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TECO em Cena on Line nº 14
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Story Transcript

Nossa Capa:

Ana Maria Medici Entrevista com nossa convidada, a premiada atriz, atuante no cenário teatral e cinematográfico do ABC, cuja curta passagem pelo TECO, deixou boas lembranças a todos nós.

Ana M. Medici e Val Mataverni “Pedro e Domitila”, montagem do Grupo Cênico Regina Pacis - 2005.

ILUSTRAÇÕES: DILSON O. NUNES REVISÃO: MARIA MADALENA S. NUNES

PUBLISHER

Também nesta 14ª edição:

Dilson de Oliveira Nunes

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Fotos contendo cenas da Ana Maria Medici, por ela gentilmente cedidas, fotografadas nos palcos por onde passou, a crônica sobre as festas do TECO, por Oswaldo Sanchez Lupinetti com fotos de fantasias e a poesia de Paola Zanei.

TECO em cena nº 14

ENTREVISTA COM A ATRIZ

Ana Maria Medici Onde você nasceu? Nasci em São Bernardo do Campo e sou formada em Comunicação Social pela Universidade Metodista de São Paulo. Na minha vida profissional, entre outros empregos, fui funcionária Departamento de Cultura, hoje Secretaria de Cultura da Prefeitura de São Bernardo do Campo, por vinte anos, até 2008. Fale-me da atriz Ana Maria Medici. Integro o Grupo Cênico Regina Pacis, criado por Antonino Assumpção em São Bernardo do Campo, desde 1968. Atuo no Regina Pacis também no corpo diretivo como vice-presidente e desde meu ingresso no grupo, pelas mãos de meu pai, Alcides Medici, TECO em cena nº 14

premiado ator que já o integrava desde 1964; nunca mais parei e estou nele até hoje. São 54 anos subindo aos palcos e batalhando pela arte teatral em quase uma centena de peças teatrais do repertório do grupo, incluindo textos adultos e infantis. Dentre as montagens, estão “Liberdade, Liberdade” (69), “Zumbi” (70), “Ralé” (72), “Fala Baixo, Senão Eu Grito” (79), “O Dr. Bons Modos” (81), “A Bruxinha Que Era Boa” (82), “Um Uísque para o Rei Saul” (98), “Pedro e Domitila” (2005), “Tem Um Morto Na Minha Cama” (2013), “Lembranças da Villa” (2016), “Artistas do Natal” (2017), “Varais” (2018), “Aventuras de um Barquinho” (2019), 5 vídeos no período crítico da pandemia e um conto de Natal no final de 3

2021, entre outras. Atuei também em outros grupos como atriz convidada, além de fazer narrações de espetáculos e concertos. Também tive uma incursão pelo teatro profissional em 1972, atuando no espetáculo “Hipólito” de Eurípedes com adaptação de Eudinir Fraga, montagem do Grupo Rotunda de Campinas, com direção de Teresa Aguiar, inaugurando o teatro ao ar livre do Centro Municipal de Cultura Carlos Gomes, em Campinas. Participei também, no ano de 1997, de uma performance que mesclou as linguagens da dança e do teatro, chamada “Criatura”, na qual interpretei o texto na coreografia da bailarina Marta Capelli. Possuo registro profissional como artista (DRT) desde 1984. Mencione suas premiações Em muitas dessas montagens do Regina Pacis, contracenei com meu pai e, dentre outros prêmios individuais, ambos 4

conquistamos o “Prêmio Governador do Estado” de ator e atriz coadjuvante com o espetáculo “Auto da Compadecida”, de Ariano Suassuna, em 1978. Esse prêmio era o mais importante na época dos Festivais de Teatro Amador do Estado de São Paulo. Qual é o seu estado civil? Sou casada com Fernando Cavalheri há 35 anos, meu parceiro na vida e na arte, também integrante do Regina Pacis e muito atuante em funções técnicas, entre outros trabalhos de bastidores. Como conheceu o Grupo TECO e o Maciel? Conheço o diretor Augusto Maciel Neto, desde os anos 1970 e acompanho o trabalho do TECO desde então. Ele também acompanha os espetáculos do meu grupo ao longo de muitos anos. Em 2016, o Maciel me convidou para interpretar uma cena da peça “Gota D’Água”, de ChiTECO em cena nº 14

co Buarque e Paulo Pontes, dirigida por ele. A cena integrou a Noite Poética Teatral no Teatro Novo Mundo em Santo André. Também fui convidada por ele para atuar em um espetáculo do TECO que, infelizmente, ficou só no estudo do texto e nas muitas leituras e não chegou a ser finalizado por questões de direitos autorais.

