2003, P.29) Ao homem grego livre era exigido que os ensinos estimulassem “a competição, as virtudes guerreiras, para assegurar a superioridade militar sobre as classes submetidas e as regiões conquistadas. O homem bem-educado tinha de ser capaz de mandar e de fazer-se obedecer”. (Gadotti, 2003, P. 29) A educação, preparava futuros governantes, com diálogo e liberdade de ensino, privilégio, exclusivo dos gregos livres. A Grécia, na Antiguidade, avançou na educação. Gadotti (2003) lembra que a paidéia, era uma educação integral dos gregos livres, consistindo na integração entre a cultura da sociedade e a criação individual de outra cultura, numa influência recíproca. Os gregos criaram uma pedagogia da eficácia individual e, concomitantemente, da liberdade e da convergência social e política. (Gadotti, 2003, P. 30). Foram capazes de integrar, educação e arte. Valorizaram as artes, ciências, literatura e filosofia. A educação dedicada ao homem integral valorizava a “formação do corpo pela ginástica, na mente pela filosofia e pelas ciências, e na da moral e dos sentimentos pela música e pelas artes. Nos poemas de Homero, a ‘bíblia do mundo heleno’, tudo se estudava: literatura, história, geografia, ciências, etc.”. (Gadotti, 2003, P.30) Os gregos influenciaram enormemente a cultura ocidental, com aspectos importantes da fantástica civilização que desenvolveram. É tão vultuosa esta participação que até hoje seus pensadores são lidos,

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tais como Aristóteles, Sócrates e Platão. É na Grécia Antiga que surgem filosofia, história, olimpíadas, poesia, teatro, mitologia, a democracia é invenção grega, assim como os colégios. Platão julgava que a questão educativa surge da iniciativa política, “sua proposta é saber de que competência depende a política e qual educação dar aos cidadãos. A política é a finalidade dos princípios educativos de Platão.” (Marondi, 2008, p.36). E Sócrates usava o seu método de educar, a maiêutica, encarregado de “fazer nascer os espíritos dos pensamentos naqueles que os possuem sem o saber” (Morandi, 2008, p.36). Este método agia, através de indagações do mestre, com sucessivas indagações aos aprendizes. Sócrates defendia que “o conhecimento nada mais é do que uma recordação.” (Marondi, 2008, p. 37). Os Sofistas viveram entre os séculos V e IV a.C e eram vistos como educadores profissionais viajando constantemente pelas cidades gregas, na antiguidade, foram imortalizados na realização discursos chamativos de novos discípulos. No século V a.C, os sofistas “desenvolveram uma intensa vida cultural e educacional. São considerados os primeiros pedagogos, ocupavam-se do ensino itinerante e recebiam pelos ensinamentos ministrados. ” (TERRA, 2014, p. 20). Eles ensinavam encarregados arte da política, aos homens livres. Foram os desenvolvedores da dialética, “arte argumentativa, possibilitando a vitória em qualquer debate” (Morandi, 2008, p. 36). Ensinavam retórica, a arte de falar, a persuasão, arte de convencer, preparavam os futuros políticos a arte de argumentar contra ou a favor sobre os mais variados assuntos.

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História da Educação Figura 7: Protágoras de Abdera (485 – 411 A. C)

Fonte: wikimedia commons

O século V a.C foi marcado por inovações na educação grega, graças aos seus grandes pensadores. Os objetivos, métodos pedagógicos e conteúdos didáticos sofreram influência das reflexões de filósofos como Sócrates, Platão e Aristóteles. Por outro lado, a organização do sistema educacional inicia sua evolução desde o ensino particular na casa paterna até a escola de Estado, mantida pelas contribuições financeiras de particulares, cidades e soberanos. Quando a cidade-estado, a polis, assumiu diretamente a tarefa da instrução foi estendido não só aos meninos livres, mas também as meninas, pobres e até escravos, o que se mostrou revolucionário, levando-se conta a época em que essas medidas foram tomadas. (TERRA, 2014, p. 20) Os gregos creditavam ao conhecimento um instrumento para elevar o indivíduo e seus primeiros educadores eram poetas. A escola não era único espaço educativo. A cidade era educativa com suas

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reuniões políticas, administrativas e jurídicas. Tanto quanto com seus os jogos, sua arquitetura, suas representações dramáticas e suas artes. (BEMVENUTI, 2012, p.21) Os espartanos foram influenciados pelos asiáticos. Já a educação ateniense realizou plenamente os ideais do humanismo grego. Os atenienses amavam as artes e as ciências. E lá se deu uma ampla liberdade para aprender e ensinar. A educação física ou ginástica e a educação intelectual ou da música. (Bemvenuti, 2012 e Brougère, 1998). Aos sete anos a criança era entregue a responsabilidade de um pedagogo (em geral um escravo idoso) e com ele ia a escola e recebia dele algumas lições. Agon era a assembleia para jogos públicos tais como lutas, jogos ginásticos e os prezados concursos. Os concursos eram importantes na civilização grega. Os jogos (paidia) constituem a mola fundamental da educação (paideia) durante toda a vida. Os gregos acreditavam que a virtude é adquirida nos concursos (competições), festas e jogos. (Brougère, 1998.) Os jogos olímpicos iniciaram provavelmente no século X a.C. e com vestígios encontrados no século VIII a.C. Há inscrições dos nomes dos vencedores no ano 776 a.C. (conforme Brougère, 1998 e Bemvenuti, 2012) e aconteciam em um festival religioso e atlético, a cada quatro anos no santuário de Olímpia, dedicado a Zeus. E tais jogos tomaram o nome de Olímpiada, marcada pelo cessar de Guerras. Educação e jogos estão bem vinculados, entre os gregos. Os jogos olímpicos teriam a função de reanimar a natureza. Esporte e mitologia se confundiam na Grécia antiga. As disputas ocorriam em honra aos deuses e heróis gregos. A Paideia (educação) era impossível sem a educação física. Os jogos olímpicos reuniam a população em diversas cidades. Os atletas mais importantes eram heroicizados e tiveram seus nomes gravados no muro do estádio em Olímpia. (Rubio, 2009).

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História da Educação Rubio (2009) comenta que os atuais jogos Olímpicos iniciaram

em 1896, na Grécia, na cidade de Atenas e acontecem ainda hoje a cada 4 anos. Na Idade Antiga foram proibidos após serem considerados pelo Imperador Teodósio (unificador das partes oriental e ocidental do império romano e o último imperador a governar todo o mundo romano) uma festa pagã, graças ao pedido do Bispo de Milão, San Ambrósio, em 394 d.C. “A pedagogia socrática baseia-se nas reflexões sobre a natureza e o sentido da educação, girando em torno dos objetivos que se espera alcançar com a formação e a instrução dos jovens.” (TERRA, 2014, p.21) Platão entendia que “o conhecimento é um esforço da alma para se apoderar da verdade, e não algo que venha de fora para o homem. Portanto, a educação consiste na atividade cada homem desenvolve para conquistar as ideias e viver de acordo com elas.” (TERRA, 2014, p. 22).

VOCÊ SABIA? Para saber mais a importância de das ideias de Sócrates para a educação, veja o vídeo (um pouco mais de sete minutos), narrado com desenho animado, no link: http://bit.ly/33Gl4Rv. E para saber mais sobre a influência de Platão para a educação, veja outro vídeo (também pequeno, só um pouco mais de 8 minutos), no seguinte link: http://bit.ly/31hvPId

Relembrando a educação na era cristã A verdade é que a educação medieval foi praticamente um monopólio da Igreja Católica. Foram intensos tempos de dominação dos ideários cristãos na educação. “Durante um bom tempo, os representantes eclesiásticos controlavam os procedimentos relativos às formas de transmissão, bem como os processos de concessão de licença para ensinar”. (VEIGA, 2007, p. 18). Sendo assim, as questões sobre educação dependiam dos desejos da Igreja para ela.