21 de julho passado, no Teatro Elis Regina em São Bernardo do Campo e as exibições continuam até o final do mês de julho, nas sete cidades da região do ABC, cujos curtas integram o longa, num projeto inovador que reúne cineastas da Região num único filme. QUERO SER ESTRELA DE CINEMA, curta-metragem de Diaulas Ulysses (2021), lançado em 03 de abril E suas atuações na telona? deste ano, no Teatro Elis RegiEm cinema participei de: na na Mostra de Audiovisual ARDIS, de João Miguel Valen- de São Bernardo do Campo. cise, produção Cine Qua Non Vídeo (1992). Conte-nos sobre suas premiaSÁBADO, de Ugo Giorgetti, ro- ções dado nos estúdios Vera Cruz, Nessa minha trajetória teatral em São Bernardo do Campo, e recebi vários prêmios em feslançado em 1995. tivais e mostras e, além do já BOLEIROS 2, de Ugo Giorgetti, citado Governador do Estado, filmado em 2005 e lançado em fui agraciada com a Medalha abril de 2006. Anchieta de melhor atriz no AS MAIORES ATRIZES DOS ES- 10º Festival do SESC, em 1986, TÚDIOS VERA CRUZ, curta-me- prêmio que me foi entregue tragem de Diaulas Ulysses, que pela grande atriz Lélia Abraintegra o longa SETE CIDADES mo. Foram momentos muito E UMA VILA INGLESA (2019). marcantes para mim. Todos os O lançamento ocorreu no dia prêmios foram importantes e TECO em cena nº 14

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só me motivaram a aprimorar cada vez mais o meu trabalho artístico, que ao longo desses anos todos, também foi se desenvolvendo por meio dos ensinamentos de Antonino Assumpção, Sérgio Rossetti, entre outros diretores, e participações em muitos workshops, oficinas e cursos de formação teatral nas áreas de interpretação, expressão corporal, preparação vocal, cenografia, figurino, iluminação ministrados por profissionais gabaritados e renomados como Myrian Muniz, Eugênio Kusnet, Campello Neto, Emílio di Biasi, Yolanda Amadei, Silvio Zilber, Mylene Pacheco, Ulysses Cruz, entre outros. Quais outras atividades relativas ao entretenimento? Já fui integrante de comissões julgadoras de festivais escolares, de carnaval de rua e de diversos eventos culturais nas áreas de artes cênicas, música, literatura, artes visuais e cultura popular. 6

Participo também de grupos de estudo, um no Centro de Memória de São Bernardo do Campo e outro ligado ao SENAC, também na unidade de São Bernardo. Dê-nos suas considerações finais. Primeiramente quero agradecer ao Maciel pela amizade e por todos esses anos que temos compartilhado nossas experiências teatrais por meio dos espetáculos dos nossos grupos, o TECO e o Regina Pacis. E também por confiar no meu trabalho de atriz me convidando, por diversos vezes, para atuar sob sua direção. Também quero dar os parabéns a você, Dilson Nunes, pela importante iniciativa de editar esta revista que enaltece o trabalho realizado por todos que construíram a história do TECO, assim como outras histórias paralelas. A arte teatral tem muita força porque é feita por pessoas que se entregam de corpo e TECO em cena nº 14

alma ao trabalho. O teatro entrou na minha vida desde que eu era uma garota que ia assistir meu pai atuar em vários esquetes, dirigidos pelo Padre Jerônimo Angeli e apresentados no Salão Paroquial da Igreja Matriz de São Bernardo do Campo, após as missas matinais de domingo. Desde então fiquei deslumbrada com tudo o que acontecia sobre o palco e, algum tempo depois, seguindo os passos dele, também subi ao palco e estou nele até hoje. Meu pai faleceu em 1989, me deixando um grande legado. Sempre fiz teatro por pura paixão e com muita dedicação e espero continuar levando ao palco muitas outras histórias de vida, por meio da grande riqueza de informações que a dramaturgia propicia. O teatro é tão encantador por ser tão efêmero e tão transformador ao mesmo tempo. Viva o Teatro e todas as Artes! E uma delas, a Sétima Arte, recentemente, mais precisamente no dia 21 de julho pasTECO em cena nº 14

sado, se fez presente na telona, em noite de estreia, com o filme “Sete Cidades e uma Vila Inglesa”, no Teatro Elis Regina, em São Bernardo do Campo. O filme é composto por oito curtas-metragens rodados na região do Grande ABC, em 2019. Cada episódio foi filmado em uma das cidades, por diferentes diretores, envolvendo aspectos de cada uma delas. É um longa sobre o Grande ABC. Eu participo do curta que foi feito em São Bernardo do Campo, por Diaulas Ulysses, que se chama “As Maiores Atrizes dos Estúdios Vera Cruz”. Fiquei muito feliz ao ser convidada para atuar no filme e confesso que foi uma experiência muito enriquecedora trabalhar com atores e técnicos muito focados nesse projeto de cinema inovador, que aglutina a produção fílmica de cineastas locais num único filme. As exibições subsequentes à estreia aconteceram em Santo André, São Caetano do Sul, Rio Grande da Serra, Mauá, Diadema e Ribeirão Pi7

res, até o final de julho. Em todas elas houve um bate-papo com a plateia envolvendo os diretores. É muito gratificante constatar o resultado desse trabalho de gente tão empenhada, talentosa e dedicada. Que venham outras propostas

semelhantes para fomentar e dar maior visibilidade ao cinema feito por aqui. Parabéns a todos os envolvidos. Viva o Teatro, viva o Cinema e viva todas as Artes, pois sem arte não há vida e viver é uma arte!

“O Homem do Princípio ao Fim” de Millôr Fernandes, 1971: Hélio de Lima, Alcides Medici, Ana Maria Medici, José Antonio Guazzelli, Antonino Assumpção, Leude Montibeller, Hilda Breda, Viva Ramos e Inês Vanzella. 8

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EU E MEUS CABELOS BRANCOS Paola Zanei

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CADA MAU CACO NO SEU PALCO

E

ra uma comédia de Ariano Suassuna: “O Santo e a Porca”. Ideia de Fúlvio Faiçal, um veterano dos palcos amadores e funcionário, assim como eu, de uma indústria de autopeças em São Bernardo do Campo. Convocou os colegas interessados para um teste; e a escolha do personagem principal, o tal de Eurico, um libanês radicado no Nordeste e avarento como ele só, recaiu sobre a minha pessoa. Meses de ensaio no restaurante da empresa fora do expediente e aos sábados e alguns domingos... Até que finalmente nos foi concedido o Teatro Cacilda Becker em São Bernardo do Campo, para dois dias de apresentação, como soirée. 10

No primeiro dia, a empresa dispensou o trabalho de cada um: diretor e atores para concentração nas dependências do teatro, montagem de cenários e indumentária. Foram realizados exaustivos ensaios, com todos as cenas na ordem (respeitando-se os 3 atos) com elementos de palco e afinação de iluminação. Na primeira noite de espetáculo, correu tudo na normalidade. A plateia, formada por funcionários e seus familiares aplaudiu e influenciou outros, a assistirem, na noite seguinte. Sabe como é amador, né? Aquele que já se julga ser um profissional? Pois é. Como dominamos as falas do texto, achamos que poderíamos introduzir cacos nas cenas, principalmente citando nomes de TECO em cena nº 14

colegas de trabalho que ali estavam assistindo, para provocar gargalhadas do público. Havia um supervisor, que era o mais antigo empregado da empresa e era muito austero, mal citado até no jornal do sindicato. Em uma cena em que eu deveria falar sobre algo antigo e fora de moda, citei o nome do colega (Sizefredo) assim: “– isso é de mil novecentos e Sizefredo”. Ele estava presente e até gostou da menção, rindo junto com os seus subordinados. Em outra cena, abrindo um baú, onde o meu personagem escondia uma fortuna, achei uma listagem de computador e simulei que ali estava registrada a folha de pagamento da empresa, contendo até o salário do Viana, nosso Gerente de RH, justamente a pessoa que nos autorizou e nos forneceu recursos para a produção da peça teatral. A plateia veio abaixo de tanto rir. Sucesso garantido, pensei. No dia seguinte, o Fúlvio foi TECO em cena nº 14