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Os mosteiros, por um bom tempo, eram os singulares espaços educativos da época medieval. Para lá eram encaminhados os que decidiam ter uma vida religiosa, com uma conduta rígida a ser estritamente respeitada. Alguns leigos iam para tais espaços cristãos, com o intuito de receberem educação. E lá pelos 18 anos tinham que decidir, casar ou seguir o sacerdócio (QUEZADA, 2012). E tais mosteiros medievais foram essenciais para a cópia e preservação de livros e manuscritos antigos, já que se dedicavam extremamente à educação. A educação das crianças era também uma ocupação educacional da Igreja. Já que com o passar do tempo foi ficando definido que as crianças, os filhos do povo deveriam estudar. Era comum perceber “nas paróquias ou nos mosteiros, um tratamento diferenciado para as crianças; as regras, aliás, previam uma abordagem afetuosa com elas. No entanto o sadismo pedagógico era o método mais comum, isto é, a aplicação de castigos físicos perante os erros dos pequenos”. (QUEZADA, 2012, p. 31). Era difundida uma pedagogia que agia menos pela persuasão e mais pelo castigo corporal, tão condenado nos tempos contemporâneos. Este quadro de monopólio da educação, orquestrado pela Igreja, só vai começar a mudar lá pelo século XII, com a dinamização das cidades, e os sucessivos questionamentos dos seus habitantes sobre a gestão das cidades, entregues aos nobres ou bispos, que pôs em xeque o poder dos bispos como adminis-tradores das cidades trouxe também conflitos para administração do ensino. Surgiram tensões entre os representantes locais da Igreja e a comunidade de mestres e alunos. Dessa maneira também estes vão se organizar para a administração autônoma de seus estudos. (VEIGA, 2007, p. 18)

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História da Educação Para compreender a dimensão gigantesca das práticas religiosas

cristãs para a educação medieval, na chamada Era Cristã, é necessário lembrar o decorrer da formação da Igreja Católica Romana, nos tempos medievais, em um período em que a organização político-social em feudos senhoriais não favorecia as trocas comerciais, muito menos o intercâmbio cultural. Os povos quase não se encontravam e quando isso acontecia nem sempre era amistoso. Além disso, a inquisição católica costumava “purificar” pelas chamas os hereges que ousavam rezar por outro catecismo. Por todas essas dificuldades, a Idade Média costuma ser descrita como “tempos das trevas”, o que talvez seja um exagero. (TERRA, 2014, p. 04). Nas organizações sociais ocidentais, a Igreja Católica foi instalada como uma mediadora cultura, antes de qualquer outra função, primordialmente. Negando sobremaneira as influências greco-romanas, na base desta doutrina havia a negação de muitos valores próprios desta tradição cultural greco-romana, “especialmente em relação aos desejos terrenos e materiais - a concepção de vida cristã pregava valores espirituais que se centravam na existência de um salvador virtuoso para os males provocados pela devassidão e o apego à vida terrena”. (VEIGA, 2007, p. 18). Foi necessário para este esquecimento de valores que não fossem cristãos criar um ideário potente para produzir uma pedagogia cristã capaz de elevar as mentes aos desígnios da doutrina cristã católica medieval. O certo é que a história comprova que a expansão do cristianismo não se fez sem uma pedagogia mediadora expressa em rituais, cantos, arquitetura dos templos, poderes locais, pregações e sermões, mas também em escolas fundadas pela Igreja. Contudo, esse movimento de doutrinação manteve algumas tradições da Antiguidade Clássica e da cultura pagã que correspondiam à necessidade de ordenar a sociedade cristã. São exemplos a organização hierárquica da Igreja, a manutenção do latim como língua oficial da cristandade e a estruturação dos estudos. (VEIGA, 2007, p. 18)

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O latim foi constituído como a língua das liturgias cristãs, no século IV, e difundida pelos papas, tribunais eclesiásticos, conselhos da Igreja, de forma ampla nas mais diversas instâncias do catolicismo cristão, não ficando de fora das práticas educativas. Assim, era “por um longo período histórico, a estrutura linguística escolhida para dar significado à doutrina católica” (VEIGA, p. 18). Isso provocou uma intensa contribuição do latim na formação e muitas línguas consideradas latinas, na imensidade de etimologias que explicitam que palavras tão usuais, na contemporaneidade, são de origem latina. O latim virou língua sagrada, a língua da Igreja, a língua para onde foram redigidos e transmitidos, de forma oral, suas verdades, suas normas e seus cânones de fé. Até mesmo os textos clássicos escritos em grego, na antiguidade, receberam suas traduções e recortes do grego, ao latim. (VEIGA, 2007) A educação cristã representou o resultado da forte presença da Igreja Católica Romana, nos tempos medievais. Controlava o ensino, a cultura latina, a preservação da arte e da escrita, além de ter controle sobre todos os segmentos sociais. Após a queda do Império Romano, passou a exercer o poder político, por meio de um estatuto que estabeleceu o direito canônico, aplicado pelos bispos. Entre vários filósofos, teólogos, pedagogos da Idade Medieval, é impossível não destacar Santo Agostinho (354 -430) e São Tomás de Aquino (1225-1274). Santo Agostinho (354-430) nasceu na Argélia, África, foi professor de Retórica em Tagaste, Cartago, Milão e Roma. Conheceu o cristianismo e foi batizado junto com o filho (que morreu aos 17 anos). Santo Agostinho representava o modelo de inteligência cristã, ele agiu em nome da apropriação da Grécia pelo cristianismo. Foi habilidoso em lidar com conceitos originários da filosofia grega, conciliando-os as crenças da fé cristã. Um exemplo deste hábil exercício, é sua obra pedagógica De Magistro (que podemos traduzir como O professor), em que ele se amparava na visão de Platão para tratar do processo de ensino. Ele defendia que o órgão potente para todo aprendizado era o logus (mestre interior ou autoeducação), iluminado sempre por Deus, usando palavras e sinais para comunicações. (PILETTI, 2012)

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Figura 8: Santo Agostinho

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Depois virou sacerdote e bispo de Hipona. Habilidoso pensador, teólogo e filósofo, no fim da antiguidade e começo da Idade Média. Em suas obras pedagógicas defende “a ideia de que, com toda necessidade humana, também a aprendizagem, em última instância, só pode ser satisfeita por Deus. Em sua pedagogia, recomendou aos educadores jovialidade, alegria, paz no coração e as vezes também alguma brincadeira”. (GADOTTI, 2003, p. 59). Na obra pedagógica, denominada De magistro, defende que Jesus Cristo ensinava interiormente e o homem revela tal aprendizagem, exteriormente, por suas palavras. Defendia a importância dos livros sagrados, que segundo ele continham verdades importantes. E conclamava que ninguém é mestre na terra, somente é Mestre aquele que está no céu. Revelado isso é preciso amá-lo.

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A pedagogia agostiniana é baseada no pensamento filosófico de Santo Agostinho, E tal filosofia era baseada na fé e ética cristãs, em plena Era Cristã. Educar só poderia ter como objetivo final a conquista da paz e da alma. E considerava essencial oferecer às crianças e aos jovens conhecimentos de leitura, escrita, cálculo, gramática, retórica, dialética, geometria, filosofia e teologia. Santo Agostinho exerceu forte influência sobre a pedagogia patrística. Ele escreveu De magistro, obra na qual destaca o logos, ou mestre interior. Para ele, a disciplina cristã poderia ajudar o ser humano na sua situação de conflito existencial. A finalidade da existência do ser humano seria o desfrute de Deus. Os objetivos práticos da vida terrena teriam apenas valor de uso. O cristianismo passou então a ser entendido como um meio de disciplina e a pedagogia como um processo de contemplação. (TERRA, 2014, p. 28). Santo Agostinho considerava que os fracassos das crianças nas escolas eram causados pela pouca capacidade do mestre, pela monotonia repetitiva de conhecimentos, problemas de inteligência ou desatenção do aluno. O aluno, na pedagogia agostiniana possui um vigoroso lugar de construtor de conhecimento. Era necessário evitar a transmissão de conhecimentos que mantém os alunos passivos. “O mestre deveria se limitar a indicar o caminho; o aluno é que deveria percorrê-lo”. (TERRA, 2014, p. 28).

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A educação cristã medieval tinha textos censurados e selecionados cuidadosamente, já que não havia desejo de transmissão dos escritos greco-romanos como sistema filosófico, pelo simples fato que estes dois sistemas de pensamento, o greco-romano (da antiguidade, dos filósofos antes de Cristo, de Platão, Sócrates e Aristóteles) e o Cristão medieval, da revelação cristão e da promessa que a felicidade não era deste mundo, mas era celestial. Tanto cuidado, complicada elaboração e estrita vigilância e controle trouxeram diversos conflitos enfrentados pelo cristianismo. Os escolásticos, denominação para os clérigos vinculados ao ensino. Eles introduziram para o estudo da língua latina o procedimento de retirar dos textos da Antiguidade Clássica apenas de trechos em que se evidenciava o aspecto formal da língua ou modelos de estruturação da ordenação lógica do discurso como matéria de reflexão e ensinamentos. (VEIGA. 2007, P.18). Os escolásticos foram escolhidos para dirigir as escolas cristãs medievais, vinculadas aos estabelecimentos religiosos, sob o comando de bispos ou abades. O que faz lembra um conhecido ditado popular brasileiro: Não está contente, vai reclamar para o bispo. Restava a obediência das regras constituídas pela Igreja, na Era Cristã. “Chega o momento em que a cultura escolástica confirma-se como dominante no Ocidente europeu, podendose afirmar que o conteúdo da educação já estava significativamente transformado por essa nova cultura” (QUEZADA, 2012, p. 32). Foram surgindo escolas, dentro das instituições religiosas cristãs. Com o aparecimento de um número maior de escolas nas paroquias urbanas, houve uma certa universalização da educação, e as classes subalternas, historicamente excluídas, passaram a ter acesso a essas instituições. Essa foi a nova ação da Igreja para fortalecer um processo muito mais de aculturação que de instrução, porém isso representa um salto relevante, se comparado à situação de não haver nenhum tipo de sistematização da cultura e nenhum meio formal de convívio e participação nas vivências nas escolas. Essas eram escolas canônicas do clero secular das cidades, regidas por