dispensado da empresa. Sem entender o porquê, eu fiquei bastante entristecido quando soube, dias depois. O nosso diretor teatral não era mais funcionário daquela indústria! Acontece, que ele havia se comprometido a me ajudar na cobertura fotográfica do casamento de meu cunhado, cerca de um mês depois da sua dispensa. E lá, ele me explicou que fora dispensado. por desobedecer às orientações do Viana. O gerente de RH estabelecia uma condição: “Não envolver, nem citar nomes de empregados no decorrer da peça”. E justo o nome dele foi mencionado por mim... Eu não sabia o que fazer, para desculpar-me; esse relato me deixou com sentimento de culpa. (Assim conheci a censura). – Calma, disse-me ele... Eu ia pedir demissão mesmo... Já tinha um emprego novo, com um cargo bem melhor, em outra empresa. E estava tudo 11

acertado, conformou-me. Mas, serviu-me de lição: “A disciplina... é o primeiro passo para o aprendizado”. Evoé! Dilson de Oliveira Nunes N.A.:CACO: Fala improvisada para consertar algum erro ou substituir algum elemento ausente, seja no texto ou na cena. Caco também é a fala inexistente no texto

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da peça, mas que o ator introduz no desenrolar cena. O excesso de cacos é um dos causadores da poluição cênica e pode ser sinal de falta de domínio do texto por parte do ator. Um caco que passa a repetir-se em cada apresentação não mais como improviso deixa de ser um caco para ser uma alteração planejada, configurando assim uma adaptação do texto ou licença poética. ===

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FOTOS DE ANA MARIA MEDICI Foto ao lado: Sergio Rossetti (diretor), Reginaldo Lucas (ator), Hilda Breda (assistente de direção) e Ana Maria Medici (atriz) em “Um Uísque Para o Rei Saul” de César Vieira - 1998.

Ana Maria Medici em “Aventuras de um Barquinho”, texto de Hilda Breda inspirado em obra de Ilo Krugli, 2019

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Ana Maria Medici em cena de “Gota D’Água”, de Chico Buarque e Paulo Pontes, dirigida por Augusto Maciel na Noite Poética Teatral Teatro Novo Mundo, Santo André27/07/2016

Tem Um Morto na Minha Cama” de Roberto Villani com Val Mataverni, Ana Maria Medici e José Luiz do Prado - 2013

Ana Maria Medici em cena com seu pai, Alcides Medici, na peça “Castro Alves Pede Passagem” de Gianfrancesco Guarnieri (1976)

José Antonio Guazzelli, Ana Maria Medici, José Luiz do Prado e Alcides Medici em “Auto da Compadecida” de Ariano Suassuna, 1978 (Alcides e Ana, pai e filha, conquistaram o Prêmio Governador do Estado

À esquerda: “Estranho Procedimento” de Luis Fernando Veríssimo (1986) Ana Maria Medici e Albino Alves. À direita: Ana Maria Medici e Boni Carvalho em “Fala Baixo Senão Eu Grito” de Leilah Assumpção, 1979

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Emeri Guglielmetti, Ana Maria Medici e Agnes Montibeller em “Varais”, de Hilda Breda - 2018

“Artistas do Natal”, de Hilda Breda, 2017: Luiza Ferrante, Emeri Guglielmetti e Ana Maria Medici. TECO em cena nº 14

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Foto acima: Ana Maria Medici com Hilda Breda, em frente aos Estúdios Vera Cruz. Foto de Soll Domingues. Filme “Sete Cidades e uma Vila Inglesa”

Estreia do filme no Teatro Elis Regina em São Bernardo do Campo em 21 de julho de 2022 16

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o decorrer do tempo, o TECO teve sua sede em 4 locais distintos, todos em Santo André. O primeiro local foi numa casa situada na Rua Padre Capra, na Vila Assunção; o segundo foi na casa da nossa querida e saudosa Noretta Vezza, na Avenida Portugal, 970; o terceiro foi na Av. Prof. Luiz Inácio de Anhaia Melo, no Jardim Marek; e o quarto e último foi na Rua Onze de junho, 44, no Bairro Casa Branca, onde ficamos até meados de 2014. Durante sua trajetória, o TECO sempre prezou por manter o convívio e união salutar entre seus integrantes. E fazia isso através de eventos e reuniões informais, além das reuniões voltadas para alguma montagem. Nas reuniões e ensaios sobre a montagem de uma TECO em cena nº 14