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regras administrativas bem organizadas e que marcaram a entrada do reino carolíngio. (QUEZADA, 2012, p. 32) Entre os séculos X e XI prosperou a procurar por conhe-cimentos, ampliando enormemente a quantidade de mestres, escolas e alunos. A revitalização urbana, fruto do encontro e cooperação entre pessoas de várias origens e profissões, criou um ambiente propício à identificação das pessoas com o mundo material e com a ideia de enriquecimento, bem como para trocas intelectuais. Por sua vez, as Cruzadas permitiram intensa, mobilidade social e trocas entre o Ocidente e o Oriente. Destaca-se ainda, no século XII, o incremento no número de tradutores e a tradução de obras clássicas, o que fez aumentar o número de textos em circulação, mesmo que restrita. (VEIGA, 2007, p. 20) A procura intensa por novos conhecimentos, escolas e mestres, levou os clérigos (sacerdotes, padres, sacerdotes, etc.) e não clérigos as funções docentes, não somente nas escolas episcopais. Um exemplo de escola famosa é a catedral de Notre Dame, em Paris (que comoveu o mundo contemporâneo, em um incêndio que aconteceu próximo da páscoa cristã, em 2019). Era tão intenso o movimento de procura para estudar lá, por conta da localização privilegiada, isso frustrava os que não alcançavam uma vaga, mas não os impediam de estudar. “Os que não conseguem vaga nessa escola procuram outros mestres, tudo sinaliza a perda do controle da igreja quanto aos processos de ensino e regulamentação da profissão” (VEIGA, 2007, p. 20)

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História da Educação A grande procura por mestres, e o número grande de alunos,

motivaram a necessidade de regulamentar, através de autorizações para clérigos ou para leigos conseguirem montar suas escolas, fora das catedrais medievais. As casas dos mestres acolhiam estes alunos (não é incomum na história da educação no Brasil esta realidade que perdurou, em lugares distantes, das grandes cidades até o século XX). Assim, em tempos medievais, foi necessário determinar os licenciamentos, bem como iriam orientar os novos mestres, que passavam por um ritual de iniciação (incepcio), havendo a necessidade de ministrar a sua primeira aula, com o bispo presente. Só depois deste momento é que receberia a licencia docendi (licença para lecionar, licença docente), começando a lecionar. (VEIGA, 2007). Sendo assim, a autonomia universitária era relativa, já que a Igreja centralizava o poder político, nos tempos medievais. E “os papas foram bastante astuciosos para acolher as corporações universitárias, na medida em que nelas identificaram o papel de centros da cristandade: o doutor de uma universidade deveria ser também um doutor da Igreja”. (VEIGA, 2007, p. 20). Levando ao estabelecimento de proteções e privilégios dos que entravam para cooperações, existindo até rendas eclesiásticas que garantiam pagamentos dos mestres.

VOCÊ SABIA? Para entender um pouco mais sobre o assunto, leia o artigo, Cristianismo e Educação - Uma abordagem histórica da pedagogia da catequese, de Léo Antonio Perrucho Mittaraquis. No seguinte link: http://bit.ly/2IWPC9t

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Definindo a educação na idade média: práticas educativas; educação feminina e dos cavaleiros; educação nas corporações de ofícios; a educação cavalheiresca Atualmente já foi consolidada a participação feminina na educação, de professores de crianças às grandes cientistas, as mulheres brasileiras atuais são muito diferentes das mulheres medievais. A Educação na Idade Média apresentou práticas diversas, voltadas prioritariamente aos homens, seja na formação dos cavaleiros e na imensa quantidade de corporações de ofício que tiveram imenso papel, nos tempos medievais, tanto nas suas práticas profissionais como nas formações de jovens nos diversos ofícios.

Definindo a Educação na Idade Média A Idade Antiga ou Antiguidade é o longo período compreendido da invenção da escrita (por volta dos 4000 a.C.) a queda do Império Romano do Ocidente (476 d.C.). Abrange a existência dos relevantes povos da Europa, do Oriente Próximo (precursores das civilizações mediterrâneas, incluindo Roma), os nossos Pré-colombianos da América (Incas, Maias e Astecas), o período chinês que vai até a chegada da Dinastia Chin (200 a.C.) e no Japão com o fim do período Heian em 1185 d.C. A Idade Média é o período entre o ano de 476 d.C. até 1453, quando acontece a conquista de Constantinopla pelos turcos otomanos e consequentemente a queda do Império Romano do Oriente. A Alta Idade Média (Entre os séculos V ao XII) e Baixa Idade Média (entre os séculos XII a XV) foram os tempos em que viveram importantes impérios carolíngio, bizantino e muçulmano. (QUEZADA, 2012). O começo dos tempos medievais surge com a decadência do Império Romano e as denominadas invasões bárbaras limitaram a influência greco-romana. “Uma nova força espiritual se sucedeu à cultura antiga, preservando-a, mas submetendo-a a seu crivo ideológico: A Igreja Cristã.” (Gadotti, 2003, p. 54).

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Caracterizada por um modo de existir baseado na agricultura, o feudalismo medieval, era montado com grandes latifúndios, as terras dos senhores feudais, recebidas dos reis. Quem realmente trabalhava na terra, os servos, deviam pagar pelo uso da terra de tais senhores feudais. Assim, é possível afirmar que era bem difícil ser servo, e muito vantajoso ser senhor feudal. Isso já denúncia que os tempos medievais são tempos restritos, dos pontos de vista cultural, social e econômico. Além disso, foram tempos de muitas invasões bárbaras e doenças que mataram grande número de habitantes medievais. (Quezada, 2012). Somente no século XIX, o concílio Lateranense, de 1179, foi convocado por Alexandre III, determinando que cada catedral estaria obrigada trazer um mestre para ensinar, gratuitamente, aos clérigos e aos pobres, assim os pobres aprenderiam a ler e poderiam avançar nos estudos. Em cada igreja ou mosteiro, deveria haver escolas. Esta tradição viajou pelo tempo e espaço, no Brasil, cidades como Salvador, São Paulo, Olinda tinham os seus colégios, ao lado das igrejas. Isso é tão evidente que na colonização do Brasil eram os jesuítas os percussores do ensino colonial, para segmentos mais favorecidos no Brasil. A educação do homem medieval foi condicionada a pregação apostólica, presente no século I d.C. A educação medieval fundiu fé cristã e doutrinas greco-romanas. Representante deste pensamento Santo Agostinho dizia que o lúdico era fortemente educativo e força impulsora de curiosidade sobre o mundo e a vida, impulsionando a descoberta e a criação. Os homens nobres ganhavam formação musical, guerreira e nas artes liberais, tais como atirar com arco e flecha, caçar, jogar xadrez, lutar, cavalgar e fazer versos. (Bemvenuti, 2012). O clero e a nobreza eram encarregados de sua própria educação, e o que se buscava como ideal “ era o perfeito cavaleiro com a formação musical e guerreira, experiente nas sete artes liberais: cavalgar, atirar com o arco, lutar, caçar, nadar, jogar, xadrez e versificar. A profissão da nobreza consistia apenas em cuidar de seus interesses, que se reduziam à guerra”. (GADOTTI, 2003, p. 58). Já aos escravos só restava a educação oral, passada de pai para filho, “apenas herdavam a cultura da luta pela

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sobrevivência. As mulheres, consideradas pecadoras pela Igreja, só podiam ter alguma educação se fossem ‘vocacionadas’ (vocare; chamar) para ingressar nos conventos femininos)”. (GADOTTI, 2003, p. 58). Assim, podiam estudar um pouco, já que as moças ricas, com terras para herdar, eram as preferidas para o chamado à vida religiosa. Isso explica o fato de Igreja ter se tornado em forte latifundiária mundial, pois foi juntando as terras de padres e freiras, ricos filhos dos nobres. E os conventos “eram poderosas instituições bancárias. No interior dos conventos a divisão de classes continuava existindo: de um lado os senhores (priores, reitores, etc.) e de outro os servos (freiras, frades, menores, coadjutores, etc.)”. (GADOTTI, 2003, p. 58). Não havia preocupação com a educação física, o corpo precisava ser dominado e sujeitado, já quer era visto como pecaminoso. No século XIII as universidades vão se solidificar e expandir, apoiadas nas ajudas do Papa e dos reis, que as regulamentaram. E forma surgindo universidades em Salamanca, Roma, Nápoles, Viana Praga, Cracóvia, “originalmente, as universidades resultaram da confluência espontânea de clérigos de várias origens para ouvir aulas de algum mestre famoso”. (PILETTI, 2012, p. 57). As universidades, primeiras organizações liberais medievais, foram criadas nas seguintes cidades francesas: Heidenberg, Oxford, Salerno, Bolonha e Paris.

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História da Educação Figura 9: uma reunião de doutores na Universidade de Paris

Fonte: wikimedia commons

Em 1290, em Lisboa, Portugal, foram organizados cursos superiores de medicina, artes e direito. E, em 1380, a de teologia. Alternando a sede desta universidade, entre as cidades de Lisboa e Coimbra. Além da criação dos colégios de Artes de São Paulo e Colégio de São Pedro, para realizar as tarefas de ensino, pensionato e assistência. Estes fatos reunidos representam duas novidades aparecidas entre os séculos XII e XIII,

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a criação das universidades (corporação de mestres e alunos) e as organização e proliferação de colégios como lugar de formação de letrados. Mas é importante ressaltar que as definições de universidade, faculdade e colégio possuíam naquele tempo outra significação. Como veremos, elas traduziam uma organização diferenciada e evidenciada nos seus métodos, disciplinas e saberes. (VEIGA, 2007, p.16) Universidades configuravam como centros para buscar a universalidade do saber: Iniciaram no século XIII, com o desenvolvimento das escolas monásticas, a organização gremial da sociedade e o vigor da ciência trazida pelos árabes. Permitiram à burguesia emergente no final da Idade Média participar de muitas vantagens que até então só pertenciam ao claro e à nobreza. Todos os seus membros eram ricos. As universidades desenvolveram sobretudo três métodos intimamente relacionados: as lições, as repetições e as disputas. Elas representaram (e representam ainda hoje) uma grande força nas mãos das classes dirigentes. (GADOTTI, 2003, p. 59 Colégios e universidades, as novas formas escolares medievais, estão associados a reurbanização da Europa, entre os séculos X e XI. Com seus centros urbanos revitalizados, o concomitante aumento das instituições que se ocupavam em transmitir conhecimentos, surgiram necessidades como a de dispor textos escritos, para dinamizar estes novos modos de sociabilidade, alimentada pela busca de conhecimentos. Estas cidades eram cercadas por muralhas, reunião vilas ao seu redor, comandadas por bispo ou um nobre, “nos arredores fixaram-se os subúrbios e parte das atividades agrícolas, além das oficinas dos artesãos, ateliês e corporações”. (VEIGA, 2007, p.16).

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Estas corporações também buscaram o aperfeiçoamento e a formação de novos membros que aprenderam seus ofícios. E existiam os mercadores, banqueiros, funcionários, clérigos, trabalhadores que não estavam associados a nenhuma corporação, além de agricultores e artesãos (VEIGA, 2007). Em cidades, como Paris, haviam ainda os nobres e representantes da Igreja católica. Ainda nos principais centros urbanos torna-se cada vez mais comum a presença de estudantes e mestres. As cidades eram, pois, espaços de trocas múltiplas - materiais, afetivas, espirituais, intelectuais - que se davam nas festas, mercados, tabernas, igrejas e escolas, não sem conflitos e discriminações. Também a partir das necessidades urbanas abriram-se novas carreiras profissionais. (VEIGA, 2007, p. 17).

VOCÊ SABIA? Veja o vídeo sobre a relação entre a Escolástica e o Surgimento e a Importância das Universidades, no seguinte link: http://bit.ly/2IWPmrj

Definindo a educação na Idade Média: Educação feminina e dos cavaleiros O vasto período da Idade Média não ofereceu para as mulheres amplos espaços para a educação. Elas eram preparadas para cuidar dos lares, filhos e maridos, com exceção de algumas mulheres que iam estudar nos mosteiros, religiosas ou não, mas providas de bens. As mulheres medievais estavam bem distantes das escolas, com raras exceções. Ficavam intensamente restritas as casas e preparando para assumir os papeis tradicionais femininos.

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Desempenhavam

basicamente

o

tradicional

papel

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de

filhas, esposas e mães. Ao se casar, a mulher tornava-se a responsável pela manutenção do lar, sendo essa sua principal atribuição. Essa condição foi herdada de épocas anteriores, mas apresentava variações de uma sociedade para outra. No judaísmo, a mulher era totalmente subordinada ao marido. No paganismo romano, anterior ao modelo cristão, a mulher tinha o status de uma menor, sendo impedida de participar de certos atos jurídicos sem a permissão do marido. O casamento na Idade Média ocorria quando as mulheres eram ainda muitos jovens, o que determinava o domínio completo do esposo, e inclusive a perda dos direitos legais que a mulher possuía quando solteira. Era dever do chefe da família vigiar e controlar a vida das mulheres que viviam sob sua tutela“ (TERRA, 2014, p. 32). As definições hierárquicas dentro da família e no casamento mudavam entre as regiões e as diferentes classes sociais. A mulher camponesa até parecia ser mais livre que as nobres. Nas classes populares, como os camponeses, a situação da mulher era igualitária frente ao homem. Em algumas aldeias era comum se encontrar camponeses solteiras ou casadas como chefes (anciãs) de sua comunidade. Mas de um modo geral, a força que ditava esses padrões era a Igreja Católica, com seu predomínio cultural e religioso sobre a mentalidade popular. Santo Agostinho expressava em três palavras o propósito do casamento - a prole, a fidelidade e o sacramento. (TERRA, 2014, p. 31 e 33).

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História da Educação Figura 10: Dama medieval com vestuário luxuoso e cabelo trançado.

Fonte: wikimedia commons

Neste cenário, será complicado imaginar que a educação feminina será libertadora. Levando em conta o papel subalterno da mulher, as famílias medievais de um modo geral não tinham interesse em providenciar a instrução das filhas. Em alguns casos, as damas da sociedade eram exceção, pois sua elevada condição social exigia certo nível de refinamento e cultura. Aprendiam então a ler e escrever, e algumas chegavam a dominar o latim e o grego. (TERRA, 2014, p.33).

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Já as filhas dos pobres, longe do estilo de vida da elite, “a formação era orientada para os afazeres domésticos, do casamento e dos filhos. As mulheres eram educadas para serem mães zelosas, educadoras da virtude e da fé, constituindo exemplo para suas filhas. ” (TERRA, 2014, p. 33). Já os cavaleiros, passariam horas, pajeando as damas. Deviam aprender a proteger as damas. Ficavam próximos a elas, neste longo período de aprendizagem, para aprender a cortesia. Um bom cavaleiro precisava ter uma educação que lhe transmitisse boas virtudes como honradez, bom caráter, fidelidade e cortesia.

VOCÊ SABIA? Vídeo sobre a vida da mulher na Idade Média, apresentando o livro “La Femme Médiévale au quotidien” (A mulher medieval no cotidiano), de Claire Lhermey, e com o apoio dos livros “As Damas do Século XII” (https://goo.gl/GZ7Nx8), de Georges Duby, e “O Mito da Idade Média” (https://goo.gl/EXj8iW), de Régine Pernoud. No seguinte link: http://bit.ly/2MKmkME

Definindo a educação na Idade Média: Educação nas corporações de ofícios As corporações de ofícios medievais eram associações de artesãos que agregava a mesma profissão. Sendo assim existiam diversas corporações de ofício. Assim organizados podiam regularizar seus ofícios e lutar por melhorias nos desempenhos de suas atividades. Surgiram muitas corporações de ofício (universitates) denominação reconhecidas

geral por

para todos

associações (universi).