Oswaldo Sanchez Lupinetti determinada peça, mesmo não fazendo parte do elenco, muitos colegas e admiradores apareciam para assistir aos ensaios, prestigiar o grupo e, a partir daí, passaram a ser integrantes do mesmo. Mas tinha um evento que era muito comentado e aguardado por todos... E que evento era esse? Era a tradicional festa de final de ano, realizada sempre num sábado do mês de dezembro. E olha, que festas eram aquelas... Fantásticas! Essas festas foram realizadas nos três últimos endereços citados acima, sendo que foi na casa da Noretta onde permanecemos por um período maior e com maior destaque. Para organizar tais festas, um sábado antes da data do evento, um pequeno grupo (e qua17

se sempre os mesmos) se reunia para uma limpeza geral no local e fazer as adequações necessárias. No sábado seguinte, dia do evento, logo pela manhã esse mesmo grupo voltava ao local para finalizar os preparativos, fazer a decoração, levar aparelhos de som, utensílios para o jantar, bebidas, frutas e outros itens, bem como cuidar dos requisitos finais. Essas festas sempre foram muito animadas, com todos os participantes descontraídos, alegres e todos com fantasias. As brincadeiras eram muitas, a começar pela chegada dos convivas e o impacto e fator surpresa causado pela fantasia de cada um. Também sempre teve o tradicional amigo secreto. Como em todos os eventos, no nosso também havia alguma mudança de um ano para outro. Em face da longevidade do TECO, havia uma renovação e rotatividade entre os seus componentes e, consequentemente, entre os frequenta18

dores dessas festas. Também surgiam os mais diversos tipos de fantasias, novos temas das festas, nos acompanhamentos da gastronomia, etc. Porém, tem alguns itens que nunca mudavam e eram uma marca registrada: a) o churrasco preparado pelo Sidnei; b) a salada feita pelo Augusto Maciel, com um componente sempre presente que era a tradicional manga (cujos ingredientes são: erva doce - maçã verde - manga madura - uva passa branca - creme de leite); e c) a parte musical, sempre a cargo do Nehwilton Queiroz (figura ímpar) e num volume muito alto. Como era uma festa de artistas, é claro que não podia faltar a performance de alguns talentos marcantes, dentre outros, as interpretações musicais e imitações impecáveis feitas pelo Luiz Gattu; pelo César Marchetti, imitando Cauby Peixoto, Silvio Santos, etc.; do Ivan, este uma cópia perfeita na imitação do Ney Matogrosso e os irmãos Vilson e Edson, TECO em cena nº 14

como sopranos, interpretando trechos de ópera. As brincadeiras eram muitas e bem descontraídas. Numa ocasião tinha alguém que não tomava cerveja (a Ângela). Ela perguntou ao Sidnei: “E quem não toma cerveja?”. Nem é preciso imaginar o que Sidnei, já irritado com a garota, respondeu... Então, para não perder a piada, na festa do fim de ano, o colega Dílson Nunes trouxe uma garrafa de cachaça, em cujo rótulo estava estampada a marca “Noku” e era acompanhada de um slogan muito bem elaborado, que continha a frase: “quem não toma cerveja toma “Noku”, em alusão ao fato. As fantasias eram as mais diversas, passando por Faraó, Gari, Bailarina, Boiadeiro, Padre, Odalisca, Papai Noel (num ano apareceram dois), Caixa de Presente, Emília, Cigana, Sereia, etc. Outras eram inspiradas em artistas da televisão e em personagens das novelas da época. Teve até a família TECO em cena nº 14

Adams! Nos idos de 1980, teve a novela Pai Herói, de Janete Clair, que tinha duas personagens em destaque e rivais entre si. Uma delas era a Bailarina Carina (Elizabeth Savalla) e a outra era a dona de uma casa de samba, Ana Preta (Glória Menezes). Pois bem, e não é que na festa daquele ano apareceram essas duas personagens! A Carina e a Ana Preta, fantasias bem humoradas vestidas por Hugo Kail e Douglas Zanei, respectivamente. Roubaram a cena e foram os destaques daquela noite (vide foto). Passados alguns anos, em 2016, uma outra festa foi realizada. Desta vez para comemorar o aniversário de 80 anos do nosso querido mestre Augusto Maciel. Essa festa foi idealizada pela Denise Pereira, sobrinha do homenageado, e realizada em espaço próprio da mesma. Nessa festa estavam presentes parentes e amigos do Augusto, além de vários componentes 19