Essas

juridica-mente associações

decorreram das demandas da urbanização e de seu comércio. Organizadas de forma sistemática, congregavam pessoas de um mesmo ofício que se submetiam a estatutos regimentais e tinham seus serviços legitimados por meio da corporação. (VEIGA, 2007, p. 17)

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Instalados para realizar os seus ofícios nos burgos, aqueles centros urbanos medievais (chamados de burgos), haviam migrado do campo. São exemplos de corporações de ofício medievais, corporações de ferreiros, alfaiates, carpinteiros, construtores, sapateiros e muitas outras, oferecendo importantes serviços aos tais burgos. “Surgem as Corporações de Ofício, que regulavam a fabricação, os preços dos produtos e também a aprendizagem dos futuros artesãos. Os mestres das corporações submetiam os aprendizes a exames, só assim podiam se tornar companheiros ou donos de oficinas”. (TERRA, 2014, p. 34) Estes trabalhadores medievais, organizados em corporações de ofício, foram conquistando espaço e respeito, ofereciam objetos essências que fabricavam e comercializam. Uma cidade com uma média de 10 mil habitantes já contava com suas corporações. Como a união faz a força, reunidos os artesãos determinavam valores dos objetos, qualidade e quantidade, e até quanto lucro poderiam obter. Isso era tão evidente que cabiam as corporações de ofícios relacionadas a produção de vinho, pão, cereais e cerveja regulamentada, nas suas associações as suas tabelas de preço. Fizeram história e trouxeram uma valorização do trabalho dos artesãos. Tais corporações não estavam dissociadas da Igreja católica. Os estatutos das corporações de ofício regulavam as relações externas - com o poder municipal e com o mercado (vendas, preços, aquisição de matérias-primas) - e as relações internas, como o monopólio de seus produtos, das ferramentas e dos saberes, e os vínculos entre mestres e aprendizes. Estes eram estabelecidos a partir de contratos celebrados entre o mestre e o pai ou tutor do aprendiz e fixavam o preço, a duração da aprendizagem e os deveres de ambos. (VEIGA, 2007, p. 17) As associações eram também espaços dedicados para aprender os ofícios. Hierarquicamente compostos de mestres, oficiais e aprendizes. Mestres eram os experientes donos da oficina. Tinham conhecimento amplo, eram donos das oficinas e da matéria prima necessária para

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produzir seus objetos. Já os oficiais recebiam salário para desempenhar o seu ofício, lugar conquistado depois de fazer prova e pagar taxa e podiam sonhar em um dia ser mestre e dono de sua própria oficina. Ao final da aprendizagem e, portanto, do contrato, o aprendiz tornava-se companheiro assalariado ou não. Poderia tornar-se um mestre se autorizado pelo seu superior e assim integrar a corporação. Para isso era preciso apresentar uma “obraprima” como demonstração de sua competência. O problema é que os mestres controlavam a ascensão dos companheiros e muitos permaneciam nesse estágio durante muito tempo ou por toda a vida. Em outras palavras, os mestres controlavam o mercado profissional, além de se beneficiarem do trabalho dos companheiros. (VEIGA, 2007, p.17) Aqueles que estavam na oficina na posição de aprendiz, contavam com as lições dos mestres, por muitos anos, na esperança de consolidação na profissão. Mercado existia para as vendas: O movimento das Cruzadas, no século XI, favoreceu as transformações ocorridas em vários segmentos da sociedade europeia;

lembrando

que

as

Cruzadas

tiveram

vários

objetivos (econômicos, sociais e religiosos) e que o objetivo religioso era restaurar a Terra Santa, que estava nas mãos dos muçulmanos, e devolvê-la aos cristãos. Esse contato promoveu uma nova realidade social e econômica por meio do acesso às mercadorias e às especiarias do Oriente, das práticas comerciais árabes, como o cheque e a letra de câmbio e as trocas de produtos nos entroncamentos dos feudos, originando as feiras comerciais e rompendo o isolacionismo europeu. (TERRA, 2014, p.33).

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O renascimento do comércio, no século XIII, ressaltou a posição das cidades europeias medievais. Isso incidiu sobre novas necessidades educacionais, aliadas as corporações. Os servos libertos se ocuparam de afazeres como alfaiates, ferreiro, marceneiro, tecelagem. As corporações controlavam o volume, a qualidade e o preço dos produtos, o artesão era proibido de praticar um preço maior ou usar matéria-prima inferior à do seu colega de oficio. Além disso, a corporação impedia a entrada de produtos similares aos produzidos na cidade e amparava seus trabalhadores em caso de velhice, doença ou invalidez. Tanto quanto as produções precisam de organizações. (TERRA, 2014, p. 33)

VOCÊ SABIA? Para saber mais sobre corporações de ofício e Administração Pública, entenda mais sobre o Modelo medieval de produção. Veja os três primeiros minutos do vídeo, produzido pela UNIVESP, no link: http://bit.ly/2IR442X

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Definindo a educação na Idade Média: Educação Cavalheiresca Na Idade Média, havia uma preocupação com a formação da cavalaria, ficou conhecida como educação cavalheiresca, relacionada à formação de importantes defensores medievais. Assim, os cavaleiros podiam dedicar seus tempos a atividades corporais e cultivo de bons valores espirituais e intelectuais, bem como formação de bons hábitos apropriados às suas práticas, aprendiam a defender os nobres e serem fieis aos importantes nobres e senhores feudais. Aprendiam a manusear e zelar bem as armas e como agir, habilmente, em guerras. Deviam aprender a proteger as damas. Ficavam próximos a elas, neste longo período de aprendizagem, para aprender a cortesia. Um bom cavaleiro precisava ter uma educação que lhe transmitisse boas virtudes como honradez, bom caráter, fidelidade e cortesia visíveis. A educação do cavaleiro ou cavalheiresca começava cedo e era uma longa jornada, no seio da família, muito pequenos, aos seis ou sete anos iam já saiam da casa paterna para receber a educação apropriada a meta de suas vidas, na corte, ou com outro cavaleiro, servindo as damas, assim estes pajens aprendiam a polidez esperada as suas futuras profissões. Aos 14 ou 15 anos, viravam escudeiros, prontos para ir à guerra com os senhores ou acompanhar as damas. Aos 21 eram, finalmente, ordenados cavaleiros em uma cerimônia muito especial. A formação dos cavaleiros medievais está relacionada a desagregação do poder central do estado, no regime feudal. A propriedade do senhor feudal, seu castelo, representava um símbolo importante da organização político-social, nos tempos medievais. “Os senhores feudais, que viviam isolados uns dos outros e eram muitas vezes rivais, estabeleceram com os vassalos de suas terras um pacto de mútua dependência - o vassalo servia e produzia, protegido e beneficiado por seu senhor. ” (TERRA, 2014, p.34).

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História da Educação A sociedade medieval envolvia lutas e competições dos senhores

feudais, realizavam caçadas e praticavam torneios, necessitando boa forma física, capacidade de defesa pessoal e de exercer papel militar. Ainda deviam ter devoção religiosa cristã, cumprir sua palavra, proteger crianças e mulheres. (TERRA, 2014) Para fazer face a essas exigências, o cavaleiro recebia uma educação baseada na sensibilidade moral, religiosa e estética, em vez do intelecto, do conhecimento científico e da capacitação dialética ou da abstração. Os textos que formavam sua instrução não eram os manuais das disciplinas do trívio e quadrívio, mas as canções de gesta e as poesias de trovadores. (TERRA, 2014, p. 34). Os cavaleiros deviam adquirir conhecimentos, disciplina e serem leais. Assim, “os ensinamentos da formação do cavaleiro eram transmitidos por meio da ação e do espírito, e não pelo discurso da razão e cultivo da mente. Os elementos do código da cavalaria eram o gosto pela aventura, a paixão pela luta, o sentimento da honra” (TERRA, 2014, p. 34). Haviam passos a serem fielmente seguidos na formação do cavaleiro. Ainda crianças, por volta dos 5 a 7 anos, já haviam sido designados por seu pais para exercerem este ofício, assim seriam cavaleiros. Iam aprendendo na casa dos seus pais a cavalgar e a jogar xadrez. O capelão lhes ensinava a ler, escrever e cantar, de forma bastante rudimentar. Figura 11: Cena alegórica de mulher sob a proteção da cavalaria

Fonte: wikimedia commons

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Lá pelos 12 anos, mudavam da casa dos pais, iam viver no solar de um senhor mais poderosos. Ali aperfeiçoava suas habilidades na equitação, ao mesmo tempo em que iniciado no manejo da espada e da lança, na caça, na falcoaria e, às vezes, na execução de um instrumento musical. Normalmente, ficava ao serviço de uma dama do solar como pajem, para adquirir polidez e boas maneiras. (TERRA, 2014, p. 35) Lá pelos 14 anos, virava escudeiro de algum cavaleiro, seguia-o em caçadas, combates e torneios, responsabilizado por manter bem guardadas as armas e cuidar dos cavalos. Depois desta longa aprendizagem e preparações, aos 21 anos, o escudeiro, “educado física e moralmente, ainda precisava dar provas de ser rico em virtudes, forte de ânimo e coragem, para ser considerado apto a ser investido como cavaleiro. Além disso, o candidato precisava possuir terras ou renda suficiente para arcar com as responsabilidades. ” (TERRA, 2014, p. 35)

VOCÊ SABIA? Quer saber mais sobre as ordens cavalheirescas? Veja este vídeo sobre e o juramento dos cavaleiros [Outono da Idade média]. No seguinte link: http://bit.ly/35Jef3w

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Identificando a patrística e as diretrizes da pedagogia escolástica A Patrística deve muito aos chamados Pais da Igreja, estes foram fundamentais com os seus ideários e concepções, que envolvia um projeto de educação cristã, para os povos medievais e que alcançou além dos povos europeus, outros povos por estes últimos colonizados. Entre estes pais da Igreja, é imensa a contribuição de dois brilhantes teóricos do cristianismo católico medieval; Santo Agostinho e São Tomás de Aquino, imortalizados pela gigantesca obra.