do TECO. E, estando o TECO presente, não poderia faltar uma apresentação cênica. A cena consistia numa parodia de um ensaio dirigido pelo Augusto Maciel. Para isso, a partir de uma cena criada pelo César Marchetti e escrito por ele e Oswaldo Lupinetti, tendo no elenco: o César, interpretando o diretor Augusto Maciel e, “os atores no ensaio da peça”, Oswaldo Lupinetti, Carlos Marques, Josy Souza, Agnaldo Rodrigues e Arlete Sbrighi. O “diretor” César deu um show de interpretação, usando manias, expressões, chavões, bordões e até palavrões utilizados pelo Augusto nos ensaios. Agradou a todos, mas vale dizer, que o Augusto Maciel foi o que mais se divertiu. E foi documentado em vídeo. Vale ressaltar que nesse evento também foi apresentado um vídeo feito pelo Carlos Eduardo Marques (Carlinhos), contendo a retrospectiva e trajetória da atuação do Augusto Maciel no TECO. Este vídeo, 20

que foi exibido várias vezes num outro recinto apropriado para esse fim, com pequenos grupos de pessoas que o espaço comportava, contempla trechos de várias peças montadas ao longo do tempo pelo TECO e dirigidas pelo nobre diretor. Um belo momento para fechar com chave de ouro, o evento. Oswaldo Sanchez Lupinetti Agosto/2022

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FANTASIADOS

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AGUARDEM MAIS, NA PRÓXIMA EDIÇÃO

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GLOSSÁRIO TEATRAL A

ABRAÇADEIRA: Peça de metal em vários modelos para fixação ou conexão de elementos e peças. Utilizados na amarração de varas e outros equipamentos cenográficos. ACÚSTICA: A qualidade da sala de espetáculos no que diz respeito à transmissão do som. ADERECISTA: Profissional que executa as peças decorativas e/ ou os adereços cênicos do espetáculo. Faz escultura, entalhe, molde em gesso, bonecos etc. ADEREÇOS: Acessórios cênicos de indumentária (figurino) ou decoração de cenários. Objetos de cena. AFINAR LUZES: Depois do cenário estar devidamente posicionado e dispostos os projetores, afinam-se, ligando-os e dando-lhes o ângulo e regulando a abertura (dos feixes luminosos) adequados à 24

iluminação pretendida. Esta tarefa é executada por iluminadores, que dirigem os projetores segundo as indicações dos que estão em cena. AGON: Na dramatugia grega clássica, o Agon ou Ágon refere-se à convenção formal, de acordo com a qual o combate verbal dos personagens deve ser organizado. Daí proto agonístes, protagonista, ou o primeiro a falar; deutero agonístes, o segundo a falar; tríto agonístes, o terceiro a falar, e assim sucessivamente ALÇAPÃO: Abertura do chão do palco, dissimulada aos olhos dos espectadores, para encenar efeitos de aparição e desaparição de atores ou objetos cênicos. ANTAGONISTA: É o opositor, o protagonista às avessas. Muitas vezes, o antagonista é uma só personagem. Outras, podem ser manifestadas por um grupo de personagens de TECO em cena nº 14

um certo grupo. ANTITEATRO: Termo geral que designa uma dramaturgia e um estilo de jogo dramático que nega todos os princípios da ilusão teatral. O termo aparece nos anos cinquenta, nos começos do teatro do absurdo. ANTONOMASIA: Figura de estilo que substitui o nome de um personagem por uma perífrase ou por um nome comum que o caracteriza. (O homem da coragem ao vento - Dom Quixote) APARTE: Falas destinadas apenas ao público e não são ouvidas pelas outras personagens. APOIO CULTURAL: É uma ajuda de custo, como cessão de automóvel para transporte de cenário ou equipe técnica, lanche, hospedagem, etc. Desvendando Teatro (www.desvendandoteatro.com) ARARA: Uma estrutura feita em madeira ou metal, onde se colocam os cabides com os figurinos do espetáculo. Normalmente ficam nos camarins ou nas coxias do palco. Geralmente é feita com dois pés TECO em cena nº 14