Identificando a patrística Na longa história da Igreja Católica, chama-se Patrística, um fantástico período entre os séculos II e VII, da era Cristã. Foram os pais da Igreja homenageados na hora de denominar este rico período. “Pais da Igreja são os primeiros padres e bispos que explicaram e defenderam os princípios da nova fé”. (PILETTI, 2012, p. 45). Eles deixaram forte legado cristão, com as suas imortalizadas ideias, seguidos de dogmas, planejadas cerimônias e costumes que foram espalhados pelo mundo cristianizado. Gadotti compreende que a patrística, entre os séculos I ao VII d.C., foi capaz de conciliar a fé cristã com as doutrinas greco-romanas e difundiu escolas catequéticas por todo o Império. Ao mesmo tempo, a educação monacal conservou a tradição e a cultura antiga. Os copistas reproduziram as obras clássicas nos conventos. Nos séculos seguintes, surgiu a centralização do ensino por parte do Estado cristão. A partir de Constantino (século IV), o Império adotou o cristianismo como religião oficial e fez, pela primeira vez, a escola tornar-se o aparelho ideológico do Estado. (Gadotti, 2003, p. 55).

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Se as educações, na antiguidade, eram baseadas “no heroísmo, no aristocratismo, na existência terrena, foram substituídas pelo poder do Cristo, critério de vida e verdade: “Eu sou o caminho, a verdade, a vida...Todo o poder me foi dado. ” (Gadotti, 2003, p. 55) São Paulo, convertido ao cristianismo, passou de perseguidor dos primeiros cristãos para um forte batalhador pela universalização do cristianismo, agindo para agregar gregos e romanos. Já os denominados pais da Igreja, entre eles Clemente de Alexandria (150 -211 e 215), Orígenes (185-254 d.C.), São Gregório (330 -389 d.C.), São Basílio (329 d.C379 d.C.). São João Crisóstomo (347 - 407 d.C.), São Jerônimo (347 - 419 ou 420 d.C.) e Santo Agostinho (354-430 d.C.), estes e outros vultuosos e importantes Pais da Igreja impuseram a necessidade de se ficar um corpo de doutrinas, dogmas, culto e disciplina da nova religião. Obtiveram pleno êxito. Criaram ao mesmo tempo uma educação para o clérigo, humanista e filosófico-teológica. Obtiveram deste a subserviência, mediante juramentos de fidelidade à fé Cristã e “votos” de obediência, castidade e pobreza. A essa disciplina se sujeitavam mais os clérigos provenientes das classes populares e menos os que detinham o poder. (Gadotti, 2003, p. 55) Santo Agostinho transformou substancialmente a Patrística. A pedagogia agostiniana compreende que o mestre indica o caminho ao aluno, mas somente o aluno é que poderá percorrê-lo. O mestre não poderá fazê-lo por seus alunos. Esta concepção, fundada na fé cristã, e não na razão, trata o homem como um ser que circula entre brutos (irracionalidade e mortalidade e anjos (racionalidade e imortal), estando os seres humanos no meio, inferiores aos anjos e superiores aos brutos, mortais e racionais. Só pela capacidade de entendimento é que os humanos superam os brutos, estes são mais fortes que os homens. A sorte é que os seres humanos são feitos a imagem de Deus, pelo ponto de vista do entendimento, capacidade mental fundamental. (PILETTI, 2012)

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História da Educação E o próprio cristianismo passou a ser visto como um meio de disciplina e a pedagogia, como um processo de contemplação. O ponto de partida da pedagogia agostiniana é o ser humano na sua situação de conflito e inquietude. Ao ter que se decidir entre diversos propósitos, às vezes antagônicos, a disciplina cristã pode ajudá-lo, pois, de acordo com o cristianismo, o fim último do ser humano é o desfrute de Deus. Os demais objetivos da vida só devem ter valor de uso. (PILETTI,2012, p. 45) Não havia possibilidade nenhuma, das práticas educativas

contemporâneas da Patrística, caminharem longe de seus preceitos. Deixaram legados significativos como a catequese, forma de instruir com perguntas e respostas. Derivando daí o nome do compêndio (livro) que contém a doutrina religiosa. E o surgimento da palavra catecúmeno, aquele que foi instruído na religião cristã. Surgiram as “escolas catecúmenas, que preparavam os adultos para receber o batismo. Com o tempo, as crianças passaram a fazer parte dessas escolas. Por isso, além da instrução religiosa, passou a ensinar leitura, escrita e canto”. (PILETTI, 2012, p. 45) No decorrer da educação na Idade Média, no conhecido período da Patrística e da escolástica, “a fé cristã se organizou em forma de doutrina religiosa, para exercer forte influência em todos os setores da vida cultural, ideológica e educacional”. (TERRA, 2014, p. 02). No decorrer do século II a VIII, da Era Cristã, os 1.ºs padres e bispos “estabeleceram os dogmas, as normas, os rituais e os sacramentos da então jovem Igreja Católica. Esse período recebeu o nome de patrística, que se caracterizava pela apologética, isto é, pela defesa da fé e a conversão dos nãos cristãos.” (TERRA, 2014, p. 28). A evolução da patrística recaiu sobre a educação, que passou a seguir fielmente seus conceitos. A pregação da época dos apóstolos é substituída pela catequese (do grego, instruir por meio de perguntas e respostas). A mesma palavra originou a expressão catecismo (compêndio de uma ciência ou doutrina religiosa). Surgem as

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primeiras escolas que preparavam os adultos para receber o batismo. Quando as crianças foram admitidas nessas escolas, passou-se a ensinar leitura, escrita e canto, além de instrução religiosa. (TERRA, 2014, p. 28). Com o aumento considerável das escolas foi necessário a preocupação com a formação e mestres. Isso motivou a criação e manutenção de escolas de catequistas. Haviam escolas catecúmenas e de catequistas. Depois surgiram as escolas de Gramática e de Retórica, ensinando ciências gregas, oferecendo ensino secundário, aberta aos cristãos, alunos ou mestres. (PILETTI,2012). “Entre as primeiras instituições criadas para esse fim, a mais importante foi a Escola de Catequistas de Alexandria. Paralelamente, foram surgindo as escolas de Gramática e Retórica, que ensinavam as ciências gregas, mas com a ativa participação de cristãos.” (TERRA, 2014, p. 28).

VOCÊ SABIA? Saiba mais sobre a Patrística e os pais da Igreja , vendo um vídeo da editora Cléofas, disponível em: http://bit.ly/2MkS2Rz

Identificando as diretrizes da pedagogia escolástica Os estudos eram divididos em trivium (gramática latina, dialética e retórica) e quadrivium (geometria, aritmética, astronomia e música). Ficou evidente que nos tempos medievais pela influência e necessidades da Igreja, esses conhecimentos não foram abordados de forma sistemática e abrangente, restringindo-se principalmente aos estudos do trivium. Os saberes eram escolhidos dentro de uma concepção de que os saberes escolhidos deveriam ter sentido para a vida cristã,

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História da Educação já que tanto trivium e quadrivium representavam as diferenças que existiam dentro da natureza das disciplinas. “O trivium se relacionava com os instrumentos analíticos da palavra e da mente, com a expressão do pensamento e suas regras, enquanto o quadrivium se referia ao conhecimento das coisas do mundo” (VEIGA, 2007, p. 20). Aprender gramática latina (relacionada o trivium) era saber sobre

regras formais e gerais do pensar pelos mecanismos da linguagem, considerando a ortografia, sintaxe e métrica, já a dialética entrava como metodologia capaz de permitir a assimilação de vínculos e fazer saber a lógica de um discurso, restava contar com a retórica para conhecer a exposição perfeita do discurso, como convencer e persuadir os ouvintes. (VEIGA, 2007). Isso é incomparável com o quadrivium e seus saberes, suas “disciplinas para conhecer e tornar conhecidas as coisas do mundo ou as realidades externas” (VEIGA, 2007, p. 20), tais como aritmética, geometria, astronomia e sons das músicas. Devido ao fato da Igreja privilegiar conhecimentos que favoreciam a vida espiritual, esse conjunto de saberes somente despertará maior interesse no final da idade média. Sua aplicação pode ser constatada na astrologia, na medicina, na arquitetura e na elaboração de um sistema unificado de notação musical, além da astronomia. (VEIGA, 2007, p. 20) A idade escolástica definiu uma organização escolar que ainda prevalece? Reflita, se faz sentido comparar, os tempos medievais aos contemporâneos, e suas respectivas educações: universidade, faculdade, colégios, graduações (como a de bacharel). Os estudos dividiam-se trivium (retórica, gramática, lógica) e quadrivium (aritmética, geometria, astronomia, música). A retórica contribuiu para a concepção de discurso, associando-se à “arte” de ensinar não como simples transmissão, mas como técnica de raciocínio. Isso faz do professor o “mestre do discurso”, mas numa tradição oral em que a prática do oral está repleta de significados implícitos, como a do debate. (Marondi, 2008, p. 42)