laterais ligados no alto por um cano ou madeira arredondada. ARENA: Área central de forma circular, onde acontecem espetáculos teatrais. Palco do teatro grego. Área central coberta de areia, nos antigos circos romanos. Arena (picadeiro): o espaço central do circo onde se exibem os artistas da companhia. ARQUÉTIPO: Personagem que se assume como modelo mítico do imaginário de um povo que está acima de um modelo real. ARQUIBANCADA: Estrutura onde são fixados assentos simples ou bancos para o público. Geralmente utilizadas em espaços alternativos e salas multiuso. ARQUIBANCADA RETRÁTIL: Estrutura telescópica com assentos e encostos dobráveis, que pode ser recolhida até atingir a profundidade de uma fileira. Utilizada para organizar as tipologias cênicas de uma sala multiuso ou 25

teatro black-box. ARQUITETURA CÊNICA: Estruturação e organização espacial interna do edifício teatral, relacionando diversas áreas como cenotécnica, iluminação cênica e relação palco-platéia. É toda arquitetura que se relaciona mais diretamente com o espetáculo. ATO: Divisão externa da peça teatral. Subdivisão de uma peça. Da mesma maneira que um livro pode ser dividido em capítulos, uma peça pode ser dividida em atos. Trata-se de uma convenção cuja principal característica é a interrupção do espetáculo. ATOR OU ATRIZ: É aquele que cria, interpreta e representa uma ação dramática com base em um texto emprestando plenitude física e espiritual com o uso de sua voz, corpo e emoções ao simples texto concebido pelo dramaturgo com o objetivo de transmitir ao espectador as ações dramáticas propostas. ATUAÇÂO: É a denominação 26

dada à arte do ator, e outros artistas das artes cênicas. Consiste em imprimir, por meio de diversas técnicas, ou mesmo da pura intuição, vida e realidade a uma personagem.

B

BALCÕES: Níveis de assento para o público localizados acima da platéia. Geralmente são dispostos no fundo da sala. Podem avançar pelas paredes laterais até a boca de cena, arranjo que é muito encontrado em teatros do tipo ferradura. BAMBOLINA: Pano estreito que tapa o teto do palco, ocultando os refletores. BASTIDOR/COXIA: Espaços de serviço e circulação não visíveis ao público, localizados nos extremos laterais e de fundo do palco, determinando o movimento de cenografia e acesso de atores. As laterais com uma dimensão mínima da metade do palco e o fundo com espaço suficiente para passagem de atores. Desvendando Teatro (www.desvendandoteatro.com) TECO em cena nº 14

Armação de cenário, feita de madeira e pano, por vezes representando um detalhe do ambiente, e que se coloca nas partes laterais do palco para estabelecer, em conjugação com as bambolinas, a âmbito que se quer dar ao espaço cênico. BILHETERIA: Lugar do teatro onde se vendem, trocam ou reservam ingressos para os espectadores. BILHETEIRO: É a pessoa encarregada de vender os ingressos principalmente na bilheteria do local de apresentação e realizar o fechamento do borderô. BIOMBO: Conjunto de dois ou mais painéis/tapadeiras montados em ângulo, autoportantes. BORDERÔ: Do francês “bordereaux”. É o balancete de bilheteria, contendo número de ingressos vendidos, a que preços, convites, etc., em cada apresentação. BURACO: O termo mais comum para definir o espaço vazio que TECO em cena nº 14

se forma na cena quando o(s) ator(es) esquecem ou erram o texto e nada improvisam para preencher. Também forma-se um buraco (ou lacuna) na cena que tem ritmo muito mais lento do que o necessário, como por exemplo, nos diálogos em que os atores esperam muito tempo para dizer suas falas. BURLESCO: Forma de cômico exagerada que emprega expressões triviais para falar de realidades nobres ou elevadas. A epopéia burlesca aparece em França no século XVIII. No século XX, o burlesco encontra a sua perfeita expressão em certos filmes cômicos (ex: Charlie Chaplin). Referências: www.desvendandoteatro.com

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TEATRO AQUARIUS ABRIGOU ESPETÁCULOS MARCANTES COMO O MUSICAL “HAIR”, REVELADOR DE TALENTOS, COMO: TONY RAMOS, ARACY BALABANIAN, SÔNIA BRAGA, ANTÔNIO PITANGA, ANTÔNIO FAGUNDES, DÊNIS CARVALHO, NEY LATORRACA, JOSÉ WILKER, IVONE HOFFMAN, FERNANDO RESKI , ROSA MARIA, ARMANDO BOGUS E OUTROS NOTÁVEIS ATORES.

Antigo Cine Rex e ultimamente Teatro Záccaro) continua abandonado há anos! O prédio está localizado à Rua Rui Barbosa nº 366, Bela Vista (Bixiga).

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