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É percebido que os tempos medievais foram marcados por um uso restrito da aritmética para o fim de elaboração de calendários cristãos e atividades na área do comércio, principalmente junto aqueles lugares de importantes mercados (Itália, por exemplo). “Esse ensino era ministrado pelos chamados ‘mestres do ábaco’, que ensinavam noções de aritmética e contabilidade. A ampliação desses conteúdos e mestres acompanhou o desenvolvimento do comércio do século X em diante”. (VEIGA, 2007, p. 20). No século IX, surge um sistema de ensino, inspirado por Carlos Magno, com a educação elementar “ministrada em escolas paroquiais por sacerdotes. A finalidade dessas escolas não era instruir, mas doutrinar as massas camponesas, mantendo-as ao mesmo tempo dóceis e conformadas (Gadotti, 2003, p.55). Já a educação secundária acontecia em escolas monásticas, dentro dos conventos. Diferenciando das duas anteriores, a educação superior era “ministrada nas escolas imperiais, onde eram preparados os funcionários do Império”. (Gadotti, 2003, p. 56). Carlos Magno foi o 1.º Imperador do Sacro Império Romano (por volta de 800), como também Rei dos Lombardos (em 774) e Rei dos Francos (em 768). Já mais para o fim do 1.º milênio cristão, palco de muitas conturbações, as cruzadas até Jerusalém, foram lutas contra os islâmicos. A acumulação de terras, neste período medieval, fez surgir os soberanos dos feudos, com representantes da Igreja, houve superação do escravagismo, fazendo surgir novo modo de produção. Assim, surgiram duas classes sociais, o dono de uma grande região era o Suserano, e os pequenos proprietários, advindos do claro ou da nobreza, subordinados a algum suserano. E já aos servos restava cultivar a terra, não eram escravos, mas podiam ser vendidos pelos senhores, com a sua propriedade, o feudo. Ao contrário dos cristãos, os árabes não queriam mutilar a cultura grega em função de seus interesses. Foram eles que a levaram ao ocidente, com a invasão cultural que realizaram. Desse choque, desse conflito, inicia-se um novo tipo de vida intelectual, chamada escolástica, que procura conciliar a razão histórica com a fé cristã. Seus fundadores foram SANTO

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História da Educação ANSELMO (1033 OU 1034-1109 e PEDRO ABELARDO (1079 - 1142), mas o maior expoente foi SÃO TOMÁS DE AQUINO (1224 OU 1225-1274), para o qual a revelação divina era supraracional, mas não antirracional. (GADOTTI, 2003, p. 58) Figura 12: Pais da Igreja - São Tomás de Aquino

Fonte: wikimedia commons

São Tomás de Aquino, viveu entre 1224 (ou 1225) até 1274 e foi um célebre representante de uma época em que Santo Agostinho estava batalhando pelaa sustentação doutrinária que o imortalizou. “Tomás formulou um sistema filosófico que procurava conciliar a fé cristã com o pensamento de Aristóteles”. (PILETTI, 2012, p. 52). Procurou trazer o realismo aristotélico para dentro da Igreja, superando as dificuldades de conciliar o fato de Aristóteles não admitir um Deus criador e nem a existência da vida no pós-morte, aparentemente inconciliáveis com o cristianismo. Apesar do pensador grego Aristóteles afirmar que a realidade material é quem fornece conhecimento científico, São

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Tomás de Aquino justifica que “há no ser humano uma alma única, intrinsecamente unida ao corpo. Isso, para aquela época marcada pelo espiritualismo agostiniano, que nutria certo desprezo pela matéria, foi uma ideia revolucionária”. (PILETTI, 2012, p. 54) Nasceu em Nápoles, filho de um Conde de Aquino, não viu outro recurso a não ser fugir de casa para ingressar na Ordem de São Domingos (dominicanos), concluiu seus estudos em Paris, aprendendo com seu Mestre Alberto Magno. Depois se tornou professor universitário. Ele se notabilizou tanto na área de educação que é considerado patrono das escolas católicas, pelo mundo. É comum encontrar escolas católicas pelo Brasil com seu nome. Ele foi um peregrino, andou bastante a pé, visitando cidades, morando em algumas temporariamente. Foi notável professor, escritor, teólogo, filósofo, organizou os estudos, reformou programas de ensino e fundou escolas superiores. “Seguia e pregava os seguintes princípios: evitar a aversão pelo tédio e despertar a capacidade de admirar e perguntar, como início do autêntico ensino.” (GADOTTI, 2003, p. 61) Admirador do Grego Aristóteles, São Tomás de Aquino afirma que a “educação habitua o educando a desabrochar todas as suas potencialidades (educação integral), operando assim a síntese entre a educação cristã e a educação greco-romana”. (GADOTTI, 2003, p. 58). Ele defendia que Deus é o mestre verdadeiro e as deduções provém das experiências humanas. Formulou um sistema filosófico que procurava conciliar a fé cristã com o pensamento de Aristóteles. Essa missão parecia impossível, pois em oposição ao idealismo platônico que havia inspirado Sant Agostinho, o realismo aristotélico se permitia verdadeiras heresias, como não conceber um Deus criador de todas as coisas e a vida após a morte. Para Tomás de Aquino, o ser humano carrega uma alma única, intrinsecamente unida ao corpo. Além dessa ênfase que dava à matéria em relação ao espírito, ele valorizava a razão em relação a fé. Um dos grandes méritos de Tomás, além da ênfase dada à matéria frente ao espírito, foi a valorização da razão humana frente à intuição e, até mesmo, frente à revelação. Aliás, a relação entre razão e fé está no centro dos interesses de Tomás, para quem, mesmo subordinada à fé, a razão funciona

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História da Educação segundo leis próprias. Em outras palavras: o conhecimento não depende da fé nem da presença de uma verdade divina no interior da pessoa. PILETTI, 2012, p. 54 e p. 55) Com relação ao ensino e à educação, Tomás de Aquino coloca

Deus na posição de verdadeiro e único mestre que ensina dentro de nossa alma, entretanto, ele aponta a necessidade de colaboração exterior. O professor colabora no ensino, mas o processo da aprendizagem dependerá do próprio aluno. Em outras palavras, o professor não tem como “entregar - a ciência, mas prepara o aluno para ela. Só Deus ensina e deve ser chamado de mestre. Ele escreveu, assim como Agostinho, e nove séculos depois deste, um livro chamado De Magistro, com suas importantes contribuições aos maiores problemas pedagógicos do seu tempo. São Tomás de Aquino eleva Deus ao verdadeiro agente da educação. Professores, médicos e lavradores são agentes externos, já que o ensino, a cura e a lavoura, dependem igualmente de ajuda externa. Sendo um agente externo, o professor “colabora na aprendizagem do aluno, mas esta depende do próprio aluno. Em outras palavras: o professor não pode comunicar a ciência, mas prepara para ela. Por isso, só Deus ensina e deve ser chamado de mestre”. (PILETTI, 2012, p. 54). A Escolástica é, ao mesmo tempo, sistema de pensamento e método de ensino. É uma relevante filosofia cristã medieval e o proeminente método de ensino que prevaleceu, longamente, entre os séculos IX e XV. Dentro dos princípios da filosofia cristã da Idade Média, o método de ensino que predominou do século IX ao século XV recebeu o nome de escolástica. Na realidade, a expressão era usada para designar tanto a filosofia ensinada quanto o método pedagógico empregado para transmiti-la. Era a união da fé com a razão. (TERRA, 2014, p. 29) Este nome escolástica originou-se do fato de que nos tempos medievais, denominava-se “scolasticus o professor de Artes Liberais e, em seguida, o de Filosofia ou Teologia que dava suas aulas, primeiro nas escolas do convento e, depois, na Universidade. Desse nome derivou escolástica, para dizer tanto a Filosofia ensinada quanto o método utilizado na escola”. (PILETTI, 2012, p. 55).

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A escolástica tinha como propósito ensinar a verdade, através de um método racional, um ´serio exercício de atividade racional. Usando duas formas distintas de ensino: o lectio, comentário de um determinado texto, e o disputatio, representando o estudo de um específico problema, aliado a uma discussão, que reúne os prós e contras argumentos. Os textos, na escolástica, tomaram, de modo dominante, o formato de comentários, ou coleções de questões. A escolástica “não se limitava ao ensino das verdades teológicas e filosóficas e abrangia todas as atividades intelectuais das escolas medievais. O próprio Tomás de Aquino foi o responsável por elevá-la ao mais alto nível como método didático”. (TERRA, 2014, p. 29 e p. 30) Ao longo do seu desenvolvimento, a escolástica medieval viveu três importantes fases ou períodos. A Alta escolástica (entre os séculos IX e XIII, reunindo harmonia entre a razão e a fé), o Florescer da escolástica (Séculos XIII a começo do século XIV), com parcial harmonia, mas não admite contraste entre razão e fé. E, por fim, a Dissolução da escolástica, que durou do começo do século XIX ao Renascimento, em que ficou impossível não admitir o contraste entre fé e razão (PILETTI, 2012). Terra decifra cada um destes três períodos significativos: 1. Do século IX ao século XII, a Alta escolástica se caracterizava pela harmonia entre a razão e a fé. 2. Do século XII ao início do século XIV, o Florescer da escolástica, em que essa harmonia passa a ser parcial. 3. Das primeiras décadas do ´século XIV até o renascimento, a dissolução da escolástica, quando o tema básico passa a ser o conflito entre fé e razão. (TERRA, 2014, p.30) A decadência da escolástica, sistema de pensamento e método de ensino deu-se ao excesso de autoridade e exacerbado autoritarismo de seus atores. Trouxe grandes legados à cultura ocidental, entre elas, a valorização dialética clássica e também do pensamento lógico, com a enorme contribuição de Tomás de Aquino. (TERRA, 2014). Tomás de Aquino, na sua obra De Magistro indaga se ensinar é ato de vida ativa ou contemplativa. Vai tecendo, ao longo do texto argumentos a favor de uma resposta relacionada a vida ativa ou a vida contemplativa. Até trazer a solução ao problema apresentado. Reconhece que a vida

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ativa e contemplativa são distintas pela matéria e pelo fim. As matérias da vida ativa não são perenes, são passageiras, objetos dos atos humanos. Já a matéria contemplativa está ligada as razões cognoscíveis dos seres, ali vivendo o contemplativo. A finalidade da vida contemplativa é penetrar na verdade, aquela verdade que não é obra dos homens, perfeita para a vida eterna. O homem começa a contemplar aqui na terra e segue lá no céu. Já a vida ativa é restrita a operação dirigida para utilidade próximas humanas. E Gadotti pondera que no ato de ensinar achamos dupla matéria, cujo sinal é o duplo ato cumulado pelo ensino. Pois uma das suas matérias é aquilo mesmo que ensina. Outra, a pessoa a quem e comunica a ciência. Em razão da primeira matéria, pertence o ato de ensinar à vida contemplativa, em razão, porque da segunda à ativa; mas em razão do fim parece só pertencer à vida ativa, porque a última das suas matérias, em que se atinge o fim colimado, é matéria de vida ativa. (GADOTTI, 2003, p. 62) A escolástica ficou notabilizada não só pelo ensino de verdades filosóficas e teológicas, vai além e envolve outras atividades intelectuais das escolas medievais. Chamá-la somente como Filosofia e Teologia, representa uma injustiça com o amplo trabalho de São Tomás de Aquino, que a ergueu como método didático. E tal método da escolástica, segundo ele próprio qualificava, “valorizava os dois fatores do processo educativo: o de considerar que o saber tem uma estrutura suscetível de ser ensinada e o de que o ser humano possui a capacidade de fazê-lo”. (PILETTI, 2012, p. 56). Recebeu muitas críticas o abuso do princípio de autoridade da escolástica. Havendo até quem reconheça que isso pode ter resultado no fato dela não representa, por um período maior, o desenvolvimento intelectual e processos educacionais superiores. É visto como se a mediocridade tenha fundado a autoridade, e a autoridade fundou a mediocridade. Professores exerciam seu autoritarismo, em detrimento de gestos como incentivar o raciocínio, e nada de questionamentos aos saberes oferecidos como verdades prontas e eternas. (PILETTI, 2012). Sobre a organização dos estudos, graus de ensino das universidades e a pedagogia escolástica é possível afirmar fazer uma faculdade era algo bem diferente do que fazem, nos dias atuais, aqueles

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que querem ser professores ou médicos. Nos tempos medievais, aqueles que queriam ser professores frequentavam um professor da corporação e faziam “os atos prescritos para se tornar mestre (faculdade de artes) ou um doutor (medicina, teologia, direito). Os estudos tinham duração variável - me média seis anos para os estudos das faculdades de artes; o mais longo era o de teologia, que podia se estender por 15 anos) ”. (VEIGA, 2007, p. 24) Havia a necessidade de saber latim, língua essencial para acessar nas faculdades. E aqueles que aprendiam sozinhos (autodidatas) foram surgindo somente, ao longo do século XV. Os que interessados em aprender latim procuravam um mestre de escola latina ou de gramática. “Os alunos aprendiam o alfabeto, a pronúncia das sílabas e, finalmente, a ler um texto. Muito raramente se aprendia a escrever”. (VEIGA, 2007, p. 24). Jovens de todas as idades iam às aulas, maioria masculina, iam sendo instalados em bancos e aprendiam de forma individual. Uma prática ainda comum nas infâncias de muitos dos nossos bisavôs era comum: Ir à frente da sala para o exame oral, exato momento em que o aluno deveria dar a lição, habilmente decorada e memorizada sem falhas. A oralidade era ferramenta essencial na educação medieval. Quem não aprendia ou era indisciplinado, era corrigido com chicotadas. Uma dureza e crueldade que demorou a sumir na história humana! Obter conhecimentos, neste momento da história medieval, era memorizar o que pensavam os escritores clássicos como Aristóteles, o que continha a Bíblia e o que escreveram os famosos pensadores como Hipócrates e Galeno, sobre a medicina. Foi essa a rica base da pedagogia escolástica ou método escolástico, que costumava partir de uma autoridade, texto ou livro que continham os princípios gerais de alguma disciplina. O desenvolvimento do método escolástico previa que o mestre deveria fazer a sua exposição (lectio ou expositivo) da obra. “O objetivo era ensinar como o autor demonstra sua ideia, a lógica de construção do discurso, e para isso fazia-se a decomposição dos argumentos”. (VEIGA, 2007, p. 25). O que se seguia era a disputa ou discussão (disputatio), para o estabelecimento daquela lição retirada do livro (questio), para que o professor realizasse a conclusão (determinatio), de forma determinada como verdadeira (conclusio). (VEIGA, 2007). Montado em uma estrutura

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oral e para ser memorizada. Os livros ainda eram raros e caros, o que os obrigava a copiar e “escrevia-se comprimindo as letras e de forma abreviada, além de se copiarem os livros em cadernos separados”. (VEIGA, 2007, p. 25). Alunos tinham por volta de 12 livros e os mestres tinham 30 livros. Isso é impressionante, diante da evolução que a indústria editorial tomou com o tempo, no mundo. Hoje, temos as bibliotecas digitais e a possibilidade de ler de forma digital, em uma velocidade impensável aos povos medievais. Nem é possível comparar! Podemos afirmar que a democratização dos saberes foi uma intensa conquista humana, dos tempos medievais aos nossos tempos contemporâneos.

VOCÊ SABIA? Para conhecer um pouco mais sobre a escolástica, veja o vídeo Brevíssimo comentário sobre a Escolástica, Expressão máxima da filosofia medieval e saiba mais sobre São Tomás de Aquino. Disponível em: http://bit.ly/2BdVo2t

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BIBLIOGRAFIA BEMVENUTI, Alice et ali O Lúdico na prática pedagógica. Curitiba: InterSaberes, 2012. (Série Pedagogia contemporânea. BROUGÈRE, Gilles. Jogo e educação. Porto Alegre: Artes Médicas, 1998. GADOTTI, Moacir. História das ideias pedagógicas. São Paulo: Editora Ática, 2003. Manson, Michel. Construir a História do Brinquedo: um Desafio Científico. RevistAleph - ISSN 1807-6211, ANO XI, Número 22, dezembro de 2014. PILETTI, Claudino. História da educação: de Confúcio a Paulo Freire. Contexto, 2012 QUEZADA, Jélvez, Julio Alejandro. História da educação. Curitiba, Intersaberes, 2012. RAU, Maria Cristina Trois Dorneles. A ludicidade na educação: uma atitude pedagógica. Curitiba: Inter Saberes, 2012 RUBIO, Katia. Esporte, educação e valores olímpicos. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2009. TERRA, Márcia de Lima. História da Educação (ORG.) História da Educação. São Paulo, Pearson, 2014. VEIGA, Cynthia Greive. História da educação. São Paulo, Ática, 2007.